Capítulo 4

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Ansiedade era provavelmente um resultado esperado para seu primeiro ano fora da escola, mas Harry esperava sentir isso dali a um ano, quando estivesse procurando por um emprego e se tornando adulto. Para ele e seus amigos, no entanto, não havia tempo para se tornar adulto. Eles tiveram de crescer do dia para a noite para lutar contra coisas muito mais assustadoras que o mercado de trabalho.

Não era difícil para Harry sentir que seus amigos estavam perdendo mais do que ele. Hermione teve de confundir a memória de sua família e enviá-la para longe, e George se feriu durante a evacuação de Harry da casa de seus tios. Ron tinha muito mais a perder com essa guerra do que Harry já teve. Ainda assim, estranhamente, todos insistiam em viver como se não houvesse caos além dos muros metafóricos do palácio metafórico que construíram para si mesmo, o que os levou ao eminente casamento de Gui e Fleur.

Harry estava internamente descontente, para ele, cada segundo que eles não estavam procurando por pistas e informações era um segundo mal utilizado, mas ainda era impossível para ele erguer objeções contra a alegria que a celebração naturalmente espalhava no coração de todos. Era fácil se convencer de que sorrir era, por si só, um ato de resistência contra as forças das trevas. Porém, na realidade, Harry tinha outra preocupação imediata.

De certa forma, seu relacionamento com Gina estava num tipo de limbo nos últimos meses. Era de conhecimento geral que eles estavam saindo juntos, mas todas as complicações impediam que eles fossem além e rotulassem isso como um namoro propriamente dito. Harry precisava falar com ela. Era inegável que seu afeto por ela não se desenvolvera de maneira romântica e ainda mais inegável que havia mais alguém ocupando esse espaço em seus pensamentos. Por mais tolo que fosse ter esperança, era ainda mais difícil seguir enganando o coração de sua amiga.

Nos últimos meses, os poucos espaços de tempo sozinho em seus pensamentos fizeram Harry perceber porque seu coração estava tão inquieto. Porquê seus pensamentos sempre davam uma volta grande para terminar no mesmo lugar. Quando Draco o amarrou ao voto perpétuo, Harry criou uma imagem mental deles dois de mãos dadas em um altar e sentiu um calafrio. Aquilo só poderia ser uma tragédia, ou uma comédia sem graça alguma. Hoje, porém, ele imaginava como o mundo seria se ele vencesse esta guerra, e essa cena se tornara um sonho fugaz. Como uma recompensa muito necessária, e até desejada, após todas as perdas.

A realização era um pouco aterradora. Sequer havia uma chance de dar certo, mas era impossível se desvencilhar da esperança uma vez que ela havia criado raízes e se alastrado por suas terminações nervosas.

Harry estava lendo a matéria desagradável sobre Dumbledore no jornal, quando a oportunidade de falar com Gina surgiu na tarde do casamento. Ela pediu que Harry ajudasse com seu vestido e o estômago dele se revirou imediatamente com a antecipação da conversa nada agradável.

Gina estava linda como sempre, e ainda emanava a aura elétrica de sua presença.

– Ginny... – Harry chamou um pouco ansioso ao terminar de puxar o zíper e tocá-la suavemente no ombro.

– Mn. O que foi? – Ela demonstrou que estava ouvindo e se virou, jogando os cabelos vermelhos-fogo para trás, por cima do ombro.

– Ah... Eu... queria falar com você. – Ele se atrapalhou um pouco e engoliu em seco.

– Você está falando. – Ela sorriu bem humorada.

– É. – Ele sorriu constrangido. – Em particular. – Ela olhou ao redor como se ele não estivesse fazendo sentido. – Certo. – Ele concordou se sentindo um idiota. – É sobre... nós. – Harry estava repensando suas escolhas de vida enquanto gesticulava entre eles. Talvez ele devesse ensaiar melhor antes de falar afinal.

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