Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 9

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Me olhei no espelho pela quinta vez desde que vesti essa fantasia. Eu não conseguia me sentir... bonita. Estava esquisito, talvez por que eu nunca usei uma fantasia na vida. Nunca fui convidada pra festas, e muito menos festas a fantasia.

Respirei fundo pelas vigésima vez tentando afastar o nervosismo. Eu ainda tenho muito medo de pagar mico e ser zoada por todo mundo.

Na noite passada eu tive um pesadelo onde eu andava pelos corredores da escola e as pessoas falavam coisas horríveis e riam de mim. Só de lembrar eu sinto meus pelos todos se arrepiando.

Fechei os olhos tentando não pensar nisso, e me olhei de novo arrumando as tranças que minha mãe tinha feito pra mim.

Tudo bem, Alice. Vai dar tudo certo.

Sai da frente do espelho finalmente, e fui em direção a minha cama pegando meu celular que apitava sem parar. Respondi as mensagens brevemente e levantei saindo do quarto.

Quase fiquei cega quando abri a porta e um flash de câmera fotográfica piscou na frente do meu rosto. Tapei o rosto com as mãos sentindo minha vista doer.

- Aí meu olho!

Ouvi a risada dos meus pais e mais flashes.

- Você está linda, filha. Como se sente indo a sua primeira festa a fantasia?

- Se eu conseguir sair de casa sem ficar cega.

- Aí que coisa mais linda!

Minha mãe disse segurando meu rosto e beijando minhas bochechas várias vezes. Eu fiz uma careta quando ela me soltou e limpei as bochechas.

- Que orgulho, sua primeira festa a fantasia.

Meu pai disse me abraçando de lado. A melosidade dos dois estava me assustando.

- Será que eu posso sair antes que vocês fiquem me abraçando e me façam desistir?

- A gente só está feliz por você filha. Que mal humor.

- Se anime, vamos logo que eu vou te levar.

Minha mãe me puxou pela mão e beijou minha bochecha de novo. Nesses momentos eu odeio ser filha única.

Parei por alguns segundos pensando em várias coisas que podia dar errado.

E se eu estiver ridícula? E se for como na cena da festa a fantasia de meninas malvadas e eu estiver parecendo uma doida? E se todos forem "sexys" enquanto eu pareço uma criança que a mãe arrumou?

- Espera... eu... eu não sei se eu quero ir.

Soltei de repente, meus pais pararam de falar e me olharam surpresos.

- Por que?

Meu pai perguntou tocando meu rosto e me olhando nos olhos.

- Está sentindo algo? Dor de cabeça? Dor de garganta? Ânsia de vômito?

- Não... eu só... deixa pra lá.

Tirei as mãos dele do meu rosto e passei reto seguindo pra garagem. Eu preciso enfrentar meus medos, não posso ficar me escondendo sempre.

- Ei, Alice! Volta aqui!

Minha mãe me seguiu até o carro e quando me alcançou ela tocou minha mão me fazendo olha-la.

- O que aconteceu, filha?

- Nada, foi só um momento.

Eu disse soltando a mão dela e abrindo a porta.

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