– Presumo que os lobos, sejam os lobisomens, certo? – Ele se virou para mim, ainda apoiado a poltrona, e acenou com a cabeça, indicando que estou certa.

Agora sei duas coisas sobre lobisomens: que lobos se referem a eles, e que prata pode feri-los, matá-los.

– E quanto a alimentação de um vampiro? Sei que é sangue humano, mas quero saber mesmo como funciona, se vocês pegam direto da fonte ou colocam o sangue numa taça e bebem, quero dizer, é a partir de uma mordida que se transforma em um vampiro, ? Então, se for assim, vocês matam a sua presa ou deixam viver, para se tornar mais um vampiro no mundo?

– Esteban e eu, recentemente bebemos de bolsas de sangue, só quando necessitamos mesmo que bebemos direto da fonte – Victor abaixou a cabeça por um instante, e antes que eu pudesse dizer algo, ele continuou. – E não. Não é assim que um humano se transforma em vampiro, podemos morder o humano e não vai acontecer nada, além de ele ou ela sentir dor, devido as presas do vampiro perfurando a pele macia de sua carne – Ele ficou em silêncio, parecendo hesitar em continuar.

– Então, como é que se transforma em um vampiro? – Ele respirou fundo, e, sem mais delongas, eu resolvi me explicar. – Não tenho interesse em virar vampira, só quero saber como evitar me transformar.

– Tem que beber o sangue de um vampiro – Eu me ajeitei no sofá, para ouvir melhor, ele percebeu meu interesse em saber mais e se sentou na poltrona, cruzando as pernas de forma elegante.

"Após beber o sangue de um vampiro, demora alguns minutos até que começa a dor. A dor se inicia no estômago, é como comer algo que te fez mal; você sente uma leve tontura, em seguida são os pulmões que param de funcionar, e é aí que começa o desespero. Você não consegue respirar, o corpo inteiro enfraquece, te obrigando a cair no chão, tudo fica em silêncio, seus sentidos deixam de funcionar, – Nesse instante, Victor olhou para a lareira, seu olhar é de dor e tristeza. – me lembro de ouvir os últimos batimentos do meu coração, antes de apagar.

"Quando acordei, desnorteado, sem saber quem eu era e onde estava, meus sentidos estavam apurados, havia muito barulho na cabeça; o olfato era uma mistura de tudo a minha volta; eu parecia um bêbado ao tentar andar, minhas pernas pareciam diferentes, a visão não ajudou muito, estava enxergando o longe de perto; minha boca estava seca, e a minha garganta arranhava, eu estava faminto.

"Eu me lembro de ficar parado, me apoiando na parede, não sei por quanto tempo fiquei assim, só sei que um determinado cheiro chamou a minha atenção. Foi difícil encontrar de onde o cheiro vinha, e quando consegui encontrar, era uma taça de ouro sobre uma mesa, em frente a janela. Havia um líquido vermelho dentro dela. Algo tomou conta de mim, eu avancei em direção a taça, e só parei quando a luz do sol me queimou, recuei rápido para a sombra.

"Eu pus minha mão na luz dourada que saia da janela, e quando a minha mão ardeu em contato com a luz, eu senti uma dor terrível, até esse sentido foi aumentado. Assim que tirei a mão do sol, ela começou a se curar, fiquei espantado com o que vi. Me lembro de ficar inquieto, meus olhos não saiam da taça e da enorme linha dourada que me impedia de pegá-la e bebê-la. Assim que o sol se foi, eu agarrei aquela taça cheia daquele líquido vermelho, que me fazia perder o controle do meu corpo.

"No instante em que esse líquido vermelho entrou na minha boca, eu senti uma dor na gengiva, levei minha mão a boca e senti dentes afiados nascerem rápido, voltei a beber aquele líquido delicioso. Eu bebi até a última gota, mas não era o suficiente. Eu precisava de mais – Victor olhou sério para mim. – E é assim que se torna um vampiro."

– E depois, o que aconteceu? – Eu estava curiosa demais para pensar se aquelas lembranças o machucavam.

– Depois eu me lembrei quem era e porque estava ali.

Perdoe o Passado | +18Onde as histórias ganham vida. Descobre agora