The distance in your eyes

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Passei um tempo relaxando naquela mesma manhã antes de descer para o Salão Principal, determinado a refrescar minha mente para longe daquele sonho.

Era cerca de 7h30. Desci com Hermione para tomar café da manhã, Rony nos encontraria depois. Suspeitei por não nos acompanhar para o café — logo ele —, mas não parecia algo com que eu devesse me preocupar.

— Se depender do Slughorn — Hermione alfinetou. —, você nem precisa se incomodar com notas em Poções, pelo menos esse ano.

Ri de sua fala. Descemos o último degrau daquela escadaria — interminável, ao meu visto — e seguimos por aquele largo corredor, em direção à porta do Salão.

— Como eu disse a Dumbledore, ele superestima minhas habilidades. Acho que todo mundo faz isso.

— Autodepreciação é negativo, Harry. Quantas vezes te avisamos sobre isso? — Hermione prontificou sua empatia.

— Não deixa de ser verdade, você sabe disso.

— Pode ser — admitiu. — Mas sempre que se diminui, acaba sem uma gota de segurança. Você é mesmo um ótimo bruxo.

— Vou me lembrar disso — falei, querendo encerrar o assunto.

Exalei enquanto caminhava, como se fosse apenas mais um dia corriqueiro. Assim que passamos pela porta, olhei para dentro do Salão, muitos rostos conhecidos. À esquerda, meus olhos encontraram um garoto de rosto pálido na mesa da Sonserina, tomando seu café sozinho sem pressa. Meu coração pulando dentro do peito me fez recordar de que aquele não era mais um dia corriqueiro.

Extremamente eufórico, fiquei enjoado quando o encarei, mas não de uma forma negativa, pela primeira vez em seis anos. Meu pavor ao sentir isso voltou instantaneamente. Diminuí o ritmo dos meus passos e, inesperadamente, Draco levantou a cabeça, como se sentisse estar sendo observado. Logo olhou direto para mim, o que me fez desviar o olhar e andar mais rápido até a mesa da Grifinória. Quando me sentei, não conseguia conter os nervos e movimentos involuntários do meu corpo, denunciando aquela coisa estranha dentro de mim. Não consegui mais o encarar.

— Você ficou vermelho — Hermione murmurou para mim. Apenas suspirei.

— Fui muito óbvio? — Acredite, era uma das minhas principais preocupações.

— Mais ou menos.

Assenti. Respirei fundo para diminuir a acidez do meu sangue, uma técnica que madame Pomfrey, a enfermeira de Hogwarts, me ensinou para que eu ficasse calmo em momentos descontrolados. Servi meu café normalmente e continuei conversando com Hermione sobre um assunto que saía automaticamente da minha boca, pois meu foco mental estava naquela mesa adiante, que não ousei olhar até que fosse a hora certa. Não verbalizei sobre a conclusão que cheguei, nem ao menos a admiti em pensamento, mas eu já sabia.

Eu sentia algo por ele. Não formulei uma palavra sequer sobre isso.

— Cadê o Rony? — perguntei, olhando para a porta. — Ele vai se atrasar e reclamar pelo resto do dia que perdeu uma refeição.

— Eu o deixei encarregado de mandar os pergaminhos de detenção para o diretor. Não é justo eu fazer tudo sozinha! — Ela se queixou. Soltei uma risada e balancei a cabeça.

— Vocês dois são caóticos! Eu disse que essa história de serem monitores juntos não daria certo.

— Bem, agora que eu o repreendi, espero que mude.

— Anotaram muitas detenções nos últimos dias? — tomei um gole da xícara de chá.

— Muitas? Essa palavra é pouco! Parece que ninguém mais respeita as regras, os novatos estão mais audaciosos do que nunca!

R.E.M. | DrarryWhere stories live. Discover now