Fita frágil

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NT: Alerta de gatilho; tentativa de suicídio e homofobia.

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Sendo sincero, não fazia a menor ideia do porquê tinha parado ali.

Ainda estava em sua busca entre as imobiliárias pelo local perfeito para abrir seu próprio restaurante. O local em que estava trabalhando era legal, tinha um bom salário, clientela bacana, mas ainda assim não era seu negócio.

Desde quando voltou da Europa, cobiçava por esse novo caminho em sua vida que parecia estar com tudo aberto para dar certo. Sua cidade natal o adorava, e quando retornou com um diploma em gastronomia, a notícia rapidamente se alastrou e a torcida para que seu restaurante abrisse logo era grande.

Já tinha visto vários imóveis, mas sempre sentia que tinha algo faltando, então sua busca não seria encerrada até que encontrasse um local que o fizesse se sentir satisfeito para erguer sua própria carreira.

O local em que estava saindo era o mais próximo de ser perfeito. Uma esquina simpática, uma arquitetura em madeira e gesso que realmente lembrava as construções da Itália, uma medida perfeita para ser aconchegante e confortável.

Mas algo ainda cutucava atrás de sua orelha, sem ter certeza exata do que era.

Passava das onze horas da noite quando saiu dali, era o único momento em que o proprietário tinha disponibilidade para apresentar todo o ambiente para si e tirar possíveis dúvidas, então ficou sem escolhas a não ser ir naquele momento.

O mistério que o intrigava agora, era a razão de ter saído do estabelecimento, seguido algumas ruas a pé, e agora estar parado feito uma árvore enraizada na frente da casa de Kaoru, aguardando o nada, planejando ir a lugar nenhum.

Ficou apenas ali, parado encarando os portões trancados que escondiam as luzes apagadas; provavelmente pôr o proprietário estar dormindo.

Relembrou quando o mesmo finalmente teve dinheiro para comprar aquela residência, nem pensou duas vezes para fugir da casa de seus pais. Mesmo não sendo convidado, Kojiro se enfiou no evento e estava presente no momento de pegar as chaves e organizar tudo pela primeira vez.

Sorriu sozinho com aqueles momentos voltando para sua memória. Um dos momentos raros em que conseguia ver o Sakurayashiki sorrindo de forma genuína, com um olhar grato e satisfeito. Desde quando voltou da Europa, aquele sentimento se mostrou ser uma raridade na vida do rosado.

Não sabia a razão, mas do jeito que sua mente estava rodando a fita, pretendia passar mais um bom tempo sorrindo bobo olhando para a residência. Sem fazer nada, apenas continuar trocando as fitas em sua cabeça, todas envolvendo Kaoru e ele.

E de fato iria continuar parado ali feito uma estátua, se não fosse por um estrondo. Um barulho alto veio de dentro da casa, como uma pancada ou uma queda.

Ficou em alerta com o barulho, como já estava ali, achou melhor descobrir o que poderia ser.

Tocou o interfone uma vez. Duas vezes. Oito vezes. Sem retorno.

Tentou ligar no celular do rapaz uma vez. Duas vezes. Quinze vezes. O aparelho estava desligado.

Começou a se desesperar. Todas as luzes estavam apagadas, mas tinha uma janela aberta que entregava a presença de alguém presente na casa. Genuinamente esperava que fosse apenas o morador lá dentro.

Olhou para os lados, certificando que não havia ninguém, quando finalmente se escorou onde conseguia e pulou o muro da residência, indo direto para a janela aberta e invadindo a residência, procurando algum interruptor para acender a luz.

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⏰ Last updated: Apr 02, 2023 ⏰

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Gorila estúpido, se apaixonou pela cerejeira?Where stories live. Discover now