Conhecemos a família um do outro, o seu pai não gostou de mim - e eu confesso que também não gostei dele. Já a sua mãe, me acolheu como uma filha, fiquei arrasada quando ela morreu dois meses depois. Foi em um assalto, que na verdade foi um disfarce para uma vingança de um ex-cliente insatisfeito de Cristian.

Minha família e eu lhe demos muito apoio, naquele momento difícil. Louis até chegou a morar conosco, por um tempo.

Depois do que aconteceu com a sua mãe, Louis largou a faculdade de artes cênicas e decidiu seguir carreira na polícia.

Nos separamos quando ele se casou com uma médica, Josie, e ela decidiu se tornar cirurgiã ortopédica e teve de se mudar para que sua especialização na área fosse a melhor. Eles não me contaram para onde iriam.

A última vez que os vi, foi antes do meu acidente de carro há dois anos. Fiquei sabendo que ele se mudou para essa cidade, mas ainda não nos vimos. Cheguei a ir varias vezes na sua casa antes, mas não tive coragem de bater na porta.

Finalmente cheguei na sua casa. Uma casa branca de dois andares, com uma varanda, e uma garagem para dois carros.

Cheguei, fui até a porta, toquei a campainha, esperei e nada. Toquei-a novamente, nada. Não me contive e bati na porta, com minha mão boa. Bati várias vezes.

– Já vai! Já vai! – Foi o que obteve em resposta. Acho que o irritei.

Assim que Louis abriu a porta, pude ver em sua cara uma certa surpresa em me ver.

– Sarah?

– Oi – Disse em um tom baixo. – Lamento pelo seu pai. Eu posso entrar? – Ele fez que sim com a cabeça e estendeu a mão, como um convite a entrar. Sua sala estava um tanto bagunçada, desleixada, parecia que não era arrumada a um bom tempo, roupas jogadas no sofá, calçados largos no chão. Pelo menos não tinha pratos sujos na mesinha da sala.

– O que você quer aqui, Sah? – Louis me perguntou, um tanto ríspido, assim que fechou a porta.

– E-Eu – Me viro, e olho bem para ele. – Estou passando por algo estranho e um pouco assustador, na verdade, bastante assustador pra mim. Preciso desabafar com alguém e, queria ver como você está – Recebo um silêncio como resposta. – Olha, eu sei que não estamos bem agora, mas será que podemos deixar isso de lado, por um tempo? Você é a única família que eu tenho, e você é a única pessoa que não vai achar que estou maluca, porque eu acho que estou ficando maluca – Eu disse não segurando mais as lágrimas.

– Ei, ei, ei – Louis disse vindo em minha direção, me abraçando. – Tá tudo bem, você sabe que pode me contar o que quiser, Sah, é a minha irmãzinha – Ele dizia enquanto afagava o meu cabelo, o que me ajudou a parar de chorar.

Em meio ao abraço, eu o apertei tão forte, que o corte em minha mão começou a arder, obrigando-me a soltar um "ai".

– Tá tudo bem? O que aconteceu com a sua mão? – Ele se afastou do abraço, com minha mão machucada em suas mãos. –..Bom, deu sorte que eu tenho um kit de primeiros socorros e sei bem o que fazer, já que parece que você não.

– É um curativo provisório – Eu disse, enquanto enxugava minhas lágrimas e íamos a cozinha. – Eu só tinha esse pano a minha disposição, já que não tenho um kit de primeiros socorros e... – Brinquei, enquanto andava até a cozinha e Louis pegava o kit num armário acima da pia, eu retirei a bolsa do meu ombro, a colocando em cima da mesa.

– E?

Desviei o olhar assim que ele se virou, hesitando em responder, por medo do que Louis iria dizer, dando um de irmão mais velho protetor - apesar de termos a mesma idade. Olhei para a minha mão, desenrolando cuidadosamente a toalha.

Perdoe o Passado | +18Where stories live. Discover now