Erínias

Prólogo

(Alerta:Esta é uma história de ficção, mas possui elementos que podem desencadeargatilhos)

Era uma vez, uma menina comum, vivendo em uma cidade comum do Brasil, seus pensamentos eram como de qualquer menina da sua idade, possuía sonhos, esperanças, receios, iguais a qualquer pessoa na condição dela. Filha de pais dedicados que trabalham muito o dia inteiro para sustentar o seu lar, ela tinha uma irmã mais nova e um irmão mais velho, sem nada em particular que pudesse destacar dos demais.

Até que um dia, todo o seu mundo foi virado de cabeça para baixo, começou naquele fatídico dia, quando chegou da escola encontrou a sua mãe aos prantos chorando com o telefone em mãos, aquelas lágrimas tinham uma razão muito forte de existir, o seu marido acabara de ser assassinado com dois tiros no peito e um, na cabeça. A menina ficou em um torpor estranho, parecia que sua percepção do meio em volta, estava em uma espeça camada pegajosa de tristeza. No velório ela viu os seus conhecidos, parentes e até a sua família chorar, mas ela não conseguia derramar lágrimas, seu pai no caixão parecia estar bem, tirando a palidez de sua pele morena, não aparentava estar morto, mas sim, dormindo.

Pessoas falavam com ela, mas não lembrava o que falavam, só dava respostas automáticas do tipo: sim, não, não sei, entendo, certo, verei. Assim por diante, qualquer um que tivesse prestado um pouco mais de atenção teria notado que, havia algo de errado com a garota, mas tal pessoa não existiu. E assim, deu início ao estado lamentável daquela menina. Esta mesma menina que após dois anos do falecimento do seu pai, teve a trágica experiência do desaparecimento de sua mãe, depois de um dia de trabalho.

Seu irmão mais velho tentou segurar as rédeas da família, mas ele era apenas um adolescente que mal completou 16 anos, por lei o trio de irmãos deveriam ter um tutor para cuidar deles, mas não tinha ninguém que assumisse este papel, então o conselho tutelar achou por bem mandar os irmãos para uma instituição que atende crianças abandonadas, porém, a vida lamentável daquela menina seria ainda mais lamentável, pois, devido a um erro do sistema burocrático e incompetente do conselho tutelar, cada irmão foi separado e mandado para uma instituição diferente.

A menina teve a infeliz sorte em parar numa instituição onde os responsáveis do lugar eram tudo, menos responsáveis. por causa de um esquema de corrupção que existia entre os administradores daquela instituição e os políticos locais, as crianças faziam trabalhos forçados que beiravam a escravidão, fazendo todo e qualquer espécie de serviço, inclusive aqueles que exigiam a destruição de sua inocência, a menina, como tinha uma aparência comum que não chamava a atenção de ninguém, não teve que fazer este tipo de trabalho, contudo, algo dentro dela dizia, que mais cedo ou mais tarde aquilo acontecerá com ela, era só uma questão de tempo.

Por isso, na primeira oportunidade que ela teve, fugiu daquele lugar, conseguiu pegar um pouco de dinheiro, que guardavam no escritório e com esta quantia pagou a primeira passagem de ônibus para a cidade mais distante, que aquele dinheiro permitia comprar, no fim ela conseguiu ir para fora do estado em uma cidade no litoral brasileiro.

Nesta nova cidade ela decidiu em seu coração, que construirá o seu novo lar, depois que tudo tivesse em ordem, correrá atrás de seus irmãos para viver com ela, assim todos ficariam juntos como deveria ser, com isso a menina de uma vida lamentável, trabalhou muito duro, teve sorte em conhecer pessoas que lhe estenderam a mão quando ela precisou, realizou muitas coisas, a menina foi cozinheira, faxineira, garçonete, babá, embaladora de supermercado, entre outras coisas. Ela trabalhava a quase exaustão, mas sempre pensando no seu sonho de se encontrar com seus irmãos, para isso, todo o dinheiro que ela conseguia juntar, guardava para adquirir uma casa confortável para a sua família e com está meta, ela foi diligente, passava fome, passava frio, encarava sol do meio-dia, andava sempre com febre, mas nunca fraquejou, gastava o mínimo possível.