Capítulo 2

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Nos dois dias seguintes , Regina não voltou a encontrar a menina dos cabelos avermelhados, fosse nas aulas ou nos corredores. Até considerou a hipótese de que estivera a falar sozinha no primeiro dia de aula, como se a sua mente tivesse criado a imagem de uma jovem mulher como ela, com uma aparência gentil e fofa para que ela pudesse ter uma amiga (imaginária) acreditando que fosse real. Porém, descartou-a ao lembrar-se de que a sua tia tinha comentado sobre ter visto as duas a conversar. Sendo Emma uma pessoa real, o único motivo plausível para não a encontrar seria de que ela tinha faltado.

Nos dois dias anteriores, antes de ir para casa, Regina tinha ido até ao seu lugar especial e secreto. Tendo a certeza de que ninguém estava por perto para a ver, atravessou o portão revestido de musgo e árvores e entrou no pequeno lugar.

Ao contrário do Denny Park que ficava logo ao lado, que era revestido por uma imensidade verde — de árvores e arbustos —, o seu lugar era um pouco mais pequeno. Tinha um fonte no centro, a água ainda estava ativada e caía sob a fonte, tinha dois bancos de cada lado e árvores com lindas folhas verdes por todo o lado. A luz do sol raiava por lá, iluminando pelos espaços das árvores, mas não tornava o lugar escuro, pelo contrário. Tinhas algumas flores como margaridas que floresciam entre a primavera até ao início do inverno, algumas rosas já murchas, mortas, algumas trepadeiras na cor cor-de-rosa, gerânios e lavandas.

Eram plantas cultivadas pelos jardineiros do parque ao lado, Regina conheceu alguns deles quando descobriu aquele lugar pela primeira vez e pediu-lhes que nunca tirassem as rosas murchas ou o musgo que cobria o portão. Disse-lhes que nunca ninguém costumava ir ali e gostava de como aquele lugar podia ser dela, os jardineiros acabaram por aceitar o seu pedido e sempre que era necessário iam lá cuidar do lugar.

Regina gostava de como as rosas murchas davam um ar de solidão ao lugar, durante o tempo em que adoeceu ela sentia-se sozinha e essas flores mortas reconfortavam-a.

Voltar ali não lhe trazia más memórias como achava que iria acontecer, pelo contrário, sentiu como se tivesse reencontrado a mesma tranquilidade que antes sentia quando se escondia lá do mundo, antes de ter começado a frequentar o hospital. Depois que começou a frequentar o hospital, ela fugia para ali para descontar a sua raiva e frustração, por isso, pensava que se voltasse ali só iria encontrar tudo de mau que deixou. Era surpreendente sentir apenas coisas boas.

– Senti saudades disto — disse, enquanto observava a água cair na fonte. E assim, prometeu voltar a frequentar aquele lugar todos os dias, como antes.

[...]

As aulas tinham terminado, e era o terceiro dia que Regina não encontrava sua colega na faculdade. Não sabia ao certo o por quê de estar tão preocupada com isso. Talvez fosse porque tinha pensado em ser amiga da menina ou por estar apenas curiosa pelo seu desaparecimento.

Saindo da faculdade, Regina encaminhou-se pela terceira vez na semana até ao seu lugar secreto. Ao chegar encontrou os jardineiros saírem e cumprimentou-os. Conversaram um pouco sobre como estava tudo tão lindo quanto antes e depois voltou a ficar sozinha.

Tinha algumas atividades para estudar, por isso sentou-se num banco de frente para a fonte e começou a fazê-lo. Não era complicado, mas também não era simples. O professor Facilier tinha passado um filme sobre o qual teriam que fazer uma análise do ponto de vista psicológico, era complexo, mas Regina estava a conseguir fazer o que tinha sido proposto.

Tinham-se passado algumas horas, eram seis horas da tarde quando Regina se sentou sobre o pequeno muro na fonte. Agora, ouvia o cair da água e aproveitava o momento. Gostava do cheiro que as flores brotavam e deixavam pelo ar, trazia a sensação de calmaria.

Como estava de costas, Mills não sabia o que se passava atrás de si e foi com muito espanto que ouviu alguém falar atrás de si.

– Oi.

The Fountain (swanqueen)Where stories live. Discover now