2. Promessa de mindinho

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Com o pesadelo, não consegui dormir novamente, então resolvi levantar e deixar alguns documentos encaminhados, depois desci para academia, fiz meu treino como de costume, só lamentei de não fazer minha corrida na orla da praia, senão perderia a hora do embarque. Antes do banho, fiz minha barba, era o único detalhe que me tomava mais tempo, após devidamente arrumado, desci para o hall do meu prédio, peguei o celular e chamei um carro de aplicativo, em poucos minutos segui para o cais em Miami.

No caminho recebi uma notificação, assim que desbloqueei a tela do celular, era meu Instagram mostrando em primeira mão a felicidade do meu ex-marido, maldita tecnologia, nunca soube desativar essa configuração, então cada foto, vídeo e post de Jordan, eu era o primeiro a ser notificado.

Eu realmente estava bem em saber que ele tinha seguido a vida, encontrou um amor que conseguia acompanhá-lo em suas aventuras, mas cada foto, vídeo que eu visualizava, me dava a sensação de ter fracassado, de não ter feito mais por nosso relacionamento, ao ponto de Jordan me trair. Nossa separação foi tão desgastante, mesmo após 5 anos, eu ainda tinha bloqueios para me relacionar com outras pessoas, estava acostumado ao sexo casual, sem apego, sem preocupações, sem traições, sem cobranças... apenas sem... alguém.

Respirei fundo olhando para o céu azul tão maravilhoso, tentei esquecer esses momentos que revivi, quando recebi mais uma notificação. Olhei o celular já estressado, porém era uma mensagem de Ragnor.

"Bom dia! Boa viagem Lightwood.

Magnus está te aguardando

próximo ao píer. Seja gentil."


Revirei os olhos, aquele energúmeno sentimental, Ragnor tinha a pose de durão, porém, seu coração era tão generoso que às vezes eu achava que sua alma era de uma mãe carinhosa, pois bastava alguém lhe pedir ajuda, ele resmungava, xingava, contudo, sempre ajudava. Por isso, eu respirei fundo e prometi tentar ser gentil com seu irmão, lembro que quando Fell soube da existência de um irmão fora do casamento de seus pais, ele ficou tão animado, estávamos no segundo semestre da faculdade, quando seu pai, Asmodeus Bane, chegou com Magnus, numa tarde em que fazíamos uma maquete para apresentar um trabalho. Ragnor ficou em pé, segurou Magnus nos braços e desde então tornou-se um segundo pai para o garotinho que tinha apenas 5 anos na época, Asmodeus nunca esteve muito presente, por isso o Fell sempre foi tão protetor com seu irmãozinho.

Desci do carro, busquei minha mala, e comecei a andar em direção ao píer, estava uma loucura de pessoas tirando fotos, parei alguns minutos tentando localizar o irmão de Ragnor, mas eram tantas pessoas que não consegui encontrá-lo, caminhei mais um pouco sentido a passarela, então uma pessoa acenou para mim. Fiquei parado olhando para ele, tentando reconhecê-lo, não se parecia nada com a criança que eu conheci anos atrás, ele me olhou e sorriu.

— Olá... — veio em minha direção, pois eu ainda estava paralisado lhe encarando — Desculpe por estragar seus planos — estendeu a mão para mim, vestia uma calça jeans branca com rasgos nas coxas, uma blusa verde-oliva colada, seu cabelo em um topete alto com as pontas douradas — Alexander, não é?

Então caiu minha ficha, e eu finalmente respondi — Sim, sou eu — apertei sua mão sentindo a maciez, encarei-o mais um pouco, lembrei-me de seus olhos âmbares, ao contrário dos de Ragnor que eram verde-mar, os que me olhavam naquele instante havia um dourado quente que destacava ao redor da pupila — Desculpe-me, não o reconheci — ele estava tão...crescido.

— Tudo bem... então, vamos? — começou a caminhar na minha frente, enquanto puxava uma mala de rodinhas, segui-o ainda consternado, como essas crianças crescem rápido.

Amor a BordoOnde histórias criam vida. Descubra agora