XIX

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Quando eu sinto meu celular vibrar na minha mão eu vejo o nome da última pessoa que eu imaginaria me ligar naquele momento.

Eu atendo o celular, mas não consigo dizer nada.

Há silêncio do outro lado também, apenas a respiração de Baji

- Fuyu? - ele finalmente diz alguma coisa

- Baji-san - me irrito comigo mesmo por chamá-lo assim ainda.

- Eu queria falar com você, mas não assim, não por telefone

Eu suspiro

- Eu não sei se quero te ver... Mas, você deveria voltar para a Toman, isso eu realmente preciso te dizer.

- Eu achei que seria melhor, para que você não precisar me ver todos os dias.

- Baji, nós somos vizinhos, eu vou te ver, independente de você estar nas reuniões da Toman ou não, e você me ligou dizendo que quer me ver, então, qual a diferença de eu te ver aqui?

- Eu odeio quando você fala coisas que fazem muito sentido, Fuyu.

Aquilo me faz soltar um pequeno riso

- Por favor, Fuyu, só dessa vez, me encontra na minha casa, daqui meia hora

- Você precisa me prometer voltar para a Toman

- Eu não posso te prometer isso.

- E eu não posso prometer que vou aparecer, eu preciso pensar.

- Eu entendo, mas vou estar esperando, você sabe que pode entrar sem bater.

Ele desliga o celular

- O que foi, Chifuyu? - Mistuya para ao meu lado

- Baji me chamou para ir lá

- E você vai?

- Acho que sim, pelo menos para o convencer a voltar para a Toman, quer dizer, não é a mesma coisa sem ele.

- Não é mesmo... - ele concorda - você precisa falar com ele, mas não só por isso, Fuyu.

Eu olho para o chão, eu sabia que ele tinha razão.

- Eu tenho medo, Mitsuya - foi a primeira vez que disse aquelas palavras para outra pessoa ouvir

- Medo?

- É... Medo de me abrir e ele me machucar de novo, medo de ver ele na minha frente, porque sei que, quando eu o ver, vou esquecer tudo isso e... - eu paro no meio da frase e me sento no meio fio

Mitsuya senta ao meu lado

- E o que, Fuyu? Você pode dizer

- E lembrar do beijo dele, Mitsuya, por mais que eu queira ter raiva dele, essa memória nunca vai deixar, o sentimento que eu tenho por ele não vai ir embora, e, quando eu o ver, não vai importar o quanto ele me machucou, ou o quanto ele ainda pode me machucar.

O olhar de Mitsuya mostrava compreensão, mesmo que ele não dissesse nada.

- Sabe, Fuyu - ele parecia medir as palavras. - isso tudo que você disse, você deveria dizer pra ele, nas suas palavras, no seu tom de voz, da pra perceber o quanto ele te machucou, e ele precisa saber disso, mas precisa ouvir também, no final dessa dor, a ponta de amor que fica no ar, é isso que eu acho

Ele termina de falar e se levanta, da duas batidas leves nas minhas costas, e vai embora.

Eu me levanto também, caminhando devagar até o prédio.

Quando entro, tenho duas opções, seguir para o meu apartamento, ou, abrir a porta da casa de Baji.

Fico parado na porta dele por um momento, eu nem sabia o que dizer. Não sabia se estava pronto para perdoa-lo.

Mas a porta abrindo me tira dos meus pensamentos, e interrompe o meu tempo de decisão.

- Você quer, por favor, entrar.

Baji estava na porta, me olhando fundo nos olhos.

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•say you don't want it• | BajiFuyuWhere stories live. Discover now