- Você ainda não percebeu que eu nunca vou te deixar ir?- ele sibilou. Harry ficou parado em seus braços, completamente congelado, antes de relaxar, aceitando.

- Você fica estranhamente afetuoso quando está bêbado.- disse Harry, olhando melancolicamente para o fogo na frente deles. Estúpido...não era o álcool, era Harry.

- E mais facilmente ofendido, se você está pensando em continuar nessa linha de pensamento.- ele respondeu. Harry deu uma risada fraca e sufocada.

- Você é um bastardo.- ele murmurou.- Às vezes me pergunto por que gosto de você.

Tom ficou quieto, bastante curioso para que o outro continuasse.

Ele conhecia as reações de Harry como a palma de sua mão, sabia exatamente quais cordas puxar se precisasse, quais botões apertar, mas não podia dizer que entendia completamente por que Harry era assim. Ele apenas tomou cuidado para memorizar cada detalhe. Tom poderia dizer quando a mente de Harry alcançou sua língua, porque o escolhido ficou tenso mais uma vez.

- Mas como amigo. Porque somos amigos. E eu estou divagando...cale a boca! Lembre-me de nunca mais ir beber com você...eu deveria ir para a cama. Você poderia, por favor, derrubar a barreira mental?

Sempre tão teimoso, mesmo quando estava bêbado.

- Desculpe, querido.- ele respondeu, nem um pouco apologético.- Você está emocionalmente comprometido e, portanto, não aceitarei nada do que você disser como verdade.

Harry estava em silêncio, a cabeça pendendo para trás em seu ombro, o cabelo fazendo cócegas em seu pescoço. Tom não se mexeu. Ele ainda estava esperando, e Harry logo começaria a falar, como nunca falaria se não estivesse completamente exausto e mais do que um pouco embriagado.

Não é como se Tom estivesse tirando vantagem, ele estava apenas usando seus recursos.

- Eu estou sempre emocionalmente comprometido perto de você, então você deveria fazer isso de qualquer forma.- Harry retrucou.

Tom reprimiu um sorriso.

Harry tentou se desvencilhar novamente, mas foi mais uma vez impedido de agir.

- Tom...- ele começou, impotente, antes de cair em silêncio.- Você realmente quer falar sobre o Sr...dele agora?

Finalmente.

- Sim.- ele murmurou.- Vai te fazer bem.

Ele estava falando sério quando disse ao outro que guardar tudo para si iria matá-lo...e ninguém estava matando Harry, exceto ele.

Não que ele realmente se importasse...bem, não muito...era algo sobre Harry.

Harry o fez melhor.

Em algum momento ao longo da linha temporal, o idiota estúpido realmente conseguiu mudar algo nele. Não era visível, mas era aquela pequena mudança que Tom odiava.

Harry suspirou, brincando distraidamente com os dedos que o mantinham preso. Os olhos de Tom se arregalaram ligeiramente com a sensação. Normalmente era ele quem iniciava o contato físico, embora ele fosse bem menos hesitante que o outro.

- Eu simplesmente não posso acreditar que ele se foi.- Harry disse.- E eu não sei...eu me sinto tão culpado...Deus, parece que estou conversando com um psiquiatra...- os lábios de Tom se contraíram levemente.

- Se te ajuda um pouco, não estou fazendo anotações.- não escritas de qualquer maneira.

- Não escritas você quer dizer.- Harry revida imediatamente, fazendo-o piscar, antes de responder.

- Você pode tentar evitar essa conversa, junto com outras conversas, o quanto quiser, mas elas vão acontecer em algum momento.- disse ele, sem saber se suas palavras eram carinhosas ou de advertência.

Ambos. Sempre os dois, com Harry nunca foi tão preto no branco quanto ele gostaria.

- Isso soa ameaçador.- Harry murmurou, quase afundando nele. O álcool estava drenando a energia do já exausto grifinório.- Mas podemos não tê-la agora, por favor? Eu não posso, eu...- Harry ficou em silêncio.

Ele o estudou por um momento, notando o tom de súplica na voz de Harry. Isso o alarmou, embora ele não desse nenhum sinal externo disso.

Harry fez muitas coisas para fugir do que não gostava; ele oferecia distrações e barganhas ou simplesmente permanecia teimosamente calado, às vezes até flertava, mas nunca implorava.

Harry realmente se importava tanto com aquele homem? Isso foi absolutamente patético.

Ainda assim, Tom supôs que poderia permitir esta clemência ao outro. Afinal, ele tinha ido para Little Hangleton, e o jovem lorde das trevas recompensava a lealdade...e Harry era leal, mas não no sentido tradicional.

O garoto seria um terrível Comensal da Morte, por isso ele se absteve de forçar a Marca Negra no braço de Harry. Distraidamente, seus dedos percorreram o antebraço em questão, sua magia piscando em resposta ao suave tamborilar de poder e propriedade sob seus dedos.

Marcas de lágrimas secavam no rosto de Harry, e ele moveu seus dedos até elas. Ele não gostava muito de choro, mas Harry chorava silenciosamente...era, de certa forma, hipnotizante.

- Então você me deve.- ele afirmou, observando com alegria enquanto Harry inclinava a cabeça em aceitação, não se esquivando de seu toque.- E você não vai deixar seu estudo de Artes da Mente para trás.

Harry começou a assentir novamente, meio adormecido, antes de seus olhos se arregalarem.

- Espere...o quê? Não, Tom!- ele começou a discordar.

Tom riu, pressionando a mão sobre a boca do menino mais uma vez para silencia-lo. Parecia ser um método bastante eficaz.

- Chega; não adianta reclamar. Você concordou. Levante-se.

Harry obedeceu ainda protestando, Tom o ignorou com uma facilidade praticada. Eles caminharam, talvez um pouco instáveis, em direção aos dormitórios da Sonserina.

Ah. Certo. Cama. Zevi. Droga. Ele realmente precisava arrumar uma cama própria para Harry. Ele não podia acreditar que nenhum dos funcionários tivesse feito isso.

Ele olhou para sua varinha, então checou mentalmente seus níveis de coerência, antes de suspirar.

Salazar.

Harry também pareceu perceber o dilema, parando na soleira.

- Ah...eu vou, hum, dormir no sofá...

- Bobagem.- Tom dispensou, bruscamente. Qual era o ponto?- Dispa-se, troque de roupa e vá para a cama. E não roube as cobertas.- ele ordenou.

Harry estava parado, os olhos fixos na cama grande.

- Mas as pessoas já pensam que somos um casal.- disse Harry, estupidamente.

- Bem, você já dormiu comigo antes.- ele sorriu. O olhar de Harry disparou para ele, agarrando-se à normalidade com desespero.

- Sim, e isso foi tudo o que nós fizemos!- o outro afirmou, claramente investindo muito esforço em não pensar fora desta conversa atual.

- Não há necessidade de soar tão afobado. Agora mova-se.- Tom instruiu, empurrando o mais jovem para a ação.

- Vou ter um ataque de pânico se não conseguir me lembrar de como isso aconteceu de manhã...- Harry murmurou, presumivelmente em um tom de voz que deveria ser baixo.

Ele conteve uma risada. Harry realmente não deveria lhe dar ideias.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now