𝟑𝟏 | 𝐂𝐑𝐎𝐀́𝐂𝐈𝐀

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Lucas ri de mim.

Já faz umas boas semanas que ele está aqui. Morando comigo até que a dívida esteja paga e ele possa voltar a andar pela cidade onde mora sem ter o perigo de levar uma surra de novo.

Estou passando as semanas aqui junto com ele, já que fui demitida. Não paguei minha parte do aluguel pra Yasmin nesse mês de dezembro, então lá no Rio, eu não broto nem tão cedo. Talvez eu volte a mandar currículo por aqui. Conseguir um emprego numa empresa de marketing de novo, sei lá. Algo que não me canse como aquele barzinho. Bom, vou ter que arrumar um emprego logo porque não vou ter dinheiro pra sempre. Minhas economias e o recesso vão compensar só esse mês.

Terminamos a comida minutos depois, estou colocando os pratos na pia pra Lucas lavar, não estou nem louca de preparar a comida e ainda ter que limpar a sujeira, quando a campainha do meu apartamento toca.

Atendo rapidamente e dou de cara com aquele sorriso maroto no rosto do Veiga ao abrir a porta.

— A guerra acabou — ele me dá um beijo na minha bochecha e entra na minha casa. — E aí, parça?

— Fala, mano! — Cumprimenta meu irmão, ensaboando um prato. — Me fala que hoje é o dia que serei solto dessa prisão.

— A melhor prisão do mundo então — aviso, reparando no envelope na mão do Veiga.

Ele percebe pra onde eu encaro e me entrega o papel.

— Consegui a grana.

— 'Cê 'tá falando sério!? — Meu irmão sai correndo da pia e fica de frente pra gente com as mãos cheias de sabão.

— Você vai limpar esse chão — informo, apontando para a poça que já está se acumulando pelas mãos sujas dele.

— Já juntei com a grana do Gabigol — Raphael informa quando pego o envelope e verifico o dinheiro. — 'Tá tudo aí.

— Ótimo. Vou guardar e depois do jogo a gente vai atrás dos caras.

— Tem certeza que você vai, Lu? — pergunta Veiga, preocupado. — Eu posso ir com o zé ruela aqui. De boa.

— Eu vou também. Pelo menos vou me sentir melhor sabendo que não há mais problemas. E você — aponto um dedo pra cara de felicidade de Lucas. — Trate de fugir de confusão, caralho. Eu não vou mais te ajudar se você se meter em furada de novo. Me ouviu?

Ele balança a cabeça em concordância.

— Você tem que parar de dar vacilo, parça — começa a falar Veiga com os braços cruzados. — Sua irmã não vai 'tá o tempo todo do seu lado, não. 'Cê já é grande, sabe se virar. E tem talento no futebol. Scarpa 'tá investindo em você. Se dedica.

— É... — meu irmão pressiona os lábios pelo que ouve. Principalmente por Veiga citar o futebol que meu irmão se afastou por ter zoado o tornozelo e esse curto tempo afastado foi suficiente para ele se meter com gente errada. — Eu sei que eu vacilei e que... não devia ter feito o que fiz. Me desculpa por te causar esse problema, Lu.

— Relaxa, Luquinhas — agarro o pescoço dele e o envolvo num abraço todo torto, já que ele teve que se abaixar pra ficar na altura dos meus braços. — Agora é só se comportar e começar a me dar orgulho.

— Eu vou, sim — ele me garante com confiança, se soltando de mim. — Vou voltar a jogar e vou crescer no futebol.

— Te ajudo a te colocar na base — informa Veiga, fazendo meu irmão arregalar os olhos em choque.

— 'Cê 'tá falando sério?

— Claro, caralho! — Veiga está sorrindo. — Você só precisa se dedicar e eu te coloco na base. Quem sabe até disputa a copinha ano que vem.

HOTEL CARO ━ gabigolWhere stories live. Discover now