Capitulo 1. A cidade do Pecado

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Lion Terdarti

    No topo de um edifício, uma figura observava as ruas da cidade em sua crescente agitação noturna costumeira, sentado sob o parapeito do terraço. Se algum trausente pudesse o ver deste jeito no cenário abaixo de si, certamente pensaria que o rapaz havia enlouquecido. Que estava prestes a se suicidar. Mas isso não aconteceu.
    Luzes brilhantes e chamativas, ruídos de conversas, os sons de carros passando, tudo era observado de forma inexpressiva pelo garoto, ocultando qualquer emoção que sentisse. Se é que alguma emoção lhe residia neste momento.

— Tedarti — Chama-o. Um rapaz de estrutura alta e cabelos negros, frouxos em um curto rabo, para a alguns metros atrás do outro, aguardando algum sinal para continuar a falar. Suas roupas em tom vinho, fracamente iluminadas pelas bolas de luz do terraço, emanava um fraco odor de sangue, tal que manchava a lâmina de um curto machado que o rapaz segurava.

A pessoa então o olha de relance, interpretado pelo jovem como sua permissão para continuar. Contudo, no segundo em iria falar, o mesmo é cortado pela voz do outro.

— Não há necessidade de continuar — Sua voz soava gélida, em sincronia com seu semblante, que possuia uma sombra de desinteresse. Sabia o que o moreno falaria: "Trabalho concluído com sucesso. Devemos partir ao seu comando". Não se importava mais de o deixar termina-la. — Vamos, já é o bastante.

   O moreno nada diz, acompanhando o Tedarti pelo olhar, que se levanta e caminha despreocupado em direção à porta que dava às escadas do hotel, passando pelo rapaz e parando em frente a porta, dando um olhar de canto para o rapaz.
— Vamos River, ou quer dar as boas-vindas pessoalmente para a polícia? — Indaga o Tedarti, com um quê de sarcasmo adicionado à sua fala. Agora iluminado pelas luzes que enfeitavam o meio do terraço, sua identidade se fazia visível.

    Seu cabelo descia em ondas negras até pouco abaixo do ombro, dando destaque ao rosto firme e seu semblante afiado, formado por seus olhos que emanavam zombaria como um um vasto oceano dentro deles, pronto para naufragar centenas de navios com um único olhar.    
    O tom negro do sobretudo posto sob seus ombros contrastava sua pele alva, coberta por uma camisa social bordô e correntes finas de prata, uma menor em seu pescoço e outras duas mais longas ao lado esquerdo do sobretudo, responsáveis por manter o casaco semifechado, embora nunca vistas presas ao outro lado.

— Tão engraçado — River então se move acompanhando o de cabelos bicolor, abandonando a ferramenta e deixando para trás o cenário do alto da cidade , se misturando à grande massa de pessoas que passavam pelos corredores com pressa e curiosidade, desaparecendo entre elas.

...

"Ficou sabendo?"

"Parece que encontraram ele"

"Outro assassinato"

"É realmente... macabro o estado do corpo. Disseram que parece que tem indícios de luta pelo quarto"

"Merda, eles realmente não perdoam ninguém"

"Desprezíveis! Realmente são o próprio diabo"

"Cale a boca! Os insultando publicamente assim, está tentando acabar que nem aquele cara ali?!"

    Os burburinhos então cessaram. Apenas de pensarem na possibilidade foi o suficiente para deixar todos temerosos. Frequentemente circulavam boatos que diziam ser melhor ofender o próprio pecado do que os lideres de facções que residiam ali, em Las Vegas. Mas além de um boato, havia se tornado uma regra silenciosa entre os habitantes.

Entre Gangues E SangueWhere stories live. Discover now