– Eu só os matei, não me deram outra escolha, e não fui eu quem começou o incêndio.

– Então quem fez isso? – Passo a mão pelo meu cabelo. – Os corpos encontrados, a mulher no beco, os caras no carro, foi você quem os matou também? – Pergunto com medo da resposta.

– Se foi um vampiro que fez isso, não foi eu e nem Esteban – Ótimo. Tem mais vampiros por aí. Onde foi que eu me meti?

– Então, quem foi? – Essa é a minha chance de saber.

– Eu não sei e não quero saber. Não me importo com quem está fazendo isso, e muito menos com quem morre.

Pelo menos não foi ele, mas ainda tem um assassino a solta por aí, ameaçando a vida de todos.

Parei de andar em frente a um espelho enorme, do lado oposto da porta.

– E a Elizabeth? Se importa com ela? – Perguntei, olhando no espelho o seu rosto, surpreso ao ouvir o nome. – O cara do beco não parava de me chamar assim. Lembro-me de cada palavra, do medo que senti dele, da raiva dele por ela. Afinal, quem é essa Elizabeth? Ele parecia odiá-la.

Olho para ele, imóvel.

Eu me viro em sua direção. Ele fecha os olhos e respira profundamente, passa a mão pelos cabelos molhados e abaixa a cabeça.

– Ela era uma vampira do meu grupo – Respondeu, ainda de cabeça baixa.

– Não é mais? – Questionei, curiosa.

– Não – Ele levantou a cabeça e me olhou, triste. – Ela morreu faz muito tempo. Não pude salvá-la.

– Por isso me perseguia? Pensou que eu fosse ela? – Digo abraçando-me.

– Sim – Respondeu, balançando a cabeça. – Você se parece muito com ela.

– Por isso me salvou – Olho para o chão ao dizer isso. É estranho eu ficar triste ao dizer isso?

Ficamos em silêncio e eu o olhei novamente, não tinha reparado antes em como ele está bonito assim sem camisa. Sinto um calor crescer em mim. Viro meu rosto para o lado, resistindo a vontade de tocá-lo, “Meu Deus, o que há de errado comigo? Ele é um vampiro. Ele é perigoso, se controla caramba!”.

 Ele anda até sua cama, onde pega uma camisa e a veste.

– Por que você não me deixou matá-lo? Por que o poupou? – Ele se vira para mim novamente, com a camisa aberta, ainda mostrando seu abdômen.

Seus cabelos ainda úmidos estão molhando a gola da sua camisa azul, desço o olhar devagar até seu abdômen, respiro fundo sentindo minhas bochechas esquentarem, subo o olhar novamente para o seu rosto. Ele está sorrindo?

Um pequeno sorriso, como se gostasse de me ver assim.

– Gosta do que vê? – Perguntou em um tom brincalhão.

Pisco algumas vezes, voltando a outra pergunta que me fez, ignorando essa.

– Eu não quero presenciar mais nenhuma morte. A solução de uma briga não devia ser assassinato.

– Mas ele a machucou e a assustou, ele ia matá-la se eu não interferisse. Ele merecia morrer! – Seus olhos escureceram e sua pele ficou mais clara, eu me afastei para trás, com medo. – Ele merece morrer.

– Então por que não o matou? Por que atendeu ao meu pedido?

– Porque eu vi bondade em seus olhos – Seu rosto começou a normalizar. – E eu vi o medo que você sentia de mim, – Ele abaixa um pouco a cabeça e depois olha para mim. – o mesmo medo que sente agora.

Perdoe o Passado | +18Where stories live. Discover now