Capítulo 2

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__Anna, acorda, já está quase na hora! Vamos lá!
Eu estava tão sonolenta que precisei usar todas as minhas forças para abrir os olhos. Já André estava com a energia de dez crianças.
__ É melhor você correr, senão terá um aniversário terrível. Disse André enquanto corria alegremente na minha frente.  
Levantei-me e saí correndo para fora do jeito que estava: descalça, de camisola e completamente descabelada.
Lá fora, ainda estava escuro, o frio era cortante e não se ouvia nada além de nossas vozes e os sons suaves da floresta.  
__Será que dá pra esperar? Estou congelando, mal posso me mover _ reclamei.
"Deixa de ser fraca, Anna", provocou André. " Cadê seu espírito de Ande?".
"Deve ter ficado na cama", respondi ofegante.
Enquanto subíamos a colina, já podíamos ver os primeiros raios de luz invadindo timidamente toda aquela terra, anunciando a chegada do nosso aniversário. Todos os anos, no nosso aniversário, André e eu subíamos a colina para assistir o primeiro nascer do sol com nossa nova idade.

Ficamos sentados ali por um tempo, admirando a paisagem e sonhando com o futuro, até o dia clarear completamente.

   "Não acredito que subiram a colina nesse frio e vestidos desse jeito. E ainda por cima descalços! Por acaso querem adoecer no dia do aniversário de vocês?", Reclamou a mãe.
"Desculpa, mãe. É que hoje nós nos atrasamos por culpa da Anna, que não queria acordar. Então, saímos com tanta pressa que nem conseguimos nos vestir direito e acabamos deixando os sapatos em casa", explicou André. "

A mãe suspirou, olhando para os filhos com uma mistura de amor e preocupação. Ela sabia que eles eram jovens e cheios de energia, mas também sabia que precisavam cuidar da saúde. "Bom, já que estão aqui, vamos aproveitar o dia. Vou preparar um café da manhã quentinho para vocês." Disse ela, com um sorriso reconfortante.
Os irmãos concordaram com a cabeça, aliviados. Sabiam que a mãe sempre cuidaria deles, mesmo quando faziam besteira. Enquanto esperavam pelo café, olharam novamente para a paisagem lá fora, que agora brilhava com os primeiros raios de sol.

  Depois de recebermos um abraço caloroso do nosso pai, ele nos entregou uma caixa envolvida em um papel de presente colorido. Era uma tradição nossa, todo ano no nosso aniversário, ele nos presenteava com algo que pudesse nos ajudar nas nossas aventuras ao ar livre.   __Espero que gostem. É um presente especial esse ano. ___Disse nosso pai com um sorriso no rosto.                           Ansiosos rasgamos o papel de presente e abrimos a caixa. Dentro dela, havia duas mochilas novas, cada uma com nossos nomes bordados.                        __Uau! Que demais, pai!__ Exclamou André, maravilhado com o presente.           
__Muito obrigada, pai! __ Disse eu, emocionada.   
Nós amávamos mochilas novas, principalmente as que tínhamos recebido de presente do nosso pai. Ele sabia exatamente o
que precisávamos.

__ Vocês gostaram mesmo? __ Perguntou nosso pai, com um ar de satisfação.                 
__Sim, claro que gostamos! __ Respondemos em
uníssono.      
Nós dois sonhávamos em fazer grandes expedições pelas montanhas da Patagônia, explorar lugares que nunca havíamos visitado antes e desbravar novos territórios.  

__Um dia ainda vamos escalar o Monte Fita Roy!__ Disse André, animado.  

__E vamos fazer um trekking pelo Glaciar Perito Moreno também! __ Complementei, empolgada.                                   

Nosso pai sorriu e nos encorajou a continuar sonhando. Ele sempre acreditou em nós e em nossas capacidades. Depois do café da manhã, nós nos despedimos dos nossos pais e fomos para a nossa caverna secreta, para continuar comemorando nosso aniversário.                       
    Ao longo do dia, exploramos a floresta, contamos histórias e conversamos sobre nossos sonhos. À noite, acendemos uma fogueira e olhamos as estrelas, até que caímos no sono. Era um dia perfeito, que nunca esqueceríamos. E mal sabíamos nós que esse seria um dos últimos dias em que estaríamos juntos, antes de tudo mudar.

Todas as minhas almas gêmeas Where stories live. Discover now