Correndo atrás de uma cretina

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Na noite daquele mesmo dia, por volta das 8 horas, Bora estava fazendo seu chá de camomila que apegou-se a preparar e beber todos os dias antes de ir assistir os episódios de sua série favorita ou ler algumas páginas de um de seus livros, a fim de relaxar e ter uma noite de sono decente. Mas, no instante em que apagou a boca do fogão, a luz da sua casa se apagou e a escuridão tomou conta de todo o ambiente. Ficou perdida. Será que tinha faltado energia nas outras casas ou era algum problema no registro? Largou o cabo do papeiro em cima do fogão e apanhou o celular no bolso do shortinho que usava. Por sorte andava junto do aparelho — dificilmente o largava sozinho —, portanto, acendeu a lanterna e essa foi a maneira como conseguiu não tropeçar em nenhum dos móveis da casa.

— Que lasqueira, foi mesmo falta de energia! — Concluiu a suspeita quando, ao pisar os pés na calçada, observou a rua totalmente no breu, sendo iluminada apenas pelo brilho da lua cheia que adornava o céu naquela noite. — Esse dia não poderia ter acabado da melhor forma. Que droga. — Olhou para a tela do celular desnorteada e imaginando que demoraria muito até repararem o problema da falta de luz e que, provavelmente, acabaria dormindo por não ter nada para fazer ou ninguém com quem pudesse conversar. Mas o que lhe pegou de surpresa, foi reparar que a bateria do celular estava dando seus últimos suspiros de vida e que logo lhe daria adeus, fazendo-a lembrar que não havia comprado velas na última compra e que não restou nenhuma da caixa anteriormente usada. — Porra… Será que a Minji Unnie tem velas sobrando? 

Sem pensar duas vezes, correu para a casa da vizinha. 

— Minji Unnie? — Gritou. — Por acaso tem alguma vela sobrando para que possa me emprestar? 

— Não tenho, não. Eu tinha apenas uma de resto e vai servir para mim e as crianças. — A mulher falou desconsolada e com pena da vizinha. — A Gahyeon ainda não voltou da casa da tia dela? 

— Não, ainda não. Mas talvez ela até durma por lá — Verificou novamente a carga do aparelho, vendo que não demoraria para que ele desligasse; tinha que se apressar. — Sabe se a Dami está em casa? 

— Ela saiu mais cedo para ir fazer comprar no supermercado, já que ela acha o mercadinho aqui perto muito careiro pro seu gosto. — Mordeu os lábios, avaliando o rostinho de Sua e intercalando entre a vontade de lhe dizer a ideia que passou por sua cabeça, ou apenas se manter calada e deixá-la ficar no escuro. Não… se os papéis estivessem invertidos, gostaria de ouvir qualquer solução que lhe fizesse sair do sufoco. — Por que não pede para Lee Siyeon?

— Quem diabos é Lee Siyeon? 

— Ora quem… a vizinha na qual você estava chamando de cretina hoje mais cedo. — Cruzou os braços desacreditada. Sua sendo a mulher mais fofoqueira da vizinhança, abrindo os ouvidos como dois cones de sinalização e os olhos como duas petecas, ainda não tinha descoberto o nome da mulher que mais lhe trazia ódio? Estava devidamente impressionada. — Gahyeon não está aqui, Dami também não. Eu não posso lhe emprestar e com certeza a galerinha que fica mais ali pra baixo não irá lhe emprestar por razões que você sabe muito bem. — Sua concordou, lembrando-se da arrogância presente no coração daqueles desumanos que moravam mais na descida da rua, formando uma espécie de concentração maquiavélica e abominadora de crianças, música alta, roupas curtas, carros de som e qualquer resquício de felicidade; aliás, sempre achou que a mulher (que agora poderia chamar de Lee Siyeon), deveria ter comprado uma das casas mais perto do grupinho ridicularizador, pois suas personalidades coincidiam perfeitamente. 

— Eu me recuso — Também cruzou os braços, imitando a mais velha. — Eu prefiro ficar no escuro e ser comida pelos mosquitos a ter de pedir um favor para essa fulana. Aliás, não lembra o que ela fez com a tua filha? Ela passou pela menina e nem ajudou a pobre a se levantar… coitada, vai carregar traumas desse dia para o resto da vida e tudo por culpa dessa Lee Siyeon. — Choramingou, enfatizando o choro falso ao cobrir o rosto com a palma da mão.

No Escurinho Do Beco (dreamcatcher!suayeon)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ