Testando os limites

That's a modern fairy tale, no happy endings.

Ok. Eu admito. Não era uma boa ideia fugir de casa às exatas 1:30 da manhã para ir à uma festa de penetra com uma amiga. Mas sabe? Ultimamente eu não ando tendo ideias melhores... E sair com Amanda talvez, repito, "talvez" conseguiria aumentar a minha auto-estima em estado catastrófico depois de uma granada de amor não correspondido.
Não sei como e nem por quê, Amanda consegue me tirar os risos mais verdadeiros e sempre consegue tirar um grande peso dos meus ombros além de aguentar minhas infinitas e diárias crises existenciais. No fundo, no dia que conheci Amanda, eu sabia que seríamos mais que conversas na sala de aula e gêmeas de mochila da "Moranguinho". Estava eelembrando todos os meus momentos que passei ao lado da Amanda nesses 6 anos enquanto terminava de retocar meu batom heroine que tinha ganhado de aniversário do meu melhor amigo José. Ele é do tipo sincero, está sempre ao meu lado e adora apertar minha barriga só para me irritar. Ah, ele é também, o cara de quem Amanda gosta. Porém esses dois mais brigam do que falam. Eles me lembram muito meus pais.

- Acorda, Let! - gritou Amanda enquanto jogava uma pedra na minha janela para dizer que tinha chegado.

- Já estou indo, Amanda! Cala a boca, são quase 2 da matina! - falei enquanto atravessava a janela do meu quarto. Esse era um dos pontos positivos de ter o quarto no primeiro andar.

- Vish, na próxima vez nem te levo para a festa então. - ironizou Amanda.

- Nem vem sua vadia, você só está indo porque o José vai e me quer alguém para te fazer companhia. - falei rindo enquanto nós duas seguíamos em direção à festa que ficava a menos de 800 metros dali.

- Ok, ok. Mas o Lucas vai. - falou Amanda com um sorriso esbeldante.

- Tá brincando né? Por que você não me avisou antes???- falei.

- Porque você não viria se eu te falasse. Você deveria conversar com o Lucas e falar tudo o que sente para ele. Além do José, ele é seu melhor amigo. - dizia Amanda enquanto tentava não pisar nos buracos com seu salto Loubutan 15.

- Exatamente, Amanda! Ele é um dos dois melhores amigos que tenho! Não quero perdê-lo. Isso pode estragar tudo. Não quero arriscar. O Lucas pode ser a pessoa mais delicada e sensível que eu conheço mas não quero arriscar isso por um sentimento incerto. A resposta é não e ponto! O Lucas não vai saber! - expliquei enquanto Amanda me compreendia.

- O que eu não vou saber? - falou alguém.

Putaquepariu. Puta que pariu. Puta- que- pariu. Como não me dei conta que já haviamos chegado na frente da festa e Lucas estava do lado de fora? Com uma vodka na mão, claro. Ele provavelmente estava ligando para seu pai e falando que vai dormir na casa de um amigo. É o que o Lucas sempre faz quando quer ficar bebâdo. Mas eu não considerava isso um defeito dele. Na verdade, todos os defeitos deles para mim eram perfeitos. Ele sempre reclama do cabelo, e eu adoro quando ele me deixar fazer cafuné nos fios castanhos escuros dele. Ele reclama que tá engordando, mas o tanquinho dele está em perfeito estado. Ele reclama que a voz dele está rouca demais, mas aquela voz me faz perder a cabeça com apenas uma frase. E aquele olhar, aquele olhar. Não preciso falar mais nada. Ponto. Simples assim. Eu me perco só de encarar por minimos segundos aquele olhos azuis. Mas por quê ele? Eu, Letícia, uma garota de 16 anos estou perdidamente apaixonada por um de meus melhores amigos. [Pausa dramática] Coração, está escutando? Eu e você estamos oficialmente em guerra!

- Ah, oi-oi Lucas, então eu tenho que ir pra longe, opa, para lá, para algum lugar. Quer saber? Vou procurar o José. É é- é uma boa ideia. - Amanda falou nervosa enquanto deixava eu e Lucas a sós.

- O que aconteceu com ela? - falou Lucas rindo com seus dentes brancos e perfeitos.

- Vai saber. É a Amanda, lembra? - ironizei.

Ele riu.

- E o que aconteceu com você? Letícia em uma festa? Não vejo isso todos os dias. - falou.

- Idiota. - dei um soco de leve em seu braço. - Tenho que recompor minhas forças, isso significa que preciso ficar bebâda e você não vai me interromper, tá bom? - falei puxando a garrafa de vodka da mão do Lucas e virando-a em minha boca, goela abaixo.

- Epa, calma aí, Let. Não gosto dessa ideia. Odeio quando você bebe. - ele falou triste.

Fiquei à 1mm da boca dele e falei:

- Não tem nada para se preocupar. - e entrei na festa dançando e peguei várias bebidas.

- Puta que pariu, vai ser uma longa noite. Calma aí, Let! Me espera! - falou Lucas indo atrás de mim.

2:47 da manhã

- Eu não preciso de guarda costas, mas obrigada. Já pode ir agora. - falei e virei mais um copo de vodka. Bom, digamos que eu já nem sabia o que estava saindo da minha boca naquele momento. Digamos que eu estava levemente alterada.

- Você está bebâda, Let! Não vou deixar você sozinha com um monte de homem bebâdo aqui que tão loucos para foder com qualquer garota. - Lucas resmungou.

- Você sempre bebe, por que eu não posso? Machista! Machista! - começei a gritar. Ainda bem que a música estava bem alta.

- Let! Eu bebo mas porque estou acostumado! Olha para você, daqui a pouco vai está vomitando a festa toda. Vou te tirar daqui! É sua quinta garrafa de vodka! - prosseguiu o Lucas irritado.

- Ui! Você tá muito estressado! Tá precisando de beijo! - falei enquanto ele me guiava para saída.

Lucas não falou nada e me colocou em seus colos.

- Ai Let! Oh menina pequena que dá trabalho ein! - ele falou rindo.

- Eu não sou baixinha. Tenho 1,56. - resmungei apoiando minha cabeça nos ombros sedosos de Lucas.

Chegando em frente à minha casa, ele abriu a porta com cuidado para não acordar meus pais e seguiu direto para meu quarto afinal ele já conhecia esse casa como se fosse a dele.

- Prontinho. Daqui a pouco vou começar a cobrar pra ficar de olho em ti ein. - Lucas falou ironizando.

- Você ainda não pode ir embora! Dança comigo! - falei colocando uma música no meu celular e começei a fazer quadradinho.
- Letícia Gringer Silva! Você é hilária, bebâda! Só não filmo porque estou sem bateria! - Lucas falou sem parar de rir.
- Vamos, dança comigo. Vou te ensinar a pegar os gatos na balada. - e eu o puxei.

Dançamos até 4 da manhã. Até que eu peguei no sono e Lucas não resistiu a minha cama toda arrumada e dormiu comigo. Como amigos, claro.