Além Da Eternidade

Capítulo 06

— Espero que tenha tornado sua noite menos massante mademoiselle. - Disse lhe dando um beijo na mão. O ato causou um arrepio na moça que astuta que é, logo percebeu do que se tratava e decidiu entrar na brincadeira do amigo.

— Se já tive experiência melhor, desconheço monsieur. - Emma ao finalizar o toma de surpresa colocando uma de suas mãos em sua nuca e lhe dando um leve selar na bochecha. Imediatamente ambos sentiram uma corrente de energia percorre-los. Emma afastou-se e sorriu ao perceber o pavor no rosto de quem os via.

Thomaz demorou alguns segundos para se recompor e logo em seguida pos-se a caminhar de volta para casa que não ficava muito longe e para ser Franco, ele julgava necessário um pouco de ar fresco a sós agora. Mal tinha dado alguns passos e uma voz familiar invadiu seus ouvidos.

— Thomaz meu amigo, me espere. - Collins vinha descendo a rua quase que correndo para alcançá-lo.

— Maurice nunca pensei que viria mesmo a Marselha. Bom te ver.

— Você falou tanto de sua cidade Natal e de suas belezas que achei por bem conferir por mim mesmo.

— Vi que encontrou uma delas no baile.

—  Sim. - Maurice sorriu bobo. – E é justamente sobre isso que quero lhe falar. Amanhã combinamos de fazer um passeio pelo parque e não tenho quem me acompanhe.

— Maurice eu não sei se...

— Ah por favor amigo, não me negue esse favor. Ela irá acompanhada da mãe e da irmã. Preciso de alguém que comprove que não sou um qualquer.

Thomaz continuou a andar ao lado do amigo. Pensou se deveria estar com Emma em um curto espaço de tempo assim. Foi só pensar nela e seu peito aqueceu.

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     Dentro da carruagem tudo que se escutava era a voz de Marie repreendendo a filha.

— Só pode estar louca. Uma demonstração dessas de afeto em público nem mesmo nós, que somos casados a tanto tempo, fazemos. - Dizia ela, porém Antonie e Lola só riam e Emma... bom... Emma estava perdida em seu próprio mundo e não ouvia nada que saia da boca de sua mãe. – Não riam. Que absurdo!

— Marie meu bem, você não queria que Emma se envolvesse com alguém? Savói é um bom rapaz e se ambos se sentem confortável com atitudes assim, então deixe que sigam se conhecendo.

— Isso mesmo papai, quem sabe Emma não se case antes de mim. Ia ser no mínimo estranho que Maurice e eu fôssemos os primeiros. - Lola dizia e isso finalmente fez Emma despertar.

— Quem foi que falou que estou interessada nele desta forma? E você conversou com o jovem Collins uma única vez, como pode estar pensando em casamento? - Questionou cutucando a irmã com os pés.

— Aí! Não precisa ficar irritada.

Assim que chegaram, Emma entrou irritada. Estava confusa e todas as vezes que Thomaz vinha em sua mente, podia sentir a mesma sensação no estômago. Entrou em seu quarto e ali ficou. Mal sabia que teria uma noite repleta de sonhos com Thomaz que a fizeram se debater e acordar várias vezes.

    O sol tinha acabado de nascer e Emma finalmente tinha conseguido dormir um pouco.

— Oras! Ainda dormindo menina? - Sua mãe conseguia ser muito invasiva quando queria. Entrou abrindo as cortinas e puxando as cobertas de cima da filha.

— Pelo amor de Deus mamãe não são nem sete horas da manhã ainda. Me deixe dormir. - Emma reclamou tentando voltar a se cobrir.

— Sua irmã vai dar início às caminhadas com o senhor Collins e você vai me acompanhar. Ah! Isso não é negociável. - Marie saiu antes que a filha pudesse retrucar. Restou a Emma descontar sua frustração no pobre travesseiro.

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     Emma se arrumou a contragosto. Estava de péssimo humor, mas, assim que viu a empolgação da irmã, sorriu, afinal sempre soube que Lola diferente de si, desejava um casamento. Achou graça ao ver a irmã tentar finalizar o cabelo e falhar miseravelmente na missão.

— Deixe que eu faço isso. - Se ofereceu para espanto da mais nova.

— Achei que não aprovasse isso. - Resmungou enquanto Emma terminava de ajeitar os cachos em seus devidos lugares.

— Só por que não me imagino fazendo isso não significa que não quero que seja feliz. - Emma virou a irmã para si e se abaixou a sua frente. – Você só tem 15 anos Lola, então me prometa que só aceitara ser cortejada se o amar e se ele for um bom rapaz de verdade. Não quero ver minha irmãzinha sofrer, entende? Não somos objetos para se descontar raiva. Certifique-se que ele seja o homem certo antes de fazer qualquer coisa.

Lola sentiu-se acolhida pela primeira vez por Emma, normalmente as duas discutiam e a forma com que sua irmã mais velha demonstrava amor e preocupação nem sempre ficava clara.

Na porta, Marie observava as filhas e lá no fundo sentiu um orgulho que não cabia em si. Se controlou como pode e adentrou ao quarto.

— Estão ambas lindas. Agora vamos indo. Não é de bom tom se atrasar.

Não demorou muito para chegarem ao parque e muito menos para que Maurice as avistasse.

Emma não precisou se virar para saber quem estava se aproximando. Aquele perfume era único e já mexia muito com seu interior.

— Senhor Savói. Que bom que aceito o convite para acompanhar Maurice. - Lola disse feliz e Emma a puxou levemente.

— Você armou isso, não foi?

— Claro que não. Maurice estava preocupado que mamãe não fosse aprovar, então apenas plantei a semente. Deixei ele pensar que a ideia fosse dele. - Respondeu ela sorrindo.

Lola passou a caminhar na frente com Maurice, Marie estava logo atrás. Aproveitando que ambos estavam sozinhos, Thomaz se aproximou.

— Não parece feliz em me ver.

— Digamos que lhe vi demais a noite passada. - Emma era muito direta, mas desta vez falou sem pensar e as palavras lhe ultrapassaram.

— Então estamos quites. - Respondeu ele sorrindo.

— O que quer dizer?

— Que depois daquele beijo não consegui dormir e a culpa é sua.