PRÓLOGO:

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A guerra tinha um jeito engraçado de acontecer.

Batalhas perdidas ou ganhas, sangue, gritos, mortes.

Sentimentos conflitantes entre povos irmãos, que se odeiam mais-que-tudo.

Às vezes, quando era criança, me perguntava o porquê dessa guerra.

Uma garota bonita morre pelas mãos do cunhado e então o quê?

Milênios de dor?

É estúpido se você me perguntar, mas, quem liga? No fundo, nenhum dos dois lados realmente se importa com a motivação, mas sim com a recompensa.

Destruir o inimigo, ceifar vidas, subir na cadeia montanhosa que é essa luta por libertação.

Sem nunca parar, nunca chegar no topo realmente.

É um labirinto, estreito, escuro e caótico, cheio de dor e perda.

Um labirinto feito especialmente para todos os seres do planeta, recheado com ardor e falsas esperanças.

E apesar de, ser horrível para alguns, até que gosto.

Bem, no fundo, na parte sem sentimentos humanos e rasos, naquela selvagem, movida apenas por instinto.

É satisfatório, e meu lobo ronrona feliz no doente ciclo que é a vida.

Boa, porém, rápida.

Um sopro de paz e guerra, que nós, lobos e Oriundos, estamos fadados.

Para sempre, ou por agora.

Obrigado, querida Anelise.

Agora, enquanto corro pela matança que é minha alcateia, destruindo tudo com cheiro do inimigo, reprimo a vontade de gargalhar. Isso seria rude com meus companheiros que caíram, e detesto ser rude.

Mesmo, agora. Sangue escorre dos meus dedos, lábios e espada, o brilho sutil da lua cheia iluminando a todos.

Essa batalha em especial começou há muito tempo, quando Oriundos descobriram que nosso atual alfa, meu velho tio, estava fora e acharam que somente com sua filha em tenra idade no comando, estaríamos mais fracos.

Tolos. Todos eles.

Minha prima era forte o suficiente para destruir suas gerações inteiras, e isso com um só braço.

Esse fato, todavia, nos levou até aqui, onde nós, os jovens Cães de ferro, estamos lutando pelos nossos, enquanto os Oriundos tentam escapar e partir em retirada.

Não acha uma falta de educação, chegar sem ser convidado, e então sair quando estamos sendo tão acolhedores? Penso assim, e odeio atitudes como essa.

O que me traz um certo ardor, enquanto mato quantos posso, minha corrida rápida e fatal.

Sei que Triz está do outro lado da nossa alcateia, então pulo para a floresta. É claro que os feridos irão se refugiar aqui, e que melhor lugar para um lobo caçar, que em uma floresta, na lua cheia?

Saltando contente, exponho meu sorriso favorito para minhas vítimas, agindo tão rápido que elas mal sentem. Não há nem tempo para elas me agradecerem por não fazê-las sofrer, e isso basta por enquanto.

Meus olhos vêm tudo, minha pele arrepiada, enquanto meus outros sentidos se movem. Há vários deles, repletos de medo e submissão.

Minhas duas coisas favoritas, apesar de adorar quando eles lutam de volta.

É por isso, que, quando chego em uma determinada área da floresta, paro completamente.

Uma cena se desenrola diante de mim e minha curiosidade age imediatamente, fazendo-me estagnar.

DENVER Where stories live. Discover now