— Ele não vai te machucar, coração! Não precisa ter medo.
— Jinie falou, acariciando o cabelo do mesmo.

Soobin ficava sempre muito nervoso quando alguém além de Jin falava com ele ou o tocava.
Estávamos tentando reverter isso, ou seria impossível ganhar a guarda dele, já que o orfanato era rígido e se ele mostrasse medo ou receio, já era.

Eu não sabia bem porque ele tinha tanta confiança em Jin e tanto medo em mim, mas internamente, isso me deixava triste.
Eu era incapaz de fazer qualquer mal a alguém(mesmo que fosse uma mosca).

— Toca aqui!
— Estendi minha mão e ele bateu, abrindo um sorriso.

— L-legal!
— Falou baixo e parecia que tinha medo de que eu me opusesse ou o criticasse.

— Uhum! Coração, você sabe aonde está Mi-Young?

— E-ela está meio...dodói e não sai do quarto.
— Falou, olhando para as suas próprias mãos.

— E o que ela tem?
— Indaguei.

— Ela disse que é tristeza. Toda noite, vai umas enfermeiras no quarto dela e ela toma vários remedinhos.

— E como você sabe disso?

— Eu tenho uma amiguinha lá.
— Falou firme.

Jin me chamou para irmos vê-la e obviamente que eu concordei.

Nos direcionamos ao bloco onde ela ficava e eu entrei receoso em seu quarto, pedindo a cada instante licença e com receio de atrapalha-la.

— Mi-Young?
— Falei e vi que ela se virou, seu olhar era caído e tinha faixas em seus braços.

— Joonie!
— Ela sorriu e correu em minha direção, me abraçando.

— Como você está, Mi?

— Bem melhor agora e vocês? Jinie!
— Ela sorriu e se direcionou a Jin, o abraçando cuidadosamente e falando com Soobin e Seo-yun.

— Princesa, olá! Estamos felizes de estar com vocês.
— Seokjin falou e eu concordei.

— E então, como andam as coisas?
— Indaguei e ela se sentou em sua cama, evitando olhar-me.

— Vão bem!
— Sorriu pequeno.

— Um passarinho me contou que você estava doente.
— Falei e ela suspirou baixinho, olhando os seus braços e logo após nos olhando.

Cuidadosamente, nos juntamos a ela e eu passei a acariciar as suas mãos.

— Não é nada de mais, apenas minha ansiedade que anda mais intensa esses dias.
— Falou, sorrindo fraco.
— E aí, eu acabei... fazendo umas coisas, que me levaram a tomar remédios frequentemente e ficar com isso.
— Apontou para as faixas em seus braços.

— Ainda está com problemas com os seus colegas?
— Jin indagou e ela assentiu.

— As coisas andam difíceis. Eu me sinto suja e triste por ser assim.
— Falou e vi que Soobin a olhou de forma intensa, como se buscasse entender o que ela queria dizer.

— Não deveria se sentir assim, pois sabe que não é verdade! Isso não te faz menos incrível e especial, mas única! Imagina se fôssemos iguais a todo mundo? Se nos encaixassêmos em uma chata caixa? Seria chato, não acha? O nosso diferente, torna o mundo melhor, mais colorido, mais vivo.
— Falei e vi ela me olhar sorridente.
— Nós amamos pessoas e não nos limitamos ao que nos foi ensinado a amar. Isso é incrível, Mi-Young! Nós não somos iguais e não somos todo mundo!
— Sorri e levei o meu olhar ao meu marido, que tinha um olhar orgulhoso.
— A bissexualidade não é algo sujo ou motivo de tristeza, mas sim, de orgulho. É uma luta nossa! Sempre tentam nos apagar, mas não conseguem, porque brilhamos! Brilhamos muito!
Particularmente, a bissexualidade me deu experiências incríveis e me tornou mais maduro. Jinie me fez me descobrir e o meu processo foi difícil, assim como o seu. Não fui bem aceito ou acolhido. Minha família é conservadora para caramba e isso me afetou por um tempo, até eu não ligar mais. Dói no início? Claro que dói. Mas, é um processo, Mi-Young! Mais doloroso será se ficarmos esperando aceitação e amor.

𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞Where stories live. Discover now