o que morreu não permanece morto.

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- Innie, a vovó se foi.

Foi o que Chan disse ao telefone para o irmão mais novo há uma semana.

Jeongin teve de se segurar na bancada da cozinha do namorado, pois pensou que iria desabar quando ouviu aquilo.

Ele tinha saído de casa para passar o fim de semana no apartamento de Seungmin, se dando um descanso merecido da semana de provas da faculdade quando atendeu a ligação de Chan.

Num primeiro momento, o Bang mais novo não entendeu direito o que o irmão queria dizer com aquilo, até porque Jeongin sabia da saúde de ferro de sua velhinha favorita do mundo.

Mas aquela dor com a qual Chan falava, como se estivessem pregando uma estaca em seu coração, aquilo só podia ser verdade, infelizmente.

- ela caiu no jardim semana passada e quebrou o fêmur, fez uma cirurgia, mas a saúde dela ficou debilitada depois. Ela foi muito forte, mas não resistiu. A vovó se foi.

E então aquelas palavras o atingiram como um soco na cara. Por alguns minutos ele não soube o que dizer, como reagir, ou o que fazer.

Chan continuou falando sobre onde o corpo seria velado, onde ocorreria o enterro, enquanto Jeongin sofria em silêncio, sentindo os caquinhos de seu coração caindo no chão junto com as lágrimas.

- vou comprar uma passagem para Busan. - ele respondeu baixo, com a voz embargada, e Chan apenas pediu que ele se cuidasse.

E agora eles estavam ali, cinco dias após o enterro, Jeongin ainda parecia processar a perda lentamente, sentado no banco do jardim da casa que era da doce vovó Bang.

Sua família estava reunida em volta da mesa debatendo sobre algo, onde eles costumavam realizar os almoços de família no Natal, quando todos podiam se reunir. Jeongin continuava olhando para o lugar vago na ponta da mesa, enquanto todos os outros continuavam ali conversando.

Bem, quase todos, pois Chan olhava para o irmão inconformado no jardim, e Jeongin sabia que estava sendo observado. Ele sabia também que Chan iria se sentar ao seu lado, e não demorou muito.

O Bang se levantou da mesa, pedindo licença aos familiares para ir até Jeongin.

- você volta neste fim de semana pra Seoul? - Chan puxou assunto com Jeongin.

- sim, o Seungmin disse que eu poderia ficar o tempo que eu precisasse, mas eu ainda tenho a faculdade também... - ele respondeu sem ânimo, olhando para seus primos mais novos.

Haviam três crianças ali brincando no quintal, os netos mais novos que nem imaginavam o que houve, não entenderam o que significava ir morar no céu. Não era como se a vovó tivesse feito as malas e saído de sua cidade natal para morar fora, mas foi o que eles entenderam.

Como se vovó tivesse feito igual Jeongin: saído da cidade para construir uma nova vida. E Jeongin ficou longe esse tempo todo, centrado em sua faculdade, seu namoro, seus novos amigos e agora tudo não parecia valer de nada, pois ela nunca o veria se formando, ou se casando.

Jeongin desviou para o jardim, porém não tinha um lugar naquela casa que não fosse doloroso de olhar. Vovó amava aquele jardim tanto quanto amava sua família.

Ele respirou fundo e engoliu o choro antes de perguntar:

- Chan, porque você não me contou que ela estava mal? - Jeongin deu uma pequena pausa e voltou a falar - você sabe que eu teria vindo...

- justamente por isso que antes de ir pra cirurgia, vovó me pediu para que não contasse pra você.

- Chan, eu não via ela tinha três anos. - Jeongin responde, vendo seu esforço para não chorar sendo inútil àquela altura - ela sempre me pediu para seguir meus sonhos e eu ouvi tanto, que esqueci de voltar pra cá.

you're alive in my head | jeongchanWhere stories live. Discover now