1 - It's Not Your Fault

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– Respira... está tudo bem agora – Carlos sussurrou no ouvido do Charles e naquele momento foi como se estivesse apertado o gatilho.

  O espanhol sabia que o Charles estava mais frágil do que nunca agora. Por mais que o Charles não gostasse de admitir, o Carlos sabia. Sabia porquê eles já haviam tido muitas conversas, em muitos hotéis, onde os dois estavam sentados no chão, na varanda ou jogados na cama só desabafando e deixando tudo sair. Às vezes levemente alcoolizados, mas na maioria das vezes não. Eles só tinham esses momentos e ambos sabiam que quando eles precisassem, um deles estaria ali para poder dar o suporte que precisavam.

  Foi assim que eles criaram uma base de confiança, foi assim que eles se tornaram mais amigos.

  O monegasco tinha muita dificuldade de se abrir com as pessoas, ele não gostava de falar sobre os seus sentimentos, ele achava que fazendo isso, os tornaria mais reais, mas para o Carlos, as coisas só simplesmente saiam da sua boca e o espanhol nunca julgou ele, muito pelo contrário, ele ouvia com atenção e sempre era um ombro amigo.

  O mesmo aconteceu com o Carlos, quando as coisas deram errado no seu relacionamento, quando ele brigou com o seu pai e quando ele se sentia tão sozinho, que era quase consumido pela saudade de casa. Mas aos poucos o Carlos foi aprendendo que casa nem sempre é um lugar físico e sim pessoas, e ele descobriu que o Lando e o Charles eram a sua casa em race weeks.

  O Carlos sabia, depois de 3 anos sendo parceiro de equipe do Charles, dividindo segredos e lágrimas, que sem ele ali naquele momento, o monegasco se desgradaria e ele se culparia até que se afundasse tanto na sua mente, que ninguém conseguiria lhe tirar de lá.

  O Carlos só viu ele assim uma vez e ele teve pesadelos com aquilo durante dias... os olhos dele... não tinha nem uma fração do Charles sorridente e alegre que ele havia conhecido, e nem nos piores momentos do Charles, ele se tornava o que o espanhol viu naquele dia.

  Eram tantas coisas... e a única pessoa para quem ele contou sobre aquele episódio, foi a sua mãe. Nem mesmo na sua namorada ele confiava aquilo, era tão íntimo... e ele precisava de um conselho, um de verdade.

  A mãe do Carlos tinha dito "terapia", mas o Charles sabia se fazer de louco muito bem quando o assunto eram os sentimentos dele e ele não aceitava quando as pessoas tentavam ajudar ele, a não ser que partisse dele próprio.

  O espanhol agradecia silenciosamente por dessa vez ter chegado cedo, por poder tirar os pensamentos nocivos de sua cabecinha extremamente pensante.

  Ele já sabia o que fazer, uma das suas mãos estava na cabeça de Charles, enquanto a outra acariciava as suas costas. Charles agarrava a cintura dele com força e se escondia na curva do pescoço do espanhol, ali era o lugar mais seguro do mundo para Charles naquele momento, onde nada poderia afetar ele.

  A sua respiração foi se acalmando com as carícias e as coisas foram voltando para o lugar aos poucos.

– O carro... – Charles sussurrou e o Carlos abraçou ele mais apertado.

– Eu sei...

– Se eu não tivesse pisado tanto, talvez...

– Não é sua culpa Charles.

O Charles suspirou voltando para a bagunça, mas dessa vez o lado racional conseguia conquistar mais espaço.

– Eu sei...

– Não é sua culpa – O espanhol fala com mais ênfase no seu ouvido.

– Eu sei – A voz do Charles era baixa, mas eles estavam tão próximos que o Carlos era capaz de ouvir o coração do seu amigo – Obrigado...

UNTIL THE END - C²Where stories live. Discover now