Os Instintos do Amor

Capítulo 02

Durante uma semana inteira, Jake sentiu a rejeição daquele com quem queria estar. Alguns dias após a conversa inicial, todo o clã começou a sentir e ver também. O orgulhoso e conhecido guerreiro não andava mais com orgulho e confiança, na verdade o povo Omatikaya mal o via. Em vez de compartilhar as refeições com o clã, ele ficava trancado em casa. Quando ia caçar, sempre o fazia sozinho. Ele mal ia ao acampamento principal de seu povo e quando o fazia, caminhava de cabeça baixa, olhos baixos e seus movimentos eram lentos e arrastados.

Sempre que Norm, Max ou mesmo Neytiri tentavam fazê-lo falar sobre o que havia acontecido para que pudessem ajudar, eles apenas se deparavam com um olhar vazio e um silêncio incomum que os preocupava mais do que nunca. Finalmente, Mo'at foi trazido à tona na tentativa de ajudar o guerreiro entristecido.

“Bem-vindo, Mo'at.” Jake cumprimentou a tsahík quando ela entrou em sua sala de estar, seu olhar varrendo a pequena área antes de retornar ao rosto dele. Surpreendentemente, ele manteve o olhar em seus pés, como se fossem a coisa mais interessante do mundo para ele.

“Venha, sente-se comigo.” Ela murmurou pegando seu braço e conduzindo-o gentilmente para um assento próximo acolchoado. Eles se sentaram juntos enquanto Mo'at simplesmente esperava, seu olhar calmo observando a postura corporal dele, bem como a maneira como ele parecia se afastar dela. Ela queria perguntar, forçá-lo a falar, mas sabia que era melhor permitir que ele fizesse isso quando estivesse pronto.

Jake respirou fundo, mexendo levemente com os dedos, antes de soltar o ar lentamente.

“Mo'at, por que Eywa me odeia tanto?” Ele finalmente perguntou, voltando seu olhar amarelo-ouro para a mulher sentada ao lado dele. Ela reagiu rapidamente, batendo na testa dele sem avisar e suas orelhas tremeram de surpresa.

“Jake Sully, você é realmente tão skxawng? Eywa não odeia ninguém. Agora, me diga do que se trata tudo isso!"

O caçador soltou um suspiro, abaixando a cabeça novamente e a tsahík começou a se arrepender de suas ações. Talvez ela o tenha pressionado demais? Ele sequer consideraria se abrir com alguém?

“Eu me apaixonei por alguém, Mo'at. Mas ele não retribui meus sentimentos.” O guerreiro finalmente admitiu, lambendo os lábios levemente.

“Ah, Jake. Você deve entender, às vezes isso acontece. Você encontrará aquele que encherá seu coração com tanto amor que você esquecerá disso.”

“Eu não quero mais ninguém.” Ele murmurou suavemente, suas orelhas para trás em frustração, seus punhos se apertaram enquanto ele pensava no que Tsu'tey havia dito a ele.

“Ele me disse que eu não poderia gerar seus filhos. É por isso que ele não me queria como seu companheiro."

A mão de Mo'at encontrou o caminho para um de seus punhos, deslizando facilmente em seu aperto de modo que ele estava segurando a mão dela, a outra mão deslizando para segurar sua bochecha e virar seu olhar de volta para ela.

“Mas não é verdade, é? Você pode ter filhos de quem quiser."

“Como você sabe?” Jake perguntou, seus olhos arregalados de surpresa. “Eu não contei isso para ninguém.”

Um olhar passou pelo rosto de Mo'at e ela deu a ele um sorriso gentil, acariciando sua mão levemente.

“Eywa me disse isso. E estou assumindo que aquele a quem você está se referindo é Tsu'tey, correto?"

Ele acenou com a cabeça, seu olhar caindo enquanto seu olhar ficava triste e cansado.

“Eu vou te ajudar, Sully. Pare de se lamentar. Você é Toruk Makto! Você não lamenta por ninguém! As pessoas estão observando você, observando como você age e reage às dificuldades ao seu redor. Eles sentem sua falta."

Jake sabia que ela estava certa, mas ele ainda não conseguia evitar o espinho de vergonha e tristeza que parecia mexer no fundo de seu coração.

“Você queria me ver, Mo'at?” Tsu'tey hesitantemente entrou na área onde a tsahík estava sentada, misturando remédios que poderiam ser usados ​​sempre que necessário. Ela olhou para ele com uma expressão severa, uma expressão que dizia que ela não sabia apenas sobre ele e Jake, mas que também lhe daria um sermão severo.

“Tsu'tey, você é um guerreiro poderoso, não é?”

“Sou.” Ele respondeu, sentando-se na frente da mulher, sua postura cheia de respeito, tensão e nervosismo.

“E Jake também é um guerreiro poderoso, certo?”

"Ele é."

“Então, por que você o rejeitou?”

A pergunta, embora esperada, pegou o guerreiro desprevenido e ele se remexia nervosamente em seu lugar, sem saber como explicar o raciocínio por trás de suas ações.

“Ele... eu quero filhos, Mo'at. Jake não pode dá-los para mim. Devo encontrar uma companheira que possa."

“Tsu'tey, isso é tudo que é importante para você? Não amor, não a vontade de Eywa, mas filhos? Você não pensou em como Jake se sentiria ao saber que ele foi rejeitado porque você acredita que ele não pode te dar filhos?"

Talvez não fosse isso, mas o caçador imediatamente percebeu a última frase, insinuando o fato de que talvez ele não soubesse algo sobre Jake.

“Ele não pode me dar filhos, Mo'at. Ele é um homem.”

“Sim, um macho que foi criado pelo Povo do Céu.”

A confusão se espalhou como fogo pela mente de Tsu'tey e ele franziu as sobrancelhas, mostrando suas emoções à tsahík. Ela suspirou, revirando os olhos levemente e o empurrou para ficar de pé rapidamente.

“Vá falar com ele. Ele o deixará entrar e esclarecerá a confusão. Porém, para fazer isso vocês dois devem sentar-se juntos em privacidade e conversar sobre tudo isso. Agora vá!"