único; você vai se sair bem, andrew.

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nota do autor:

faz tempo que eu não escrevo, perdoem essa atrocidade.

isso era pra ser uma one aleatória, mas acabou que eu transformei em soulmate au e enfiei no mesmo universo de uma outra one que eu estava trabalhando. espero que quem ler entenda como funciona a coisa de alma gêmeas aqui porque eu não sei se expliquei direito já que eu nem falei tanto sobre o universo *choro e ranger de dentes*

19

Neil Josten desligou o celular, jogando-o para longe logo depois de uma breve olhada no número que havia acabado de receber. Não precisava de uma contagem para saber que seus dias estavam mais próximos do fim, ele sabia disso desde que era o pequeno e assustado Nathaniel, assim como Alex sabia que sua sobrevivência dependia de sua capacidade em desviar de qualquer vínculo que pudesse se formar com alguma pessoa.

Chris não podia se dar ao luxo de ser alguma coisa pra alguém, não importa o quão normal desejasse ser, mesmo que às vezes imaginasse como seria sair por aí atrás de sua alma gêmea. Era fácil para ele não ceder já que nunca sentiu esse tipo de coisa por outra pessoa e ele também não podia se dar ao luxo de procurar por quem quer que o estivesse aguardando (se é que estava). Foi um golpe de sorte Neil Josten ter encontrado Andrew, embora parecesse mais azar.

Neil, assim como todas as suas outras personas, já havia passado da fase de lamentar o infortúnio que era ter nascido como uma carta marcada, no entanto, com Andrew Minyard na jogada, a história era outra. Lamentar a falta de tempo era um país novo para Neil e, além de uma onda de atração súbita, uma estranha vontade de poder viver veio de brinde com Andrew.

Andrew, que fazia Neil jogar tudo pro ar só para ficar deitado ao lado dele, sentindo o calor de seu corpo e apreciando do jeito certo o seu silêncio calmante e confortável. Ele que passou de alguém que Neil deveria manter distância para primeira pessoa em quem Neil pensava quando recebia mensagens como aquela. E não era porque tinham uma ligação misteriosa e estavam destinados a isso como se fosse uma obrigação ficarem juntos (e, na real, ninguém era), mas porque a lealdade e confiança de Andrew (além do tom mel de seus olhos ou do halo que o sol faz em volta de seus cabelos loiros) eram algo que realmente admiráveis. Essas coisas fariam uma falta danada quando Neil fosse embora.

E ele tenta não pensar nisso sempre que pode, do mesmo jeito que evita pensar em seu pai e seu pessoal o caçando lá fora, desejando apenas ficar ali, deitado ao lado de Andrew, segurando seu rosto com uma mão e usando o dedo indicador para deixar um carinho delicado na bochecha onde o número 4 que Riko tatuou em Neil era, em Andrew, apenas uma cicatriz sutil.

Andrew aconchega o rosto em sua palma como um gatinho, pedindo mais carinho, e Neil acaricia o cabelo de sua nuca, sentindo uma vontade súbita de beijar cada cantinho quente e macio de seu rosto assim que o loiro fecha os olhos como se confiasse nele cegamente. Quando os abre novamente, Andrew encara Neil como se pudesse ver através de sua fachada.

“Me diga seus planos para o futuro mais uma vez, Neil.” Andrew pede e espera pacientemente que Neil reflita.

“Meus planos?”

“Ou os planos de Kevin", Andrew reitera. “Dá no mesmo.”

Neil demora um pouco, voltando sua atenção para os lábios de Andrew para se tentar se livrar da sensação de ter sido pego.

“Eu vou ser jogador profissional e, um dia, farei parte da seleção dos Estados Unidos.” Neil mente descaradamente, pensando em que mundo louco suas palavras seriam suficientes para que Andrew não saísse dos trilhos. “E você também… Você vai se sair bem, Andrew.”

“Você vai, drogado”, Andrew sussurra, como se fosse uma promessa, e algo dói em Neil, rasga e revira seu estômago.

Neil acaricia os lábios de Andrew com o polegar e Andrew o olha como se ele fosse alguma coisa, embora sempre concordasse silenciosamente sempre que Neil se chamava de “nada”. É impossível para Neil não retribuir o olhar. Ele olha para Andrew sentindo o coração se encher com algo que ele nunca conseguiria explicar com palavras. É como se Andrew fosse a coisa mais incrível que ele já viu. E talvez realmente fosse.

Um homem morto nunca poderia, mas Neil certamente não se impediria de descobrir isso se tivesse um pouco mais de tempo, se ele fosse ao menos um pouco livre para viver e não apenas sobreviver. Ele descobriria que o que sentia por Andrew não se comparava nem um pouco com a sensação de se ver solto no mundo, sem nenhum tipo amarras, como ele sentia quando corria ou jogava exy. Nada disso parecia maravilhoso perto de Andrew.

Ele não sabe quando ficou tão conectado com Andrew a ponto de se sentir exposto, ou quando passou a querê-lo tanto que às vezes doía pra cacete, mas ele sabia desde sempre que isso era perigoso. Sua mãe não o teria repelido tanto se não fosse.

Mary o espancaria se estivesse viva e Neil se atravesse a contar a ela o quanto de seu coração havia dado a Andrew. Mas, naquele momento, sentindo os lábios de Andrew contra os seus, Neil sabia que não se arrependeria de nenhum segundo.

anjos mentem para manter o equilíbrio.Where stories live. Discover now