— O que, diabos, pensa que está fazendo?
Alfonso fitou a mulher e a filha dela no seu espaço sagrado. Havia ido para seu escritório, imaginando que sairiam sozinhas. Afinal, se entrara sozinha, podia muito bem sair sozinha. Mas não, ela o seguiu.
— Você... Você não pode desistir... Preciso de ajuda.
E pior, ela estava chorando.
— Eu preciso trabalhar. Você precisa ir para casa. — Virou-se novamente para o computador. Fingiu que não viu as lágrimas. Mas, mesmo assim, elas o incomodaram. Se havia algo que Alfonso não aguentava eram lágrimas.
Ficou diante do computador pela segunda vez sem saber o que fazer, enquanto Anahí Portilla segurava o bebê e chorava.
— Você tem razão. É problema meu não seu.
— Exatamente. — Sentou-se. Puxou o teclado para perto de si. Ela não saiu. Sabia que não. Porque ainda podia ouvi-la chorando.
— É só...
Suspirou e virou-se.
— Só o quê?
— Eu... — Mordeu o lábio. — Não sei o que fazer.
— Contrate uma babá.
— Contratei. Mas ela não está aqui.
— Contrate outra. — Virou-se novamente para o computador. Olhou para as palavras na tela. Eram péssimas. Alfonso começou a apertar a tecla de espaço.
— Não é fácil assim.
Ela ainda estava aqui? Virou-se novamente para a mulher e para o bebê.
— Estou tentando trabalhar.
Ah, droga, as lágrimas estavam realmente escorrendo por aquele rosto. Pareciam rios descendo pelas bochechas. Até a criança o olhava como se perguntasse "o que você vai fazer?".
Bom, sabia o que não ia fazer. Não ia deixá-las ficarem em seu escritório. Esse era seu território, e a Sra. Bracho já estivera ali, interrompendo sua linha de raciocínio. Já tinha dificuldade o bastante para escrever sem essas duas por ali.
— Vamos voltar lá para baixo — disse, praticamente empurrando-as para fora. — E pegar um café ou sei lá.
Por que disse aquilo? Seu objetivo era tirá-las da casa, não servir bebidas.
Logo depois, no entanto, estavam na sala. Anahí sentou-se na poltrona de couro, deixando escapar um alívio discreto em sua aparência delicada. Soltou a cadeirinha no chão e ajeitou a criança no colo, segurando-a fortemente contra o peito. Juntas, pareciam duas órfãs lamacentas. Alfonso quase, quase, sentiu compaixão.
Bem, só por isso não faria nenhum café. Sentou-se na cadeira do lado oposto, assistindo às lágrimas correndo naquele rosto, ainda sentindo-se totalmente desconfortável. Entregou-lhe uma caixa de lenços e saia dessa casa, mas ela o fitava como se fosse seu salvador, e quando abriu a boca para mandá-la embora, encontrar outra opção...
Não conseguiu.
— Sério você me ajudaria muito. Não posso nem começar a...
— Então não comece — interrompeu. Se começasse a agradecer outra vez, diria não. Nem tinha concordado em cuidar daquela criança, tinha? Não. Iria mandá-la encontrar outra pessoa. Sim, é o que faria. Tinha um livro para terminar. Uma carreira para salvar.
— Se eu cuidasse de sua filha por alguns dias seria totalmente...
Ela pulou da cadeira e foi até ele, como se fosse abraçá-lo.
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PAPAI POR ENCOMENDA
FanfictionO escritor Alfonso Herrera precisa de paz e solidão para poder produzir seus textos, e não de uma, bebê desconhecida na porta de casa! Mas ele não poderia simplesmente ignorá-la na soleira... Apesar de não saber lidar com crianças, fica pasmo quando...