Aurélia: temos intimidade suficiente pra eu te falar. Terapia não vai fazer você apagar tudo que passou. É normal não se sentir bem com o seu passado, eu sei que não foi fácil. Para de se cobrar para não sentir uma coisa que ainda te machuca. Não pule etapas. Respeite seus limites, suas emoções. Você não é uma máquina pra esquecer tudo da noite pro dia. Se tem um motivo específico que está te trazendo " a tona" corte. Nada vale mais do que a sua saúde mental.- prestei atenção em cada palavra dela e me fez refletir por alguns segundos- Hanna?

Hanna: estou aqui.

Aurélia: tá tudo bem se sentir mal. A gente só precisa saber como podemos fazer para reduzir esse sentimento. E claro, você precisa saber também que não é pra se acomodar nesse sentimento, muito pelo contrário. Quanto mais você se esforçar, mais orgulhosa uma senhora aqui vai ficar. Eu sou, e tô orgulhosa do seu progresso Hanna!

Hanna: tem como não te amar?- falei sorrindo e limpando a lágrima que caía.- obrigada por tudo e tanto. Sou extremamente grata a você.

Aurélia: qualquer coisa, qualquer hora, você me liga se precisar. Vou lançar os horários da nossa sessão online, tudo bem?

Hanna: sim, obrigada mesmo.

Aurélia: tenho um cliente marcado daqui dez minutos e tô em casa. Beijos amor, se cuida.

Hanna: tá bom, beijos.- encerrei a chamada caindo em lágrimas.

Me descobri uma puta chorona, e cara, chorar é bom pra cacete. Da uma sensação de alma lavada, é um desabafo muito gostoso. Estou viciada em chorar.

Depois de um tempo, eu coloquei música na tv, e comecei a fazer meu almoço. O ruim mesmo seria fazer almoço todo dia. Com a música eu até me empolguei, fiz rapidinho. Quando terminei de almoçar, lavei meu prato e peguei no meu celular, ligada se algum iria mandar mensagem.
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Rogê: tá em casa?

Hanna: tô ué

Rogê: sozinha?

Hanna: sim

Rogê: posso ir?

Hanna: pode

Rogê: marca um dez
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Ele pintou com um carrão, deu duas buzinas e eu joguei a chave pela janela.  Angustiada com o tanto que vai chamar atenção com o carro, bom, já chamou né.

Hanna: desumildade da sua parte aparecer com um carro desses nesse beco.

Rogê: arruma suas coisas, a gente vai pra Italva.- olhei as íris escuras deles e lembrando das palavras da psicóloga.

Hanna: agora?- recebo seu silêncio com resposta, aperto os olhos e levanto- dez minutos.

Arrumo uma mochila com roupas largas e invisto em calças legging. Eu estava pronta para caçar aquele cabeça de pica até no inferno.

Prendo meu cabelo em um rabo, jogo só uma água no corpo e coloco outra calça com uma blusa mais larguinha.

Hanna: bora- passei apagando as luzes da cozinha e fechando meu computador.

Desci as escadas trancando tudo e não tendo noção de quando voltaria. Não levei celular, por diversas precauções dele.

Entramos em uma favela que não era do meu costume, muito mais agitada que a vila, por conta da feirinha.

Hanna: aqui é qual?

Rogê: penha.- inclinou o corpo para ver qual rua tinha saída.

Minutos depois ele parou o carro, o que eu achava que iríamos para uma boca de fumo, foi diferente. Paramos em uma casa.

Passaram o radinho pro patrão dele e em seguida entramos. Casa linda..

- Bom dia, quem são?- uma menina que aparentava ter uns 15 anos, se levantou.

Vilão: Eloiza, entra.- falou alto e firme pra ela ouvir. Ela levantou colocando uma blusa larga com várias coisas na mão.

Vilão andou na frente até uma churrasqueira e voltou a me explicar como seria.

Vilão: é agir na maciota Hanna, vai aos poucos, tranquila. Teu nome vai tá como vitória- meu olhar vacilou em olhar pro Rogê..- se liga no papo que tu vai ter, nas palavras que você vai usar e tudo mais. Presta atenção em tudo.- concordei com a cabeça e peguei a pistola da mão da mulher.

- Cuida que essa eu tenho ciúme- brincou e eu passei a mão, era toda espelhada, linda mesmo. andei com ela até a cozinha e ela me entregou um cooler.- tem tudo aqui pra vocês comerem durante a viajem. Toma cuidado.

Hanna: obrigada..

- Lara.

Hanna: obrigada Lara - falei sorrindo e andando pra fora com ela.

Lara: eu quero que você venha me entrar pessoalmente tá?- sorri pra ela. Uma fofa.

No amor & na dor.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora