Em um mundo habitado por diversos seres e onde a magia é real, um antigo mal começa a se erguer, trazendo desesperança para o coração de todos.
No Oeste, Eirwen é uma jovem aventureira e ousada. Arwan é corajoso e habilidoso, e vive com os elfos da...
"Pensamentos de morte Juntam-se sobre a minha felicidade Como nuvens negras Sobre a foice prateada da lua"
— Sterling A. Brown, Pensamentos de Morte
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O ÚNICO BARULHO NOS ARREDORES da floresta Vihreä era o soprar do vento noturno.
A floresta era composta em sua maioria por carvalhos de troncos e galhos tão largos que pareciam portas de um castelo, e suas folhas, que eram exatamente do tamanho das mãos de um homem adulto, começavam a se tornar alaranjadas, quase vermelhas, devido a aproximação do outono. Mais para perto da região norte começavam a surgir pinheiros que dominavam toda a área, e tão juntos haviam crescido que era quase impossível ver o céu.
Arwan Tariessar ergueu a cabeça, respirando fundo por um breve momento, sentindo seu interior encher-se de tranquilidade. Ao seu lado, também na plataforma de madeira viçosa que era sustentada pelos mais altos galhos da árvore, estava Zelion - o chefe da guarda fronteiriça de Irsenoris, lar do rei élfico Erendriel Dorinaeth, o qual a entrada localiza-se no coração de Vihreä, oculta.
— Consegue escutar? — o elfo ao lado perguntou, e Arwan voltou a se concentrar na floresta, tentando perceber o som ao qual Zelion se referia.
Era uma tarefa difícil tentar ouvir o mesmo que os elfos, porém, o barulho do bater de asas foi inconfundível, assim como o leve cheiro pútrido que começava a ser trazido pelo vento. O jovem homem arregalou os olhos finalmente compreendendo o motivo do temor presente nos olhos do chefe da guarda.
— Vampiros — murmurou em resposta.
Zelion assentiu em afirmação, solene, e assobiou três vezes — um sinal para que todos os guardas descessem das plataformas e assim foi feito. Eram vinte ao todo, divididos em duplas, camuflados pelas sombras da floresta com suas vestes marrons, verdes e cinzentas.
Ficaram imóveis, agachados e com o olhar fixos acima, apenas escutando o som de asas que se tornava cada vez mais alto assim como os gritos agudos. Arwan levou o punho à boca e ao nariz, quase sufocando com o fedor que agora poluía os ares.
— Aí vem eles! — um dos guardas exclamou, fazendo um humano e dezenove elfos prepararem as flechas nos arcos.
As criaturas eram como morcegos gigantes, porém com cabeças e pés humanóides e brilhantes olhos vermelhos; eram envoltos em escuridão e conseguiam ocultar a luz da lua e das estrelas. Diziam as lendas que em muitas eras passadas os primeiros vampiros tinham sido criados por necromantes que invocavam espíritos malignos e os uniam com morcegos, dando origem à seres medonhos que se alimentavam de sangue.
Atiraram as flechas antes que os vampiros pudessem descer e a batalha começou. Flechas voavam e acertavam asas e corpos no ar, guinchos eram ouvidos e as criaturas continuavam a atacar; Arwan viu um dos elfos ser morto por mordidas feitas por dentes afiados que subiam de seu pescoço até a têmpora, o sangue jorrava até o chão.
