Harry deu um suspiro trêmulo, desviando o olhar do lorde das trevas. Foi muito doloroso porque tudo o que ele podia ver era Tom. Isso não era real. Foi apenas um pesadelo. Apenas...

- O que exatamente você está tentando alcançar?- ele questionou asperamente, virando-se para encará-lo depois de um momento.- Mesmo que isso seja um...sonho, ou um encontro mental, ou o que seja, você não pode fazer nada comigo. Só está acontecendo em nossas mentes.

- E a mente é o que nos faz sentir dor.- Voldemort respondeu suavemente, um copo de cristal de uísque aparecendo em sua mão.

- Então comece a infligir isso.- Harry rosnou.- Em vez de agir assim.

Tom...Voldemort apenas sorriu para ele por cima do copo, tomando um gole. Houve uma longa pausa opressiva, que só serviu para deixar Harry ainda mais nervoso.

- Isso te incomoda?- Voldemort perguntou finalmente, os olhos intensos e a cabeça inclinada exatamente como a de Tom faria, parecendo exatamente como Tom só que com as palavras de Voldemort.

- O que me incomoda?- Harry exigiu, com os dentes cerrados, sua cabeça girando.

- Que você só precisa de um rosto jovem e bonito para ter dúvidas sobre com qual de nós está falando?

- Isso não é verdade!- Harry rosnou.- Confie em mim, eu posso ver a diferença entre vocês dois muito bem. Por que a mudança repentina de rosto, de qualquer maneira? Você ficou entediado de parecer tão feio?

- Crise da meia-idade.- Voldemort brincou, embora sua voz tivesse se tornado mais rígida enquanto ele segurava a varinha. A mesma varinha...- Tem certeza? Parece que você levou mais tempo do que o esperado para descobrir que eu não era ele...talvez não sejamos tão diferentes quanto você gosta de fingir.

Harry olhou fixamente para trás, recusando-se a ceder às incertezas que cresciam dentro de seu peito.

Ele sabia a diferença...havia mais diferenças entre Tom e Voldemort do que suas aparências...ele apenas ficou surpreso no início, e um tanto alheio. Ele teve a sensação de que algo estava errado de qualquer maneira...mas ainda era tão difícil olhar para uma réplica maligna de seu...amigo.

A semelhança era alarmante, enervante e obviamente ostentada com o único propósito de ferrar ainda mais com sua cabeça.

O Lorde das Trevas esvaziou seu copo, antes de se levantar, avaliando Harry.

Harry resistiu à vontade de fugir daqueles olhos que pareciam muito com os de Tom na cor, mas tão diferentes no semblante.

Tom tinha um olhar frio, calculista e inteligente, mas os olhos diante dele agora não falavam de nada além de morte.

Voldemort parou diante dele, a varinha girando preguiçosamente em seus dedos. Harry não conseguia mais desviar o olhar, mesmo que quisesse.

- Sua fé nele é impressionante, eu vou te dar isso.- Voldemort disse, baixinho, a varinha arrastando para pressionar contra sua têmpora.

Harry não vacilou e não se afastou, porque qualquer magia realizada neste...sonho...era temporária, não era? Ele também não disse nada em resposta.

- Mas todo mundo tem que acordar eventualmente...quanto tempo você pode aguentar antes que as linhas se confundam? O coração não segue a cabeça.

Um sorriso doentio marcou o rosto de Tom, o rosto de Voldemort, enquanto ele continuava mais uma vez.

- É hora de acordar, Harry. Crucius.

Dor, dor persistente e um aperto esmagador em seus ombros, sacudindo-o com força.

Seus olhos se abriram, arregalados, olhando para o rosto daquele que acabara de torturá-lo enquanto ele ofegava por ar. O que acabou de acontecer? O que é que foi isso? Um sonho? Algo mais?

Por instinto, ele recuou, mas as mãos de Tom se firmaram com mais força para mantê-lo parado.

- Harry, se acalme. Pare...Harry!- Tom sibilou, uma mistura de comando e tranquilização, forte e gentil.
Um paradoxo geral, na verdade.

Seu coração sabia que esse Tom era diferente, percebia pela preocupação bem disfarçada e lampejos de emoção no rosto do outro garoto.

Mas, sua cabeça só lhe daria flashbacks pós-traumáticos do que acabara de ocorrer; uma tela cega e viciosa de agonia em suas pálpebras.

A porta se abriu quando Sirius e vários Weasleys entraram, para ver o que era a comoção.

Harry só podia olhar para eles. E encarar Tom.

Era manhã de Natal.

Merda.

O Favorito do DestinoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora