lembrança do passado

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-Morticia?--Larissa se levantou da cadeira, sorriu fracamente--

Morticia se levantou também e sorriu.

-Larissa...--Morticia sorriu, não podia creditar --

Larissa balançou a cabeça e sentiu um frio gelar sua barriga.

-Que idade tem sua filha? --Larissa deu uns passos a frente--

-Quinze anos, aconteceu alguns problemas e decidi a por onde eu estudei...acho que fará bem para ela --Morticia colocou a mão no peito sentindo o coração pular--

-Falarei com a diretoria, senhora...Addmas. --Larissa respirou fundo--

-Nem acredito...por favor Larissa tente dar um jeitinho. Sei que você sempre consegue. --Morticia comentou--

-Dependemos da resposta da Diretoria, irei retornar a ligação qual seja a resposta. Veremos todo o histórico dela. --Larissa disse antes de ligar a voz de Morticia lhe chamou novamente--

-Fico tremendamente lisonjeada que é você a diretora--Morticia disse--

Larissa deu uma leve risadinha, trocaram mais uma palavras, então ela desligou. Larissa empurrou alguns papéis de sua mesa os derrubando no chão, sentia vontade de quebrar tudo em sua frente, seus olhos azuis vidrados nas chamas, chamas tão ardentes quanto seu sentimento.

Larissa entrou em contato com a diretoria, com acesso ao histórico escolar de Wednesday, as notas perfeitas, o histórico dos pais na escola, tudo isso auxiliava para deixar a entrada da garota mesmo sendo meio do semestre escolar.

-Amanhã poderá entrar em contato com os pais da garota. --O homem da diretoria falou--Abriremos essa exceção.

-Perfeito. --Larissa agradeceu e logo após desligou--

Larissa pensou em enviar um E-mail para avisar a Morticia e sua família sobre o pedido bem sucedido, mas estranhamente eles não tinham meios tecnológicos para comunicação. Então foi de modo tradicional e ela ligou.

-Senhora Addmas, tenho boas notícias, para acertamos melhor as coisas, espero que venham amanhã se possível. A diretoria permitiu. --Larissa disse--

Morticia vibrou do outro lado da linha, sorrindo contou a Gomez.

-Com certeza iremos. --Morticia disse --

Wednesday revirou os olhos, não queria seguir os passos de seus pais, mas parecia não ter opção.

-Tenha uma ótima noite --Larissa disse desligando --

Larissa abriu a gaveta de sua mesa, olhou uma foto dela com Morticia, seu coração bateu dolorosamente. Era de noite, os alunos estavam em seus aposentos, ela caminhou até Laurel.

-Fique de olho nas coisas, eu já volto, preciso resolver algumas coisas --Larissa disse olhando-a--

-Claro, sem problemas...--Laurel encarou-a e sorriu--Receberemos a aluna?

-Iremos a receber, ainda há coisas a serem esclarecidas --Larissa respondeu dando um sorriso fraco--

-Ah claro. --Laurel retribuiu o sorriso é deixou Larissa ir --

Larissa dirigiu até a cidade, não era segredo para ninguém que a diretora admirava um bom álcool, mas hoje talvez fosse um coquetel acompanhado de saudade, amargura e amor.

-Me dê o mais forte que tiver --Larissa olhou o cardápio e o afastou--

-Tem certeza senhorita? --O homem que produzia os coquetéis falou--

-Absoluta--Larissa fez o pedido e se sentou na mesa--

Ah músicas brasileiras..."Quem tem amor na vida tem sorte, quem tem a fraqueza sabe ser bem mais forte".

Larissa respirou fundo e pegou a bebida quando chegou, deu um gole grande, sentiu o álcool descer pela sua garganta, queimando, rasgando, no segundo gole o gosto já ficou mais suave.

As lembranças que Morticia trazia eram cruéis, eram...como se um cego procurasse a luz na imensidão do paraíso. Era uma dor, que mutilava e destruía, era uma saudade contínua, não a permitia amar, mas permitia ela criar amargura, permitia seu coração se fechar, ser sozinha.

Quando o coquetel acabou ela pediu outro, assim foi servida. O álcool começou lhe subir a cabeça.

O amor é feito de paixões que quando perdem a razão,
Não sabe quem vai machucar,
Quem ama nunca sente medo de contar seus segredos,
Sinônimo de amor é amar.

Larissa virou aquele copo de uma vez, o álcool a fez perder o controle de suas emoções, e ela sentiu, sentiu tudo com mais intensidade.

-Me dê uma garrafa. --Larissa pediu ao garçom--

-Mas...--Ele falou--

-Me da a droga da garrafa! --Larissa ordenou--

O garçom trouxe a garrafa em dois minutos.

Larissa abriu a garrafa, podia estar bêbada, mas ainda bebia com classe, desceu o licor da vodka na taça e bebeu pura.

Aquilo queimou ela por dentro, mas o que importava nessa altura?

Larissa abaixou a cabeça, sentia lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

-Eu te amei tanto...e você me traiu, levou uma faca enquanto eu lhe cantava poesias...--Larissa disse baixo se lembrando de Morticia--

Ela odiava admitir, odiava saber que sentia saudades de Morticia, odiava ainda amar aquela mulher mais do que amou qualquer coisa na vida dela.

-Pensa em mim...chore por mim, liga pra mim. --Larissa cantou chorando--Porra Morticia--Larissa colocou as mãos na cabeça--O que você fez comigo?

E em pouco tempo Larissa havia tomado quase metade daquela garrafa de vodka, perdeu completamente a razão quando fechou os olhos e se lembrou do que é amar.

-Ah Bela dama...se enbebedando dessa forma?--Uma mão e uma voz masculina pousaram no seu ombro--

Larissa se levantou depressa, aquele homem lhe agarrou, então ela o empurrou, jogou-o bem longe, mas pela bebida ela não guardou o rosto daquele infeliz, mas ele guardou o dela.

Larissa voltou para a escola, entrou pelos fundos, sem ninguém a ver. Sentou-se no seu sofá em frente a laleira, abandonou a vodka pelo vinho.

-Eu me perdi...perdi você...--Larissa pegou a foto de Morticia e passou o dedo em seu rosto--Longe de nós um ser comum...

Larissa chorou, colocou a foto contra o peito, um turbilhão de sensações dentro dela...

*

Morticia estava na sala, olhando algumas fotos no seu álbum, então olhou para uma foto de Larissa, ainda depois de tantos anos...havia uma chama acesa dentro do seu peito que pareceu criar labaredas hoje ao ouvir a voz de Larissa.

-Será que no fundo...ainda espero por você cara mia? --Morticia sentiu-se horrível por aquele sentimento ainda estar vivo mesmo depois de casada--

Era pra ser apenas uma fotografia...uma lembrança do passado, mas não era isso que seu sombrio coração lhe alertava, céus ou infernos, o que ela sentia a corroia.

*

-por que ainda espero por você Ticia? --Larissa pediu em um tom tão baixo que não era audível--

Larissa misturou o amor com a dor da traição, a dor de esconder a todos o que ela realmente era, mutilava, Larissa derrubou a taça, colocou as mãos na cabeça e depois em seu peito, apertou-as, querendo arrancar tudo aquilo de dentro dela...depois de todos esses anos como era ainda capaz de a amar? A amar como no primeiro dia que a viu e ter a dor do mesmo dia em que ela virou as costas para ela...

Por segundos Larissa achou que enlouqueceria, então entrou na banheira, mesmo com roupas, aquela água feia lhe deu um choque e uma dor de cabeça, pelo menos não era apenas dor de amor que ela teria de lidar por agora.

Eu eraWhere stories live. Discover now