Clara é a melhor jornalista da Fihan desde que chegou, há uma semana que ninguém consegue tirar este seu posto. Além disso, ela é a preferida do chefe. Porém, eu estava determinada a ganhar dela dessa vez.

– Nossa, muito obrigada pela força e positividade Isa, me motivou muito, mesmo – Respondi sarcasticamente. – Se você não se importa com isso, eu sim. E você pode ter um pouquinho de razão em relação a Clara, só um pouquinho, mas eu vou tentar ganhar dela. Então se me der licença, vou às ruas em busca da minha promoção.

– É isso ai amiga, gostei de ver – Isabela falou, me aplaudindo. – Mas posso saber aonde você irá encontrar essa sua promoção? – Ela perguntou, me olhando seriamente nos olhos, encerrando os aplausos.

– Sim, na delegacia. Pretendo conseguir primeiro uma entrevista com o delegado, sobre os corpos e como anda o caso dessas mortes misteriosas.

Hum, você parece saber o que faz, Sah – A maioria dos meus amigos me chamam assim.

– Eu sei mesmo. Agora, com a sua licença, vou conseguir a minha matéria. Me deseje sorte.

– Boa sorte, mas fiquei sabendo que o novo delegado é casca grossa.

– Veremos – Brinquei.

– Que isso? Mal chegou e já tá de saída? – Tom comentou ao passar por mim. Ele cuida da área dos esportes. Um moreno muito gentil.

– Hoje estou produtiva – Sorri para ele.

Saí da Fihan e segui para a delegacia, por sorte não peguei muito trânsito.

Estacionei o carro em frente ao departamento. Assim que entrei na delegacia, avistei uma policial na recepção.

– Olá, eu posso dar uma palavrinha com delegado? – Perguntei a ela.

– E qual é o assunto? – Ela me perguntou, com total desânimo, como se nem quisesse estar ali.

– Eu sou o jornalista Becker, do jornal Fihan, vim aqui para uma entrevista com o delegado.

– É normal um jornal mandar mais de um jornalista representante para fazer uma entrevista?

– O quê? Como... já veio outro jornalista? Quem?

A policial só apontou para a sala do delegado, à minha esquerda, e foi assim que, infelizmente, eu descobri que Clara já estava lá e já havia conseguido uma entrevista com o novo delegado. A minha entrevista.

Desde que consegui o emprego na Fihan, Clara não gostou de mim, principalmente porque eu, acidentalmente, derramei meu cappuccino na roupa dela no meu primeiro dia no jornal. Em minha defesa eu estava atrasada, ou seja, correndo. Eu estava um pouco perdida na cidade, me acostumando com o horário daqui. Por mais que eu tenha me desculpado por ter sujado sua roupa, ela ficou decidida a me detestar e se tornou, como dizemos, minha arqui inimiga.

Posso estar sendo dramática, mas minha cara caiu no chão junto ao meu trunfo, a minha esperança de conseguir algo sobre o caso das mortes antes dela, foi embora. Fiquei sem controle.

Tentei entrar na sala do delegado, mas um policial quase teve de me expulsar de lá. Ameaçou me prender se eu não me acalmasse e saísse dali. Aceitei a derrota e saí da delegacia, fui até meu carro, entrei e fechei a porta com raiva, pus minha cabeça para trás e fiquei assim um pouco. Respirando fundo algumas vezes.

Fazia um tempo que eu não me empolgava assim por uma história.

– Como foi que ela chegou aqui antes de mim? Eu saí antes dela – Me perguntei. Depois de alguns segundos, cheguei a uma conclusão simples. – Ela mora aqui há mais tempo que eu, ela deve saber alguns atalhos... é, deve ser isso mesmo.

Perdoe o Passado | +18Where stories live. Discover now