Capítulo 5

108 31 58
                                    

— Atrevo-me a perguntar o que a aflige, sobrinha

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

— Atrevo-me a perguntar o que a aflige, sobrinha.

A doce voz, talvez a única alma bondosa naquele castelo, Helaena.

— Não entendo o que a leva a supor tamanha tolice. - Responde sem ousar olhar para trás onde se encontrava a mulher de vestes douradas.

— A arte é puro espelho emocional, a chama é como um peso, como se a minúscula criatura carregasse o mundo às costas e com ele todo o desassossego e angústia. Com o tempo a borboleta aprende a viver com a dor que a cerca, carregando-a para sempre como uma parte de si, agora essa mesma dor não é vista como um fardo, pelo contrário é uma autêntica beleza, unicamente compreendida pelos verdadeiros artistas.

Pega de supresa pelos pensamentos profundos da mais velha Blairys atreve-se então a fitar a figura que apreciava e testemunhava a sua agonia.

— Wow, não conhecia esse seu lado intenso.

— Oh por favor, a minha vida não se resume a coser desenhos. - A outra sorri. — Agora diga-me sobrinha, compartilhe com esta alma aborrecida o que tanto a perturba.

A jovem respira fundo, talvez pela primeira vez não fosse má ideia desabafar, deitar cá para fora tudo aquilo que remoía em seu interior corrompendo-o de tal maneira que chegava a enlouquecê-la.

— Vossa majestade. - Um suspiro escapa dos seus lábios. — Temo que não dure muito mais tempo, a cada segundo que passa receio que fique pior, Helaena... Sinto-me inútil ao vê-lo morrer lentamente naquela cama sem ao menos conseguir realizar o seu único desejo. O meu avô sempre sonhou com um vínculo íntimo, banhado de sucesso... Mas como algo assim é possível se nem no mesmo espaço conseguimo-nos comportar?

Distraída nos próprios devaneios Blairys é forçada a voltar à realidade assim que nota o comportamento estranho da outra. Chamando-a, esta fixa-se no corpo da tia que por instantes parece possuído,
uma profecia estava por vir.

—A queda da âncora agitará o mar de fogo.
A queda da âncora agitará o mar de fogo.
A queda da âncora agitará o mar de fogo

A Targaryen mais nova permanecia estática, não sabia exatamente como atuar perante apavorante situação, talvez se abanasse o corpo da tia só pioraria o caso.

Fechando os olhos a mulher de sonhos proféticos cala-se, deixando a outra alarmada. Alívio e um misto de confusão atingem-a ao presenciar a doce amiga com um sorriso no rosto como se o episódio de há segundos fosse fruto da sua imaginação.

— Blairys, querida... Está tudo bem?

Não.

As palavras sem nexo martelavam na sua cabeça. Ela precisava urgentemente de decifrar aquele enigma, talvez assim evitasse um infeliz incidente.

— Sim, apenas lembrei-me que fiquei de passar no jardim para colher algumas flores, a minha tinta está prestes a acabar.

Com um sorriso, a Targaryen abandona o recinto.

Pelo corredor fora, a princesa repetia as palavras que perturbavam sua mente numa charada perigosa.
Alheia ao mundo real, nem deu conta da figura masculina, acabando por ir contra o mesmo, que por sua vez resmungou baixinho desconformado com a distração desta.

— Não me admira que acabem mortos. - Cospe Aemond, revirando o olho. A imprudência dos sobrinhos custaria as suas vidas. Descontente com o seu silêncio, prosseguiu. — Nada a dizer? Típico da sua mãe, sempre a fugir das responsabilidades.

— Cuidado tio, devo-o relembrar do destino do último que ousou ofender a herdeira do trono de ferro?

O Targaryen sorri debochado antes de prosseguir caminho, embora fosse a mais pura verdade, Vaemond Velaryon foi tolo ao insultar diretamente a meia irmã, principalmente na presença do príncipe rebelde.

[...]

A fim de aliviar a mente do caos que reinava dentro das paredes do palácio, Blairys decidiu dar um passeio pelo jardim do castelo. Degustando do ar puro e da leve brisa em seu rosto, ela caminhou tranquilamente, contemplando a natureza ao seu redor. Sob a fresca do frondoso e majestoso carvalho, a princesa sentou-se no banco de pedra, apreciando o cântico agudo dos pardais.

Perdida na beleza da mãe natureza, não deu conta da presença do guarda que com uma referência a abordou.

— Perdão princesa, chegou uma carta para Sua Alteza. - Com uma vénia, o mesmo prossegue com os deveres.

Olhando de relance para ambos os lados, abriu o envelope assim que constou que permanecia sozinha.

"Querida Blairys,

Espero que esta carta chegue em segurança às suas mãos. Não faz nem dois dias que chegamos a Pedra do Dragão e não tem um segundo em que não pense na minha menina.

Reconheço que não será fácil testemunhar o estado do seu avô, com escassos recursos e nada ao seu alcance.

Quero que saiba que estou aqui, se precisar de mim não hesite em escrever.

Como sua mãe, a minha maior preocupação será sempre a sua segurança e felicidade.

Com amor,

Rhaenyra"

Oh, como ela entendia perfeitamente! Ficar longe da figura materna podia ser uma aventura assustadora, quase como encarar o desconhecido. Contudo, mesmo quando se sentia vulnerável, ela descobria a força interior de um dragão impetuoso, capaz de intimidar qualquer alma que ousasse cruzar o seu caminho, com apenas um olhar fulminante.

»»————- 🐉 ————-««

Antes demais peço desculpa pelo sumiço!
Como pedido de desculpas, o próximo capítulo está pronto a lançar ainda esta semana.
O que acham da relação da Blairys com a Helena? 🦋

The Ashes of a Portrait || Aemond Targaryen Where stories live. Discover now