Como alguém normal

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Nunca pensou que aquele ano seria tão corrido, mas estava com dificuldades para conciliar seu tempo. Até ver Elizabeth estava ficando mais difícil para Katrina, e olha que ela nem tinha amigos fora a mulher do quadro. Quando podia, estudava ao seu lado, tentando fazer os feitiços não verbais. Por sorte, Transfiguração era a segunda matéria em que Katrina ia melhor, atrás apenas de História da Magia, por algum milagre, já que toda a escola detestava esta última. Estava começando a fazer os feitiços certos agora, porém.

Naquela manhã, Katrina estava sentada com o pessoal da Sonserina no salão principal quando as corujas chegaram. As corujas deixaram cartas e outras caixas para todos do grupo, o que a garota considerou uma surpresa. Ninguém nunca lhe mandava nada, afinal... Seu pai mandaria no máximo um rato vivo, e sua mãe... Bom, gostaria de ter uma.

Abriu a pequena caixa com curiosidade. Dentro, havia três sapos de chocolate, varinhas de alcaçuz, duas caixas de feijõezinhos, e também um pequeno bilhete.

Espero que o ano esteja bom. Não ligue para o que dizem de você, eles gostariam de ser quem você é.

Com amor, Narcisa.

Sorriu de lado. Narcisa havia sido a mais amigável durante sua estadia na Mansão Malfoy, sempre a ajudando a se arrumar quando estava com disposição para isso, embora insistisse um pouco demais quando não estava. Tocou na caixa e, desejando manter o bom momento, a levou consigo para fora do salão.

Iria comer uma parte ali, porém guardaria o resto para depois, era até bastante coisa. Andou até um corredor vazio e se sentou, apoiando as costas na parede escura. Abriu a varinha e mordeu, sorrindo com o gosto. Aqueles momentos quase faziam as coisas valerem a pena.

Ouviu alguns passos se aproximando, e então endireitou as costas. Não tinha ideia de quem era até ver os olhos claros a encontrarem por detrás dos aros do óculos.

一 Que foi? 一 Katrina perguntou, estranhando a expressão em seu rosto. Uma parte sua ainda se lembrava da idiotice que fez dias atrás ao esperar que ele fosse novamente ali. Desde então, não saiu mais fora do horário permitido.

Harry balançou a cabeça.

一 Só queria sair dali... Hermione começou a dizer que agora todo mundo tá fascinado comigo.

Katrina franziu o cenho. Em segredo, Harry também pensou que logo em seguida chegou o novo exemplar do livro de poções e que seria uma péssima ideia trocar na frente da amiga já tão furiosa, mas não havia notado que mais alguém saiu dali um pouco antes dele próprio.

一 Qual a novidade, exatamente? É só ver os jornais que dá pra notar.

一 Até o ano passado todo mundo me odiava.

A garota assentiu, se lembrando das matérias no Profeta Diário e dos comentários maldosos de Umbridge e de outros alunos. A lembrança da professora lhe causava arrepios toda vez.

一 É, mas agora que sabem que é verdade, não mais. Você é o herói.

Viu os ombros de Harry ficarem tensos, e então se levantou. A caixa de doces ficou onde estava, no chão. Andou até ele, sem saber bem o que iria fazer.

一 Que foi? 一 perguntou. 一 Não é como se não soubesse disso.

一 Eu tento não pensar nisso. 一 murmurou, e então ajustou os óculos. 一 Não é agradável, exatamente.

Katrina franziu o cenho. Não conseguia entender. As pessoas adoravam ele, todo mundo havia esquecido do que o Ministério dizia, agora só faltavam beijar os seus pés.

一 Preferia que todo mundo te odiasse? 一 perguntou.

Trocaria de lugar com ele sem pensar duas vezes, concluiu rapidamente.

Dancing With Our Hands Tied • HPWhere stories live. Discover now