Ensina-me A Viver Novamente [EM PAUSA TEMPORARIA]

Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...

Após os treinos, Mimi me obrigou a sentar em um dos bancos, para que assim pudesse conferir como estava meu braço ferido. Por sorte, nós elfos fomos abençoados com uma certa tolerância a venenos. Mas ainda sim, não significava que cortes desferidos por armas envenenadas por orcs teriam cura instantânea, mas levariam menos tempo do que nas outras raças.

Enquanto conversávamos, Thorin se aproximou de nós. Eu revirei os olhos e bufei, ainda enfurecida com o anão, mas ele aparentemente não percebeu ou simplesmente ignorou. "Boa tarde meninas." Ele disse, mas apenas Mimi respondeu. Thorin ficou um pouco desconfortável com meu silêncio, mas continuou, desta vez se dirigindo diretamente a mim. "Você está bem, Estelwen? Como está seu braço?" Ele perguntou.

Eu não respondi, mas Mimi me olhou irritada e então apertou forte a bandagem em meu braço o que me fez reclamar de dor, mas foi o suficiente para que eu me lembrasse de meus modos e respondesse a Thorin. "Estou bem meu Rei, foi apenas um arranhão." Eu disse.

Thorin ficou cada vez mais impaciente com meu modo de agir e comentou. "Fico feliz que esteja deixando Mimi cuidar de seu braço. Da outra vez pensamos que perderíamos você." Ele disse, mas a cada palavra que ele dizia, mais minha fúria se acumulava dentro de mim.

"Peço desculpas por ter dado tanto trabalho a vocês naquele dia. Garanto-lhe que isso não se repetirá." Eu disse, o que despertou a ira do anão.

"Estelwen se está agindo assim por causa de ontem, eu posso lhe garantir que-" Mas eu o interrompi, não queria continuar aquela discussão, pelo menos não de cabeça quente como eu estava. Eu aproveitei que Mimi havia terminado de enfaixar meu braço e me levantei.

"Não temos nada que conversar sobre isto, Thorin." Eu disse, colocando um ponto final na discussão. Mas para variar, Thorin não daria o braço a torcer.

"Temos sim, elfa, eu sei que você não queria que fossemos, mas eu não iria ficar parado de braços cruzados." Ele disse, engrossando cada vez mais a voz.

"Claro que não, você só faz o que bem entende não é mesmo, Thorin?" Eu disse com sangue nos olhos. Thorin estava igualmente irritado e após nos encararmos pelo que parecia uma eternidade eu respirei fundo e disse, sem olhar para Thorin. "Pelo menos tudo se resolveu no final, isso que importa." Me virei e segui em direção a casa.

Ouvi Thorin dar alguns passos em minha direção, mas eles pararam abruptamente e em seguida ouvi Mimi sussurrar para ele que não me seguisse. Eu apenas continuei sem olhar para trás e entrei no casarão pela porta que dava para a cozinha. Assim poderia beber um pouco de água e tentar espairecer minha mente.

Para minha surpresa, encontrei Dwalin sentado à mesa, de frente para a porta. Me lembrei que não o havia visto durante os treinos. Ele afiava cuidadosamente uma adaga, a mesma adaga que devolvi a ele quando nos reencontramos. Ele a admirava com tanta ternura... mas ao mesmo tempo com um sorriso triste em seus lábios. Resolvi cumprimentá-lo para que ele soubesse que eu estava presente.

"Boa tarde Dwalin. Não o vi no pátio com os outros. Está tudo bem?" Eu perguntei. Dwalin deu um pulo da cadeira e rapidamente escondeu sua adaga debaixo da mesa.

"Boa tarde, Estelwen. Eu estou bem... só quero ficar um pouco sozinho." Ele disse, da forma bruta e rustica de sempre. Eu dei um leve sorriso e disse.

"Bem... não o importunarei então, vou apenas beber um pouco de água e voltarei para o campo de treino. Mas saiba que serei uma boa ouvinte caso precise." Eu disse ao passar por ele e me dirigir a pia, onde havia uma jarra de água e alguns copos. Após beber, me dirigi novamente para a porta.

Mas assim que eu passei pelo anão, senti um aperto firme em meu pulso. Olhei na direção de onde vinha o aperto e era Dwalin me impedindo de prosseguir. Mas ele nada disse. sequer olhou para mim. Apenas mantinha seus olhos à frente. Não pude conter uma risadinha e após me soltar de seu aperto, me sentei na cadeira a sua frente.