55 | Treasure of 1750

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Sem mentir, tive pena dela, mesmo sabendo que o sentimento não deveria ser o maior e nem o melhor, mas tive. Fiquei determinado a ir vê-la na noite seguinte, mas não estava.

Fiquei confuso, me perguntando se havia sido despedida, ou até algo pior, lembro de suspirar, pegar o copo de conhaque e sair do bar, e logo em seguida escutar gritos, que foram sessados.

Deixei o copo na janela aberta e andei alguns metros, e aquela não era a melhor cena, nem de longe, tive vontade de vomitar, e então entendi o motivo de não estar mais gritando. A boca tapada e o tecido do vestido sendo levantado.

Por sorte, naquele dia eu tinha com o que me defender, e o pavor apareceu no rosto dela, quando me viu na escuridão, apagando o homem com um golpe na cabeça, e sim, poderia ser covardia atacar por trás, mas era melhor que nada.

- Vem logo, vamos sair daqui!

Lembro que foi aquilo que eu disse a ela, a primeira coisa que fizemos foi correr, e então conheci o lugar que chamava de casa, sozinha, criada pela vizinha, pelo que entendi, foi abandonada ainda bebê na porta dela.

Mas a mulher não era nem de longe uma mãe, fez por obrigação e para não ficar com remorso, e quando a viu entrando em casa comigo, eu soube que a vida da Anna não seria nem de perto melhor depois que eu saísse.

Mulheres solteiras não levavam homens solteiros e mais velhos para casa, era preciso que fossem mais que aquilo ou qualquer coisa seria motivo de vergonha para a família.

Por aquele motivo fiz a proposta a ela, iria embora comigo, e em troca, ela teria onde dormir, o que comer e só precisava sorrir e fazer comida toda vez que eu voltasse do trabalho.

Óbvio que eu não queria fazê-la de escrava, mas ela não iria se eu não dissesse aquilo, e então, aceitou, porque sabia que seria provavelmente expulsa de casa, e uma mulher sozinha na rua era motivo de muito perigo.

A vi pela janela, era manhã, as velas da casa apagadas e soltei uma risada nasal quando vi um prato na mesa, o meu café da manhã, mas não fiquei para comer, sai em direção a ela.

A árvore em que estava era distante, mas cinco minutos de caminhada me ajudavam, e ela me observou por cima do ombro, jamais se referindo ou olhando para mim.

- Bom dia. - Falei, torcendo para estar animada.

- Bom dia. - Disse séria.

Já tivemos conversas agradáveis, onde ela sorria e parecia se agradar do assunto, mas tudo ia por água abaixo quando eu a tocava de um modo que ela pensasse ser diferente, ficava uns três dias me evitando.

- Bonita, não é? O avô do meu pai plantou nessas terras. - Observei a árvore, realmente grande e fazia uma sombra excelente. - Você gosta do ar fresco? Porque eu também, sabe, não é como o ar da cidade.

- Eu gosto. - Disse baixinho. - É diferente de onde eu morava.

Me surpreendi com o tanto de palavras que usou para falar comigo, algo novo, ela geralmente evitava e voltava ao normal no meio da semana.

- Se você quiser visitar a capital, te levo. - Virou o rosto, me encarando.

- Não. - Virou novamente o rosto. - Eu não gosto da capital.

- Por quê? É tão bonito...

- Para um homem, pode ser, para uma mulher, é o pior lugar do mundo.

Fiquei quieto, realmente, às vezes não olhamos para os lados, eu tinha mesmo privilégios, saia sozinho, bebia em público, ia onde quiser sem dar satisfação a alguém, enquanto com ela, seria o contrário.

In another life • Harry Styles Where stories live. Discover now