—Cala a boca porra-grito

—Eu tô cansando de você-diz saindo

Eu nunca tinha visto esse lado do Bryan,nem sabia que existia,ele sempre me falou a verdade mas nunca surtou comigo.

Choro o caminho todo de volta para casa,me tranco no quarto e fico deitada o resto do dia. Isso tirou toda a minha vontade de viver.

Depois de algumas horas ele bate na porta.

—Me deixa entrar-encosta a cabeça no batente

—Some daqui-grito-Me deixa em paz

—Por favor Beatriz-empurra a porta-Eu preciso muito falar com você

—Eu não quero saber-me sento na cama-Tu não tá cansando de mim?

—Eu só tô estressado e cansando-diz bravo-Tu tá com as planilhas das armas?

—Pega meu notebook-ele me entrega-Vou te mandar o arquivo

—Valeu-diz saindo do quarto

Não esperava que ele se humilhasse ou algo do tipo mas uma desculpa seria de bom tom. Talvez o Bryan não fosse o garoto que conheci em NY.

Lembro que ele odiava toda e qualquer coisa que o ligasse ao comando,queria cantar e investir na carreira de trapper,nada mais que isso. Ele é muito bom. Sempre soube que seu pai não
apoiava isso e queria que ele tomasse a frente do comando,como está fazendo agora.

Aquele garoto não sai da minha cabeça,Pedro, se esse for mesmo o seu nome. Ele é uma cópia idêntica ao Igor,não parece ser um primo,porquê ninguém se parece tanto assim com ele.

[...]

Quando ouço o carro do Bryan saindo,decido me levantar mais uma vez e tentar viver a bosta desse dia. Treinar é a única coisa que consigo fazer então será isso, aqui em casa mesmo.
Coloco um treino qualquer na TV.

Começo a preparar o almoço,arroz com cenoura,salmão grelhado e salada de folhas. A minha menta já tá um caos,não posso deixar que meu corpo adoeça também.

Tenho terapia daqui duas horas,é o tempo de comer e tomar um banho.
A cada sessão venho me sentindo um pouco melhor,óbvio que não conto tudo,mesmo com o sigilo imposto por lei,não é como fosse possível garantir que alguém fiquei calada. Ao invés de falar que o Igor está fugindo da polícia,disse que ele está trabalhando em outro país e que não conseguimos  nos falar muito por conta do fuso horário,tem dado certo.

Admito que nunca fui boa em ficar sozinha,em lidar com os meus problemas e mal lidei com a morte dos meus pais. Todos esses traumas iriam voltar pra me assombrar em algum momento,escolheram o pior possível. Com a Luiza e o Igor longe eu me sinto sozinha,não posso ver a Flávia porquê é perigoso demais pra nós duas, a Isa tá me evitando e não posso falar disso com meus outros amigos,eles não entenderiam.Eu só tenho o Bryan,ou tinha,sei lá e minha terapeuta.

Hoje a sessão foi longo,contei pra ela tudo o que estou sentindo,que não tenho forças pra nada e raramente tenho vontade de me levantar da cama. Ela me encaminhou para um psiquiatra.
Isso me assustou um pouco.

Estava deitada no sofá,ouvi um carro estacionar e pensei ser o do Bryan,mas a pessoa tocou a campainha.

—Oi-Isabella sorri

—Oi-ela me abraça-Aconteceu alguma coisa?

—Não-ela parece nervosa-Posso entrar?

Made In RocinhaWhere stories live. Discover now