– Bom dia, Marcos – Eu disse assim que entrei na cafeteria. A fila estava curta.

– Bom dia Becker, parece que está com pressa – Marcos disse, vindo de trás da bancada. – Toma aqui o seu café – Ele me entregou o café, nem precisei enfrentar a fila. Fiquei mal por isso, mas estava com pressa, então não recusei.

– Obrigada, salvou minha manhã – Eu disse enquanto pagava o café.

Após ter o café em mãos, me virei enquanto pegava as chaves do carro na bolsa. O mais engraçado, é que quando saí da cafeteria, percebi que não estava de carro. Mas quem em sã consciência esqueceria seu carro em casa?

– Que droga!! – Exclamei, só que tão alto, que todos à minha volta ouviram e, até chego a pensar, que me acharam meio louca.

Guardei as chaves de novo na bolsa. Eu estava até bem tranquila, até olhar a hora no celular e ver que só me restavam alguns minutos, foi aí que corri mesmo para chegar o mais rápido possível na Fihan. Cheguei um pouco atrasada, tudo culpa do meu mau sono da beleza que me fez esquecer do carro, e a parada na cafeteria foi bem rápida, graças ao Marcos, que faz jus ao nome da cafeteria. Chegando no jornal, esbarrei em alguém ao sair do elevador, Clara Mendel, uma loira falsa que se acha a última bolacha do pacote, e... que me odeia, e que claramente não gostou de ter topado comigo, porque deu para ouvi-la me xingando pelas costas.

Tirando isso, o resto da manhã foi até bom. O Sr. Diaz me chamou à sala dele para me elogiar, pelo artigo que lhe enviei na noite passada. Desde que fui contratada, só recebi elogios dos meus artigos.

– Este artigo que você escreveu até que não é um fracasso total, como pensei que seria, quando eu te designei para essa matéria, senhorita Becker – Tá! Isso não foi um total elogio, mas gosto de pensar que sim, e além do mais, esse é o primeiro artigo que o Sr. Diaz não gostou muito desde que comecei aqui na Fihan. – Mas vou publicar, hoje, só não ganhará a primeira página, talvez a terceira ou a quarta. OK. Agora saia.

A primeira página é o sonho de todo jornalista, ver que seu trabalho, seu esforço na página que todos os leitores leem por primeiro. Mas ainda assim, saí daquela sala lisonjeada por saber que, algo que eu mesma escrevi, será publicado no jornal ainda hoje.

Daniel Diaz é um homem perto dos sessenta anos, anda sempre de terno, pelo que eu pude perceber, não gosta muito de gravatas. Quase nunca sorri, é muito estressado e acelerado, ainda acho que um dia vai acabar tendo um infarto. Já se casou duas vezes, a primeira esposa morreu em um acidente de carro, e a segunda o traiu, o que os levou ao divórcio.

Depois de alguns minutos, Isabela apareceu na Fihan dizendo que a polícia havia encontrado um corpo em um beco, e é claro que o Sr. Diaz já se interessou.

– Isabela, eu quero que volte ao local e me traga uma ótima notícia para a primeira página, agora.

– Eu já fiz isso, chefe – Isabela respondeu.

– Então cadê o artigo?! O quero na minha mesa AGORA!

– Sim senhor – Isabela disse enquanto se sentava na sua mesa, para começar a digitalizar o artigo.

Isabela Ramirez é uma morena muito bonita, filha única de pais pobres, usa óculos somente porque não pode usar lentes de contato; ela detesta usar óculos, diz que fica estranho. Está em um relacionamento sério a quase um ano com uma mulher, eu nunca a vi, só ouvi histórias delas juntas. A namorada misteriosa de Isabela, que vive viajando, parece que é comissária de bordo. Ela é a minha melhor amiga e colega de trabalho, então torço muito para ela conseguir produzir um ótimo artigo para a Fihan.

– Ei, Isa? – Eu a chamei baixinho, nossas mesas são uma do lado da outra, o que facilita a nossa comunicação. – O tal corpo é de uma mulher?

Ela confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos da tela e do teclado.

Perdoe o Passado | +18Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt