Por onde eu começo? Ah, sim!

Pequeno spoiler: Agora, acho que a Sofia vai aparecer um tanto mais por aqui (pois é).

Logo depois do café da manhã, bati um pouco de papo com meus pais e sai correndo buscar a bicicleta. Não posso enrolar muito nesses dias né.

Peguei a bicicleta, subi nela, acelerei e caí logo em seguida, de boca no chão. Ralei o joelho com força e tá ardendo até agora. Isso que dá ser burro.

Levantei, xinguei até a quinta geração da bicicleta e voltei a acelerar até a casa Let. Não caí mais, graças a Deus, e cheguei lá em uns 6 minutos. Ofegante e pingando, mas cheguei.

Não sei se estava nervoso por conta dos planos que tínhamos feito, ou pela ideia de que ela poderia ter encontrado algo para me ajudar, mas alguma coisa me fez ficar extremamente ansioso pela manhã.

Tão ansioso, que eu marretei a porta da coitada da Let. E, não obstante, berrei igual uma gralha enquanto batia palmas, chamando pela enrolada (não tinha demorado nem um minuto sequer).

Ouvi passos, acompanhados de um "PELO AMOR DE DEUS LUCAS" com um tom um tanto irritado, e já imaginei quem fosse.

— Bom dia, inferno. Não sabe bater na porta de alguém como um ser humano normal? — Disse Let, abrindo a porta com a maior fúria já vista na terra. Por mais que ela já estivesse arrumada, com um short jeans, uma camisa do Brasil e uma sandália preta linda, seus olhos estavam bastante cansados. Sonolentos. Parecia que ela não tinha dormido muito bem.

— Bom dia, marmota enfezada! Não fiz nada demais, só macetei sua porta até você atender! — ironizei, dando risadas e passando a mão na nuca — Tá tudo bem, Let? Você parece cansada...

— Nem me fale. Cansada é pouco. Você nem imagina quem veio no jantar de família.

— Hum? Prossiga... — questionei, curioso.

— "Jantar de família", pelo visto, era jantar com famílias. A família da Sofia veio passar a noite em casa. E, como a lógica, ela veio junto. — Disse, com um rosto... amigável? Ela pareceu feliz da Sofia ter passado a noite ali. Tem alguma coisa bem errada...

— A Sofia? Suas famílias são amigas assim?

— Bem, nossos pais trabalham juntos, não fiquei tão surpresa quanto deveria ficar. Mas, é, eles vieram, passaram umas boas horas conversando. E, por sinal, eu e ela ficamos em um cômodo separado durante um bom tempo. Um booom tempo.

Minha nossa senhora da bicicletinha sem freio. É, com certeza rolou uma terceira guerra mundial, uma catástrofe, xingamentos e maldições até a quinta geração da família de cada uma. Já imagino...

— E vocês brigaram muito? — Perguntei, já imaginando a resposta, mas...

— Não. Na verdade, a gente fez as pazes. Ah, e eu convidei ela 'pra' hoje a tarde também.

— QUE? VOCÊS QUE? QUE? — Indaguei na maior indignação da minha vida. Eu digo que o roteirista desse filme não bate bem na cabeça. COMO elas fizeram as pazes? Até ontem ela disse que iria "rosnar" uma para a outra?!

Letícia riu, enquanto olhava para minha cara, um tanto curiosa.

— A gente fez as pazes ué. Mulher é assim, se conversar bem, resolve. Tinha algumas coisas que eram pura birra, então só resolvemos deixar tudo quieto e, sabe, deixar o orgulho de lado. É bom às vezes...

— Então, de um dia para o outro, vocês PÁ, viraram amigas de novo? Simplesmente, puft, rolou?!

— Não de um dia para o outro né bobão. A gente é amiga, só estávamos meio brigadas, acontece. E outra, depois que vimos que o motivo da briga era besta, e que já estava resolvido, deixamos isso quieto.

12 dias até minha morteWhere stories live. Discover now