Capítulo 1

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Já haviam se passado cinco anos do ocorrido e minha vida tinha mudado absurdamente de lá para cá. Os meses subsequentes ao que me aconteceu foram os mais terríveis, eu me sentia sufocada, tanto pelos cuidados que meus pais me dispensavam quanto pelos mexericos que me seguiam por onde quer que eu fosse. Mas o pior era a sensação de estar sozinha, eu afastei a todos nos dias que se seguiram, tomei essa decisão quando descobri que uma das pessoas que eu mais confiava era quem havia começado todos aqueles boatos sem fundamento.

Eu e Daniel crescemos juntos, foi ele quem me apresentou Thomas e também foi ele que me condenou e junto comigo a única pessoa que tinha ficado ao meu lado naquele momento. Foi preciso semanas para que eu finalmente deixasse que alguém se aproximasse e era ele que estava ali, não via sentido em não perdoá-lo, conhecia meu amigo e principalmente sua fraqueza. Ele não queria me condenar, não pensou o quanto isso teria sido ruim para mim, ele só estava preocupado em fazer seu maior rival pagar pelo que ele acreditava que o outro tinha feito.


- Me perguntando se um dia você vai me desculpar – disse parecendo arrependido.

- Não tenho o que desculpar, - não conseguia encará-lo – você não pretendia me prejudicar, se você deve desculpas a alguém é a Thomas.

- Ninguém o vê há semanas – o desdém pingava pelo canto de sua boca - deve estar jogado em algum beco, drogado como sempre.


Houve um tempo em que Thomas e Daniel foram grandes amigos, mas as coisas mudaram quando comecei a me envolver com Tom. Não sei muito bem porque, mas a hostilidade entre os dois era crescente e quando já era impossível ignorar eu escolhi me abster de me preocupar, não podia imaginar como isso iria acabar.


- Isso é com você Daniel – já havia me envolvido demais na briga dos dois – procure-o, sei que isso vai fazer para vocês.

- E você? O que vai fazer?

- Estou indo embora – não precisei pensar muito sobre isso, eu precisava fugir e era o que iria fazer. - Vou para São Paulo, vou achar um emprego e começar do zero. - Naquele momento aquela era a melhor decisão que eu poderia ter tomado.


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  - Você só pode estar brincando! - lidar com Mônica não era muito fácil, alias o problema é que para ela tudo era preto no branco, prático demais.

  - Não querida – ela estava mesmo revirando os olhos? - Não brinco em serviço. Você precisa parar de fugir, vá lá encare todos esses problemas e os resolva – pelo visto ela falava sério, mesmo sem saber a extensão dos meus problemas, eu nunca havia contado nada a ninguém – e quando voltar você vai estar se sentindo bem mais leve e pronta para qualquer coisa.

Mas nada era tão simples assim, voltar significava trazer de volta todas as lembranças e traumas do que eu tinha enfrentado. Resolver os problemas que eu tinha deixado para trás significava ter que enfrentar Thomas, e eu não sei se estava pronta para isso.

Ter me mudado para São Paulo foi a melhor coisa que eu fiz. Sem julgamentos, sem olhares atravessados, sem acusações. Eu podia simplesmente viver um dia de cada vez. A dor e a humilhação ainda estavam ali, mas eu tinha aprendido a conviver com isso e estava trabalhando para deixar tudo de lado. Só não estava pronta para o próximo passo.

- Talvez você esteja certa – virei-me para encará-la – Mas o problema é que não sei quanto tempo vou ficar fora, não é como se você pudesse me dar uma dispensa ou me dar férias forçadas.

CondenadaWhere stories live. Discover now