Acontece que, quando a pequena rocha brilhante explodiu, Harry foi subitamente puxado para baixo pelos quadris e agora ele estava desconfortavelmente sentado ao lado de Draco em seu assento. Harry ainda não havia tido tempo de entender o que aconteceu com seu plano antes de se encontrar ali, com o coração um tanto acelerado pelo susto.

Ele queria se desculpar por espiar, mas seria como jogar fora todas as dificuldades em ocultar sua presença, então ele apenas ficou quieto e se ajustou ao lado de Draco, que estava apoiando o sorriso convencido na palma da mão enquanto assistia a paisagem afora.

– Você parece mais animado de repente. – Blaise comentou com os braços cruzados. – Pensei que ficaria com aquela cara amarrada durante a viagem inteira.

– Tsk. – Draco clicou a língua. – Eu não estava com a cara amarrada. – Ele olhou para Blaise como se o repreendesse, antes de olhar rapidamente para a direção geral de Harry, como se quisesse convencer Harry com suas palavras, o que seria um tanto inútil, já que Harry o havia observado por minutos o suficiente para saber que ele realmente parecia cabisbaixo.

– Se uma mera pegadinha sem sentido é suficiente pra colocar sua cabeça no lugar, acho que não precisava me preocupar tanto afinal... – Pansy comentou de forma passageira.

– Por que você se preocupa tanto? – Draco também comentou sem grande interesse, mas parecia ser o botão errado para apertar em sua amiga agora.

– Como assim, porquê? – Ela bateu na mesa com os nós dos dedos para produzir um barulho que fez aqueles sentados próximos se endireitarem em seus lugares. – Blaise... – Ela chamou no limite de sua paciência antes de começar a falar e ele imediatamente sabia o que ela queria.

– Abaffiato. – Ele realizou o feitiço sem dificuldade e imediatamente o restante do vagão se tornou borrado, como se o resto das pessoas estivesse atrás de uma densa neblina ou de uma janela coberta por vapor fino.

– O Lorde das Trevas retornou, seu pai foi preso há pouco tempo e você não nos escreveu sequer uma nota durante as férias para dizer se estava bem. – Ela mostrava os dentes rigidamente, mas sua expressão não se parecia nada com um sorriso. – Como você acha que seus melhores amigos deveriam se sentir? – Ela exigiu e então pausou e suspirou, como se tivesse se livrado do pior de sua irritação.

– Desculpe... – Draco respondeu após algum tempo. Alcançando a mão pequena dela com a sua sobre o tampo da mesa. – Eu só não queria envolver vocês, só isso.

– Nos envolver em quê? – Pansy insistiu como se estivesse cansada das palavras indiretas e só quisesse respostas claras e diretas, mas Harry, penetra nesta pequena reunião privada, sabia que Draco não daria isso a ela, não sabendo que Harry estava logo ali.

– Eu não... – Draco parecia estar procurando as palavras suficientes para aplacar seus amigos enxeridos enquanto mantinha Harry no escuro. – Esse ano não vai ser como os outros. Vocês sabem. E eu não estou mais na mesma posição. Então... só...

– Você se tornou um comensal da morte? – A pergunta direta e um tanto inesperada veio de Blaise, que tinha feições naturalmente suaves, mas parecia estar levando aquela conversa a sério. Harry inconscientemente se ajeitou em seu lugar socialmente desconfortável para olhar para Draco enquanto ele respondia.

– Não... – Draco negou com um engolir em seco e seus olhos passaram novamente por Harry.

– Mas eles foram até você. – Blaise basicamente afirmou e fez o temperamento de Draco se mostrar como Harry não via em muito tempo, com todas as suas expressões de desagrado máximo se exibindo.

– Merda... Esqueçam isso. – Draco gesticulou agitado com as mãos. – Esse ano está fadado a ser uma droga, não posso ter vocês no meu pé além disso. – Ele não olhava para ninguém em específico enquanto falava. – Meu pai está preso e o Lorde das Trevas está de volta. Eu tenho todo o maldito direito de não estar no clima para bater papo. – Ele concluiu e abanou sua varinha desinteressadamente para dispersar o feitiço de privacidade, encerrando o assunto.

Um voto inesperadoWhere stories live. Discover now