De relance, avistei cabelos loiros, pele pálida e vestes escuras. Draco. Nunca me ocorreu que meu primo fosse capaz de chorar, mas talvez precisasse de ajuda com urgência. Portanto, resolvi entrar.
Deixei minhas coisas do lado de fora e tomei cuidado aonde pisava. O ambiente não era bem iluminado, e o chão de mármore refletia a pouca luz que provinha de pequenas lâmpadas prateadas, localizadas no teto.
— Draco? — chamei.
Ele, que encontrava-se curvado diante do espelho, com lágrimas nos olhos, virou-se abruptamente. Os primeiros botões da camisa foram abertos, a gravata frouxa, o paletó amassado. Quando viu que era eu, murmurou uma reclamação e tentou disfarçar que estava chorando, tornando a observar o próprio reflexo.
— Volte para seus estudos. Estou bem.
— Não é o que parece.
— Nem tudo é o que parece — respondeu Draco, seco.
Revirei os olhos.
— Estava chorando de felicidade, é? — ironizei.
Meu primo suspirou. Optou por não responder, desistindo de tentar contrapor meus argumentos e ocupando-se em lavar as próprias mãos. Observei-o por certo período de tempo.
— Quero tanto te ajudar, Draco — disse eu. — Mas, para isso, preciso saber o que está acontecendo.
— Não é da sua conta.
— Se não fosse, eu não estaria perguntando.
Ele não respondeu. Através do espelho, pude notar que fechara os olhos com força, perturbado. As mãos começaram a tremer.
Sempre foi de meu conhecimento que Draco era muitas coisas, embora não fosse uma pessoa ruim. Era algo em que eu costumava pensar bastante: boas almas são sempre julgadas em seus piores momentos, como se isso não contasse. E ninguém nunca parece entender.
Aproximei-me com cautela, fazendo-o virar para mim. Consegui, mesmo que com certa dificuldade; e quando seus olhos azuis encararam os meus, Draco engoliu em seco, sem querer que eu enxergasse através de sua nuvem de sentimentos opacos.
— Você não é uma pessoa horrível, Draco.
— Sim — disse ele — , eu sou.
— Não — balancei a cabeça, negando várias vezes. Quantas fossem necessárias.
— Fiz coisas terríveis, S/N — argumentou — , e estou prestes a fazer uma pior ainda. Não tenho escolha. Fui ameaçado de morte, assim como minha mãe. Só quero protegê-la — eu sabia de todas essas coisas, mas algo em sua voz me quebrou. — Todos acham que sou um covarde porque costumo fugir de minhas obrigações até não poder mais, e porque tenho medo. Odeio sentir medo, mas sinto. E minha mãe também pensa isso de mim, S/N, mas não posso perdê-la. É a única pessoa em minha família que realmente se importa.
— Eu me importo.
Meu primo balançou a cabeça.
— Você precisa fugir. Não sabe das coisas que planejam fazer com você — alertou. — É por isso que deve se manter longe. Você-Sabe-Quem lê minha mente. O tempo todo. Aprendi Oclumência para outros fins, mas não posso impedir que ele entre. Seria considerado um ato de traição.
— Fugir? Traição? — quis saber, assustada. — Do que está falando?
Com impaciência e desespero, Draco explicou:
— Fui sentenciado à minha vida desgraçada no momento em que nasci nessa família de merda. Fui forçado. Tia Bella convenceu minha mãe de que era o melhor para mim, de que era o único meio de me manter seguro e longe de encrencas maiores. Então, fui designado a completar uma tarefa.
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfiction𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...
𝐘𝟔: Sectumsempra
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