Cap.5- As escrituras

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Estava muito cansada para ler todos aqueles papéis. Dormi como uma pedra. Quando acordei no dia seguinte fui correndo ler tudo aquilo. A primeira folha era uma apresentação/descrição e li como quem está descobrindo a própria história. Os papéis diziam:

Página 1

Mathias Robert Lumière 25/04/1988

Essas anotações servirão para substituir minha memória falha. Elas me lembrarão tudo o que descobri a respeito da rosácea. Não é nada perto do que há para descobrir mas tenho certeza de que alguém depois de mim vai completar o trabalho. Espero estar vivo para ver o mistério desvendado. Esses papéis também serão úteis para clarear a visão daquele que estiver procurando por pistas.

Página 2

Devo esclarecer o motivo dessa minha pesquisa. Há muito tempo eu tive um filho. Ele era autista. Quando completou 2 anos a sua deficiência se tornou mais grave. Eu, minha mulher e ele viajamos e quando voltamos ele pediu descontroladamente uma folha de papel e não parava mais de desenhar uma rosa de oito pétalas. Ele desenhava e vinha mostrar para nós apontando e chorando descontroladamente. Nós não sabíamos o que fazer. Os médicos só davam calmantes mas quando o efeito passava ele voltava a fazer aquilo. Numa dessas vezes ele desenhou mais furioso do que nunca aquela rosa. Chegou a rasgar a folha por causa da força com que ele espremia o lápis contra ela. Quando veio mostrar correndo e chorando, ele desmaiou. A raiva fez isso com ele. Corremos para o hospital e os médicos disseram que o autismo se combinou estranhamente com o estresse e bloqueou a passagem dos impulsos elétricos que comandam seu corpo. Ele só sobreviveria com aparelhos. Não acordaria. Decidimos desligar os aparelhos depois de um ano de coma. Essa foi a maior tristeza da minha vida. A partir daí comecei a pesquisar sobre o desenho. Queria saber o que meu filho não conseguia me falar, apenas desenhar.

Página 3

Anos depois tive meu segundo filho e agora tenho um neto. Não consegui terminar a pesquisa mas consegui alguns avanços.

Passei noites em claro procurando e lendo livros que falavam sobre a rosácea. As únicas coisas que realmente interessava nos livros era que essa rosácea era uma chave. Não consegui saber que tipo de cofre ela abria nem que tipo de tesouro ela escondia. Mas eu sei que para achar o cofre é preciso de muita inteligência, audácia e coragem.

Página 4

Tentei buscar informações com um amigo que era professor de simbologia. Ele me disse que a única coisa que sabia era que já havia registros daquele símbolo em meados de 1700.

Quando fui embora senti que estava sendo seguido. Parei e fiquei olhando para a vitrine de uma loja e alguém que estava atrás também parou pois eu não escutava mais seus passos. Olhei para trás e só vi que havia uma arma e ele estava segurando-a no bolso. Não deu para ver seu rosto. Então corri para dentro de um estabelecimento que tinha uma porta dos fundos e saí por ela sem fazer perceber que eu estava correndo de alguém. Decidi não dormir em casa por causa disso.

Página 5

Depois disso, tive tomar decisões drásticas. Obviamente, alguém sabia que eu estava fazendo aquela pesquisa. Alguém perigoso. Eu não podia deixar minha família correr perigo. Então, me afastei de todos e expliquei-lhes o motivo. Também temi pela minha vida. Guardei todas as minhas pesquisas e livros. Passei a trabalhar como pintor.

Página 6

Mas mesmo assim houve consequências. Recebi uma visita em meu ateliê. O homem pediu para ver os meus desenhos e apontou uma arma para minha cabeça. Ele pediu a rosácea. Eu disse que não a tinha. Ele queria minhas pesquisas também. Eu preferiria morrer à dizer. Então ele disse que tiraria de mim as coisas mais importantes da minha vida. Saiu. Corri para ver como estavam todos da minha família. Não queria que nada acontecesse com eles. Felizmente, estavam todos bem. Eu disse a eles o que havia acontecido e perguntei se eu poderia levar Enzo para um lugar mais seguro. Aceitaram. Levei o garoto para o meu carro que estava em um local mais distante e o coloquei dentro. Um segundo depois escutei três tiros. Meu mundo caiu. Tinha sido na casa dos meus parentes. Saí em disparada para tentar salvar Enzo. Cheguei em casa e afastei uma grande estante. Atrás dela havia uma porta que dava para um quarto. O garotinho e eu ficamos ali. Eu não conseguia sorrir para ele. Ele não entendia a situação e brincava.

Página 7

Os dias que se seguiram foram o enterro do meu filho, da sua mulher e da minha mulher. Assassinados com um tiro no coração. Não consigo contar com mais detalhes pois estas cenas me entristecem de uma forma inexplicável.

Estou registrando isso porque preciso deixar claro que quem for tentar buscar informações sobre a rosácea de oito pétalas fará inimigos mesmo sem querer. Aconteceu comigo. Arrisquei minha vida e a vida da minha família. Sem saber. Mas a partir de agora quem se envolver na história saberá em que está se metendo.
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O restante das páginas só havia o desenho da rosácea e algumas fotos de família. Eu estava completamente sem palavras. Será que Enzo sabia dessa história? Fiquei atormentada.

A história era terrível e eu estava pensando em quais seriam as consequências na minha vida se eu fizesse o mesmo que Mathias. Ele teve sua família assassinada com um tiro no coração e pediu para que eu fizesse o mesmo com a arma dele. Será que ele estava querendo algum tipo de vingança? Estava muito claro que haveriam consequências graves para a minha vida. Mas eu estava preparada.

Naquele mesmo dia eu visitaria o orfanato em que vivi por 8 anos. Eu esperava recordar de algo lá. Qualquer coisa importante na minha busca.

Eu estava imersa nesses pensamentos quando alguém bateu na porta. Fui atender ainda com a roupa que acordei.

*** Então, queridos?O que acharam? Os escritos de Mathias esclareceram muita coisa não é? Mas eu digo para vocês. Essa é apenas a ponta do iceberg.

O enigmaWhere stories live. Discover now