Os sonserinos também assistiram. Ele tentou não ficar constrangido, mas não conseguiu evitar.

- Parem de me encarar, seus pervertidos.- ele retrucou, seu temperamento tenso. A maioria dos sonserinos imediatamente desviou o olhar; Tom simplesmente arqueou uma sobrancelha para ele. Harry o ignorou, entorpecido.

Ele pegou um dos frascos que Snape havia deixado na mesa de cabeceira, engolindo-o rapidamente, fazendo uma careta com o gosto ruim, antes de correr para o banheiro para escovar os dentes e limpar o gosto vil enquanto sua mente clareava visivelmente.

Quando ele relutantemente olhou para o espelho, sentindo os olhos em suas costas, ele viu que Tom havia entrado também e estava encostado na porta, examinando-o. Ele se curvou para cuspir a pasta de dente e enxaguar a boca, sem dizer nada.

- Sobre ontem à noite...- ele começou desconfortavelmente, enquanto Tom perguntava simultaneamente:

- Quando você estará de volta?

Eles pararam, avaliando um ao outro por um momento.

- Você primeiro.- Harry murmurou, feliz pela desculpa. Tom apenas olhou para ele, cruzando os braços casualmente contra o peito. Harry não conseguia superar seu desânimo para insistir.

- Sobre a noite passada.- ele começou novamente.- Sinto muito por...er...chorar. E por, hum, te socar...mas você estava me provocando! E...eu deveria ir, ainda preciso fazer a mala e Dumbledore quer me ver.

- Foi o que ouvi.- afirmou Tom, sem sair da porta. Harry parou na frente dele.

- Provavelmente estarei de volta em alguns dias.- ele ofereceu.- Eu não sei. Depende dos Weasleys.

Harry engoliu em seco em antecipação. Pelo menos ele veria Sirius e Remus. Era um fino forro de prata para uma nuvem negra de tempestade, mas ainda um forro de prata.

Ele se sentiu mal e presumiu que não era porque Snape o havia envenenado. Tom inclinou a cabeça em reconhecimento.

- Vou exigir isso de você.- disse o herdeiro da Sonserina.- E irei procurá-lo se você não aparecer no Natal.- Harry sorriu cansado.

- Devidamente anotado.- ele murmurou.- É melhor você ter me comprado um presente de Natal.- ele fez um último esforço para encontrar a normalidade, na escassa esperança de que o mundo fora do dormitório da Sonserina não tivesse parado.

Era estranho, ele nunca tinha realmente conhecido o Sr. Weasley, e talvez isso tornasse tudo pior. Agora só restava as incertezas, a sensação de que deveria ter feito melhor, de que não tinha absolutamente nenhum direito de lamentar o homem que fizera Harry se perguntar como seria ter um pai.

Os Weasleys iriam desprezá-lo.

- Com licença.- ele disse, suavemente, esperando que isso levasse o outro a se afastar. Tom obedeceu, ainda estudando-o, suas palavras dando a Harry uma leve pausa.

- Escreva-me se tiver algum problema.- sibilou Tom.

Harry não sabia que tipo de problema Tom achava que ele poderia encontrar, ou mesmo se Tom esperava que ele aceitasse a oferta, mas ele abaixou a cabeça concordando.

- O mesmo para você.- ele murmurou.

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Dumbledore estava sentado atrás de sua mesa na mesma posição de quando Harry esteve lá pela última vez. Suas mãos estavam entrelaçadas sob o queixo, mas os olhos azuis brilhavam sérios.

- Harry.- ele cumprimentou, calmamente.- Sente-se.

Cauteloso, Harry obedeceu, os olhos percorrendo a sala. Fawkes piou de forma tranquilizadora.

- Seu castigo por deixar a escola será decidido quando você voltar. Você deve entender que não pode simplesmente ir e vir quando quiser, especialmente em tempos sombrios como estes.

- Existe uma regra contra isso?- Harry retrucou, sentindo a raiva crescendo em seu estômago. O olhar de Dumbledore se afiou com uma seriedade fria.

- Estou apenas preocupado com a sua segurança...onde é que você e o Sr. Riddle foram?

Harry riu sem graça. Claro que era disso que se tratava.

- Onde o Sr. Riddle e eu vamos e o que fazemos é em grande parte da nossa conta.- ele disse, firmemente.- Onde é que o Sr. Weasley foi atacado por uma cobra?

- Você não viu?- o Diretor questionou, olhando para ele de forma penetrante.- Você não consegue mais vislumbrar a mente de Lorde Voldemort?

- Eu não vi.- Harry confirmou, não respondendo a última pergunta.- Você realmente acha que eu teria ignorado o Sr. Weasley se tivesse visto?- ele demandou.

- Às vezes.- Dumbledore disse, suavemente.- Eu não tenho certeza do que pensar sobre você ou o que você faria, Sr. Potter.

Harry desviou o olhar, irracionalmente irritado com o turbilhão de emoções em sua corrente sanguínea. Dumbledore suspirou, inclinando-se para frente, implorando.

- Volte para a luz, Harry. Não está certo estarmos em lados tão opostos.

- Não estamos em lados opostos.- Harry rosnou, seu olhar se voltando para o velho novamente.- Eu quero Voldemort morto tanto quanto você, é você que está nos empurrando para lados diferentes com sua mentalidade Grindewaldiana em preto e branco!- Dumbledore pareceu se encolher, quase imperceptivelmente com a referência ao antigo Lorde das Trevas. A testa de Harry franziu sobre o motivo disso, mas ele continuou independentemente.- Meus métodos são simplesmente diferentes dos seus, eu sou simplesmente diferente de você e você nem sempre está certo.

Dumbledore o encarou neutramente por um momento.

- Você parece muito com o jovem Tom, aparentemente ele é uma grande influência para você.

Harry cerrou os dentes.

- Posso ir?- ele questionou.- Essa conversa não está nos levando a lugar nenhum.

Dumbledore suspirou pesadamente, recostando-se na cadeira mais uma vez, aparentando cada centímetro de sua idade.

- Desejo começar aulas particulares com você, após o seu retorno. Lamento forçá-lo a fazer isso em um momento de luto, mas esta guerra não esperará por nenhum homem, por mais amado que seja. Quaisquer que sejam suas queixas comigo, eu gostaria que você tentasse colocá-las de lado por enquanto.

- Eu já tenho um professor de Oclumência.- disse Harry.

O olhar de Dumbledore brilhou com surpresa genuína e algo mais, antes que ele sorrisse levemente.

- Eu não estava me referindo às Artes da Mente, meu garoto. Agora, eu acredito que os Weasleys estejam esperando por você.

Harry levantou-se da cadeira, reconhecendo a dispensa.

- E Harry...- Dumbledore chamou, quando chegou à porta. Harry não se virou, mantendo-se cuidadosamente controlado.

- Sim?- ele questionou.

- É humano sentir dor e amar, não deixe o Sr. Riddle te dissuadir disso.

Harry ficou em silêncio por um momento, antes de sair, sem falar nada.

Ele chegou à porta de Grimmauld cerca de cinco minutos depois.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now