TRÊS: Festa Mágica

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— Sou mais uma mercenária para você? Me usando através da chantagem e...

— Não. — Aziz a cortou para a sua surpresa. — Você é minha heroína.

Foi a única coisa que escapou dele ao chegar à rua da festa. O ar residencial a surpreendeu. A zona mais policiada depois do capitólio lembrava um bairro aconchegante. Se fosse em qualquer outro dia, ela diria que estava sendo levada para uma confraternização de família.

O verde do local também a impressionou. Arbustos grandes, bem chamativos, refrescavam não somente o ambiente como a visão. Jardins bem cuidados para além de uma cerca pequena eram mais evidentes do que a entrada da festa, que estava oculta nas sombras das plantas.

Ela observou o edifício branco e ficou decepcionada. Era pequeno demais para uma embaixada. Por um momento, perguntou-se se o tamanho diminuto era porque representava um país quase desconhecido. Mas os devaneios logo desapareceram quando Aziz abriu a porta para que ela descesse do carro.

Diria para a mãe no futuro que ela parecia a parceira de um espião e imaginou se introduzir como Jane Bond.

Na verdade, mãe, eu sou uma Bond Girl agora, se considerar que Fabian Aziz seja um 007 da vida real.

Sorrindo e dissipando os pensamentos, foi recepcionada por um simpático e gentil africano, em francês, e retribuiu na mesma moeda, impressionando seu acompanhante por alguns instantes. Ao checar o nome deles na lista, ele desejou uma boa festa e deu passagem para que adentrassem em outra nação.

Festa? Olhou para Aziz, mas não pode obter a resposta para a inquisição silenciosa, pois um caleidoscópio de cores inundou sua visão. Tapeçarias tribais decoravam o chão, réplicas de animais típicos do Saara, como camelos, eram expostas em diversos cantos.

Duas escadas nos cantos do saguão de entrada levavam aos andares superiores, ambos fora dos limites para as pessoas comuns, com dois gigantes em cada uma delas inibindo qualquer engraçadinho de se aventurar ali. Diversos dignitários misturavam-se entre si e ela pode escutar membros do consulado recebendo os agradecimentos por alguma coisa bem sucedida.

— General Idrissa Habret derrotou os insurgentes do Estado Islâmico na África Ocidental. — Aziz comentou sussurrando no ouvido. Ele havia mudado de colônia, mas ela não deixava de arrepiar com seu murmúrio e o ar quente das narinas em seu pescoço.

Ele podia ser sedutor, caso quisesse. Ou será que sabia dos efeitos que ele causava nela?

— O presidente quer usar a fama de Habret para conseguir apoio internacional a sua tentativa de golpe. A festa é para comemorar isso.

— E como você conseguiu convite para estar aqui? — Manteve um sorriso forçado em seu rosto, facilmente perceptível para quem prestasse atenção, porém muitos ali haviam aperfeiçoado aquela arte ao nível mais alto.

— Você verá. — Foi sua enigmática resposta. — Siga-me.

Sendo conduzida entre um cumprimento e outro, desviando-se de garçons e garçonetes e navegando pelo mar de pessoas, chegaram na parte de trás da recepção, onde diversas rodas haviam sido formadas. No centro havia uma orquestra tocando para quase ninguém escutar.

Ao contornar o grande palco central da orquestra, ela avistou dois conhecidos. Winston e Yael manobravam por seus próprios círculos, sem dar atenção alguma para Aziz ou ela. Até ameaçou caminhar até a israelense, mas seu parceiro a puxou pelo braço.

— Por mais que sejamos uma equipe, cada um tem sua missão. — Ele entrelaçou o braço dele no dela e puxou uma taça de champanhe. — Cada um de nós deve satisfações as nossas organizações.

O Grande JogoWhere stories live. Discover now