Capítulo 2: Vamos pra Aspen?

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Fechei o notebook com força, abraçando meus joelhos e escondendo meu rosto entre eles, depois de ver mais uma leva de teorias sobre o que estaria acontecendo entre mim e Edward. Meu celular não parava de tocar, com o nome dele, de Greta e do meu pai aparecendo na tela constantemente. Dos três, o único que merecia atenção era meu pai, mas não quero falar com ele e saber da história fantasiosa que Greta deve ter lhe contado, com a ajuda de Edward.

—Isso é uma piada? —Gavin entrou no quarto, mostrando a tela do celular pra mim, com uma foto de nós dois. —Estão falando que vocês dois romperam porque você se apaixonou por mim, mesmo sabendo que não pode ser correspondida. Qual o problema dessa gente?

—Eles só querem matéria, você sabe. —Dei de ombros, soltando um suspiro pesado. —Mas é melhor do que a realidade.

—Ah, Grace. —Gavin se sentou na ponta da cama, me olhando um pouco triste. —Isso acontece. Todo mundo já teve o dedo podre. Eu por exemplo, não tive sorte na vida no quesito romance.

—Mas já no trabalho... —Tombei a cabeça de lado, abrindo um sorriso pra ele.

—Porque eu tenho a melhor parceira do mundo. —Ele piscou pra mim, antes de fazer uma careta quando o interfone começou a tocar.

Gavin saiu do quarto, marchando para perto da porta. Me coloquei de pé e fui até o corredor, vendo Gavin se voltar pra mim com uma expressão preocupada. Engoli em seco, esfregando as bochechas, sabendo que uma bomba atômica estava prestes a explodir na minha cabeça.

—É o seu pai. —Afirmou, apertando o botão pra destravar a porta lá embaixo.

Olhei para o pijama que estava usando, girando para entrar no banheiro e tentar ajeitar minha expressão. Meus olhos castanhos estavam um pouco apagados, por conta das olheiras das noites mal dormidas. Meus cabelos escuros estavam embaraçados e precisando urgentemente serem lavados, mas pra resolver o caos, eu os prendi em um coque estranho e feio. Minha pele um pouco morena estava esquisita, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Meu pai já tinha me visto nos piores momentos, mas com certeza não no fundo do poço depois de ser traída por duas pessoas importantes de uma mesma vez.

—Onde ela está? —Meu pai exclamou. —Onde ela está, Gavin?

Sai do banheiro, entrando na sala e encontrando meu pai a beira de uma síncope. Gavin estava encolhido, como uma criança pega fazendo algo muito errado. Levi Bailey estava no ápice dos 49 anos, mas a expressão irritada o deixou com uma aparência dez anos mais velha, antes de seus olhos castanhos encontrarem os meus e ele ficar visivelmente aliviado.

—Grace! —Exclamou, me puxando para um abraço apertado, enquanto eu me sentia a pior pessoa do mundo, mesmo não tendo feito nada de errado. —Meu Deus, filha, porque não dá notícias? Não responde mensagens e nem atende ligações. Estamos todos preocupados. Gavin também não disse nada.

—Eu estou bem. Só precisava de um tempo sozinha. —Afirmei, me sentindo muito melhor só com o abraço do meu pai.

Antes do fatídico dia, eu tinha certeza absoluta que tinha a melhor vida de todas. Tinha o melhor pai do mundo, presente e que me amava incondicionalmente. Tinha um namorado perfeito que fazia de tudo por mim. Tinha Gavin, que eu sabia que esconderia até mesmo um cadáver por mim, se pudesse. E tinha minha irmã, que por mais que nossa relação não fosse perfeita, eu confiava nela de olhos fechados. E meu trabalho, fazendo aquilo que eu mais sonhava na vida. Agora vejo que tudo isso não passava de uma ilusão.

—O que aconteceu? —Meu pai se afastou, me obrigando a encara-lo. —Edward disse que vocês dois brigaram e que agora você não quer mais falar com ele. Grace, o que aconteceu?

—Ele disse que a gente brigou? —Ele concordou com a cabeça, enquanto eu bufava. —E o que a Greta disse?

—Sua irmã? O que ela tem a ver com isso? —Indagou, fazendo uma careta. —Ela está tão preocupada com você quanto eu e Ed.

—Falsa dos infernos. —Gavin murmurou, fazendo meu pai se virar pra ele furioso. —Desculpa, sr. Bailey. Mas ela é.

—Como ousa? —Exclamou, se voltando para mim de novo. —Grace, eu quero saber o que aconteceu. Quero a verdade e não a conversa fiada do seu namorado.

—Ex namorado. —Afirmei, abrindo um sorriso nervoso e triste ao mesmo tempo. —Ele me traiu, pai. Me traiu com a Greta. Eu vi os dois juntos.

[...]

Greta — Não acredito que você contou pro papai.
Qual a droga do seu problema?
Ele cortou minha mesada, Grace!
Eu não tenho culpa se o Ed gostou de ficar comigo.
Você estragou tudo, sabia?
Agora ele está furioso comigo.

——————

Edward — Podemos conversar???
Grace, por favor, eu sei que eu errei.
Me dá mais uma chance.
Juro, sua irmã fingiu que era você.
Vocês são iguaizinhas, como eu poderia desconfiar?
Por favor, amor, acredita em mim.
Não ligo se seu pai está bravo e me proibindo de chegar perto de você, não vou desistir.
Grace???
??????
Por favor, amor.
Só fala comigo.

——————

—Já falei com a treinadora de vocês. —Meu pai entregou as passagens na mão de Gavin. —Vocês tem até o ano novo de folga. Mas precisam continuar treinando, mesmo sem ela por perto. Vou tentar ajeitar as coisas por aqui enquanto estão fora.

Olhei pra ele, sentindo meu coração derreter dentro do peito. Não sei qual foi a pior reação dele, a raiva por Edward ou a decepção por Greta. Ele ficou tão chateado que eu me senti mal por ter contado a verdade. Mas diferente do que Greta pensa, a culpa não é minha. Não foi eu quem beijou o namorado dela. Não foi eu quem a traiu.

—Tudo bem pra você? —Meu pai indagou, parando ao lado da minha mala. —Você disse que não quer falar com ninguém agora, essa viagem pode ser boa pra você. Vai ficar longe de todo mundo. Edward não sabe pra onde você vai e muito menos a sua irmã. E os jornalistas não vou poder te incomodar lá.

—Isso se eles não descobrirem pra onde vamos. —Falei, frustrada. —Eles sempre descobrem.

—Tomei todas as providências pra que não saibam. —Meu pai prometeu, deixando um beijo na minha testa. —Vai ficar tudo bem. Vá, aproveite a viagem. Quando você voltar, tudo já vai ter voltado ao normal.

Eu achava isso difícil, mas não quis discutir com ele. Gavin quem deu a ideia da viagem e meu pai concordou na mesma hora, comprando as passagens sem pensar duas vezes. Não faço ideia pra onde vamos, porque estava ocupada demais tentando sobreviver ao caos que está dentro de mim.

—Você falou com o cara? —Meu pai se virou para Gavin. —Está tudo certo com o apartamento? Precisa que eu reserve algo pra vocês em algum hotel lá?

—Ah, não. Está tudo certo. —Gavin sorriu. —O apartamento está prontinho pra nos receber. Vamos ficar bem. Pode deixar.

—Cuide da minha filha. —Meu pai pediu, parecendo triste.

—Vai ficar tudo bem, pai. Qualquer coisa eu aviso você. —Prometi, segurando a mão dele e a apertando. Então me virei para Gavin, confusa. —Pra onde a gente vai?

—Lembra daquela minha tia que morreu e deixou um apartamento pra mim? —Questionou, enquanto eu balançava a cabeça afirmativamente. —Eu nunca vendi o apartamento, porque achava que ele poderia ser útil em algum momento. Eu estava certo, ele vai ser bem útil agora.

—Espera... —Olhei dele para o meu pai. —Vamos pra Aspen?

—É. —Gavin sorriu. —Vamos ter as melhores férias das nossas vidas em Aspen.


Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Where stories live. Discover now