Capítulo X.5-Mãos geladas

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~Pov:Masami Sakurayashiki~


Foi da primeira vez que o vi. Ele não era alto. Tinha bochechas fofas e cabelos pretos, que na luz, ficavam esverdeados. Ele se aproximou, e eu me encolhi um pouco.

-Oi! Meu nome é Miya. E o seu?
-M-Masami...

Balbuciei em timidez. Sentia o conhecer a muito tempo. Ele estendeu sua mão e eu apertei.

-Você está sozinha? Quer andar de skate comigo?
-Sim...!

Passamos o dia todo tentando fazer com que eu aprendesse. Tínhamos 06 anos de idade.
Quando eu me mudei de Okinawa, ele chorou. Chorou como se não houvesse amanhã. Senti estar me despedindo da minha alma gêmea.

Agora, estávamos juntos novamente. Ambos apertando a campainha da residência Sakurayashiki, nervosos. Eu estava com medo, queria chorar. Miya segurava minhas mãos, em uma tentativa de me acalmar.

Até que então, alguém que não era o Kaoru abriu a porta.

-Oh, Miya! Bem-vindo...quem é sua amiga?-Eu não aguentei. O abracei. Era Kojiro. Eu reconheci na hora. Tendo visto as fotos dele no instagram, e fotos antigas, eu sabia que era ele. Ele ficou confuso, e eu estava chorando.

-O que deu nela?

-Te explico mais tarde, pode trazê-la para dentro com você?-Miya entrou na casa.

Kojiro me pegou no colo e me levou com ele, enquanto eu abraçava seu pescoço.

Ele sentou-se no sofá, tentando soltar meus braços de si, mas visto que não conseguia, apenas me deixou abraçada a si. Fazendo cafuné na parte de trás dos meus cabelos.

Seu corpo era mais forte que eu imaginei.

Com o passar do tempo, soltei o pescoço de Kojiro, mas continuei agarrada a sua camiseta, sentada em seu colo. Meus olhos estavam queimando e meu nariz estava bem entupido.

Miya rapidamente desceu, acompanhado dele...do Kaoru.

Sua figura era magnífica, eu, que tinha parado de chorar, desabei em lágrimas novamente, saindo do colo de Kojiro, e me agarrando a yukata do rosado.

Ele ficou visivelmente confuso, senti que ele não sabia o que fazer, nem o que falar.
Eu também não sabia. Decidi que só queria aproveitar o momento.

Ele fez um carinho de leve nos meus cabelos. Senti o corpo dele tremer um pouco. Era primeira vez que eu o via após 14 anos. Isso era bizarro. Eu só me lembrava vagamente do rosto dele quando eu nasci. E não sei como. Ele era lindo. E continuava lindo. Ele é maravilhoso.

Kaoru abaixou e limpou minhas lágrimas, eu agarrei minha saia, soluçando. Ele arregalou os olhos ao reparar bem na minha aparência.

Os olhos cor de amêndoa, e os cabelos tal semelhantes a flores de cerejeira.

Ele fez um breve carinho no meu rosto, e levantou.

-Kojiro, põe um copo d'água para a menina. Ela já está quase desidratando de tanto chorar.

De repente, o Rosado me pegou no colo, e me pôs sentada em seu sofá. Miya se sentou do meu lado, e Kaoru do meu outro lado. Acabei me agarrando a Kaoru, por impulso. Ele era muito confortável. E bem alto.

-Miya, pode por favor me explicar onde você achou essa menina? Quem é ela?

Kojiro saiu da cozinha, trazendo meu copo d'água, e eu comecei a tomar. Ele se sentou ao lado de Kaoru, esperando a explicação do moreno.

-Papai, essa é a sua filha.

...

Por fim, estávamos eu e Kaoru chorando abraçados. Kojiro estava meio desnorteado. Se saber da existência de um filho dele já era muita coisa, imagine descobrir que esse bebê era gêmeo?

Kaoru descreveu o que aconteceu. Quando pediram para Kojiro sair da sala de parto, deram uma anestesia a ele. Ele só acordou quando Miya já havia nascido, e ele nem chegou a saber da minha existência. Ele estava com um pouco de raiva de sua família, mas muito feliz por eu ter os encontrado.

Ele segurou meu rosto com cuidado e limpou minhas lágrimas.

-Que bom que minha prima me conhece bem. Masami era exatamente o nome que eu teria dado se tivesse uma menina. E aliás, Koji, lembra quando estávamos pensando se o bebê era menino ou menina? Você não estava errado totalmente, né? Temos uma menina também.

Kojiro fez um joinha com a mão. Miya saiu e foi pegar uma água para o esverdeado. Miya estava feliz. Ele esbossava um sorriso me vendo junto a Kaoru, parecia sentir orgulho.

Kaoru me encheu de beijinhos no rosto, e eu fiquei feliz. Eu nunca tinha sentido esse carinho. Eu me senti uma princesa.

-Miya, olha as bochechas dela! Ela é tão branca, parece feita de porcelana! Igualzinha a você, de verdade.-Kaoru tirou meus óculos, e pediu para Miya chegar do meu lado. Ele levantou, parando para encarar a mim e Miya.

-Bem, vejamos...os olhos de Masami são mais caídos, e os seus mais puxados, Miya. Masami tem o cabelo rosa igual e os olhos cor de ameixa, igualzinha às avós dela. E Miya tem os olhos da minha mãe e o cabelo do pai do Koji, um preto esverdeado. Que fofos, tirando isso, vocês são idênticos! E lindos. Tinham que ser meus filhos mesmo!-Kaoru sorriu realizado. Eu estava o vendo em vulto, até ele me devolver meu óculos.

Kojiro, que até então bebia sua água, se levantou e foi até a minha direção.

Ele estendeu sua mão para mim.

-Seja bem-vinda, Masami. Desculpe a minha frieza, é muita coisa para se assimilar.

-Certo...-Eu murmurei. Achei que nosso primeiro encontro como pai e filha teria sido melhor, mais emocionante. Mas agora, eu me sentia triste.

Kojiro, então, me puxou para um abraço.

-Me sinto inútil agora. Vocês dois sofreram tanto e nós nunca soubemos ou conseguimos fazer nada por vocês. Perdemos a infância inteira da Masami. Agora, já com certeza perdemos a fase do primeiro namorado.-Mostrou minha aliança para Kaoru.-Desculpa, Samizinha. O papai nunca pode ser o seu pai. Agradeça o Josh por mim. Diga à Akame que eu quero descer a porrada no seu avô. Volta pra casa, passarinho. Já tá ficando tarde.

-Mas, pai! Ela não pode ficar pra jantar? Por favor!-Miya suplicou

-Koji! Faz isso por nós! Eu quero conhecer a nossa filha! Eu nem sei do que ela gosta! Vai, por favooor! Eu ligo para Akame, digo que ela está comigo, mas por favor, não mande ela para casa!

Kojiro pareceu ceder, mas não mudou de opinião.

-Desculpem, meninos. Mas está tarde, ela precisa ir para casa, e assimilar tudo. Eu à levo, podem ir jantando.

-M-mas, eu achei que jantaríamos juntos, como uma família!

Kaoru disse e eu me dei conta. Eu não era da família. Eram apenas eles três, eu era uma intrusa.

•||Não é a minha culpa se o amo tanto||• MatchaBlossom (CANCELADA.)Where stories live. Discover now