Primeira parte

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Ok... A moça de cabelos longos e preto diz ao se ajeitar na cadeira a minha frente. Sue , não é? Olho em volta e paro a olhar nos seus olhos, não sei, mas sua pronúncia parece forçada, talvez seja porque ela seja de fora, Coreia talvez? Ela diz "Shoo" como se fosse acertar o americano ou algo do tipo. Não, não. Sue, sua.. algo assim. Digo desviando a atenção para a janela abafada pela chuva de fora, percebendo a penumbra do quarto e a presença de uma sensação confortável. Acho que é proposital.

- Então.. - Acordo do devaneio. O que eu faço? Nunca sei o que dizer nas primeiras conversas com alguém.. Ainda mais agora. Digo. Bom, embora talvez saiba.. eu não sei.. mas vou dizendo mesmo assim, meu nome é nancy, senhorita Nancy anderson. Gostei, ela parece divertida, isso é bom pra uma pessoa introvertida como eu. Ok, oi senhorita anderson, digo seriamente mas com um toque de sarcasmo no fundo. Ela sorri e olha pro papel em sua frente. Eu tenho que dizer algo.

Bom.. então acho que vou começar me apresentando mesmo você já sabendo.. digo ainda olhando a janela.
Tudo bem.. ela diz ainda olhar o papel.

- Me chamo Sue, sue haze gregorieva. Mas já tive tantos sobrenomes que eu nem sei qual é o real.. mas prefiro grigorieva
Bom.. eu acho que eu tô aqui porque.. porque me sinto danificada

Danificada?

É.. Sei lá.. Eu deveria escrever um livro sabe.. embora minha escritura não seja tão boa assim..

Você muda o assunto muito rápido não é mesmo? Ela diz sorrindo.

- Desculpe.. é que eu não sei dizer tudo isso sem parecer babaca.

- Comece do porque você se sente danificada, sue - Dessa vez, ela soa seria.
Eu sei lá.. Talvez por causa da minha mãe, ou talvez seja por causa..

- Por causa..?

Por Roman Godfrey..

- Roman Godfrey.. não é aquele garoto das indústrias godfrey?

- Sim.. mas ele não é um garoto.. nunca foi pra mim..
Eu o conheci muito jovem, acho que eu tinha 15 ou 16 anos..

- Porque ele é o talvez motivo de você se sentir assim?

- Me acharia louca se eu contasse.

- Bom, tente - Ela diz.

Acho que gostei do fato de ela não dizer que não me acharia louca se eu contasse.. e também, não disse que me acharia de um jeito engraçado.

- Eu posso demorar horas aqui contando tudo..

- Apenas conte - Ela sorri.

- Ok..

- Eu tinha 15, 16 anos quando passei a morar com meus pais adotivos, Beatrice e Daniel grigorieva. Dois fogosos da espanha. Divertidos e gentis. Nunca me senti parte disso.. nunca me senti parecida com isso.. eu já sabia que era órfã, sabia que vinha de um lar adotivo, mas não sabia como tinha parado lá, naquele lugar triste e deprimente.

Eu nunca soube como minha mãe era, ou porque tinha me deixado lá. Mas eu de alguma forma sentia-me ligada a ela, sabe.. como se eu fosse parte disso,  parte de algo ruim. Acho que entendo o porquê de eu ter feito o que eu fiz.

"E o que fez?" Ela perguntou usando um tom desconfiado.

"Ah.. depois eu chego nessa parte, senhorita Anderson."

"Posso.. saber um pouco sobre você? Só pra.. me senti um pouco segura pra contar sobre mim.."

"Claro.. o que quer saber?" Seu rosto voltou a ser doce outra vez.

"De onde veio?"

"Ah.. Coreia.."

"Ah sim, e seus pais, como veio parar aqui? E porque seu sobrenome é Anderson?"

"Ah não sei.. Bom, na verdade, meus pais vieram de lá, eu nasci aqui, e meu pai sempre gostou muito daqui, quer dizer.. ele sempre quis morar aqui, e.. então decidiu que eu iria ter dois sobrenomes, song e anderson. Nancy song anderson. Meio que uma citação,  para saber de onde eu vim e para onde eu estava indo. Algo assim."

"Uau.. isso é maravilhoso.." soei sincera.

"Então, sue..?"

"Então, como estava a dizer.. me mudei muito nova pra cá, acho que eu tinha 7 anos. E a única coisa que minha mãe tinha deixado comigo era o meu nome, e seu sobrenome. Uma única coisa que ela me deu."

"Eu era muito raivosa, não sabia bem o que dizer, como devia agir, e se devia confiar em alguém."

"Bom.. meus pais adotivos me descreviam assim.."

"Minha irmã por outro lado, dizia que eu era dramática e birrenta, e sabia dar um grande soco." Sorri com esse pensamento.

"Sarah. Sinto sua falta todos os dias."

"Sarah, sua irmã adotiva?"

"Sim.."

"As vezes, tento entender o porquê ela me deixou ir. Ela não tinha opção. Nem sequer era pelo dinheiro, embora ela tenha aceitado."

"Deixado você ir?"

"Quando meus pais adotivos se foram, ela me contou uma história que eles sofreram um acidente de carro, não lembrava de muita coisa sobre isso, na verdade, de nada, nunca entendi o porquê muito bem..."

"Daí eu apenas segui com a minha vida.., estudei, fiz uma amiga. Kaya, Kaya penélope Ramirez. Mas não conte a ela que te disse o nome do meio dela, ela odeia." Dei risada.

"Também conheci um gentil rapaz.. luccas scammander. Doce e cavalheiro. Eu adorava seu cabelo rosa e seu sorriso alegre. Ele iluminava qualquer lugar que ele fosse. Sinto sua falta também. Mas as vezes.. as vezes esqueço disso.."

"Acho que tudo começou quando Kaya começou a falar de um homem. Que ele era muito alto e tinha olhos assustadoramente lindos. Que havia o conhecido em uma festa" franzi o cenho tentando lembrar.

"Disse que eles apenas se agarraram um pouco e depois ele a levou pra casa."

"Achei esquisito que ela tinha deixado um homem estranho que ela nunca viu antes a levar pra casa. Ele saberia onde ela morava e poderia ter feito algo ruim. Mas.. kaya nem sequer pensou nessa possibilidade.  Ela era louca, mas não tanto pra fazer uma burrice dessas."

"Depois eu entendi.."

"Entendeu exatamente o que?"

"Que ele sabia bem como manipular tudo a sua volta."

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⏰ Last updated: Nov 02, 2023 ⏰

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Doce Melαncoliα🥀Where stories live. Discover now