一: Na montanha abençoada

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Em um final de tarde comum, subindo as escadas de pedra, logo passou pelo portão de entrada. Se ouviu o piar de uma coruja, que sobrevoava o teto do templo adiante.
Poderia ouvir barulho de uma vassoura, que levavas folhas caídas no caminho até a porta do templo a um motim de outras folhas.
Aquela que segurava o utensílio estava cantarolando algo, que só ela poderia ouvir. Ela de maneira delicada rodopiava, com um sorriso suave no rosto, sua pele amarelada e cabelos castanho-ruivos, combinavam com os tons laranja das árvores, afinal, era outono.
No topo de seus fios de cabelo, aparecia dois pares de orelhas mágicas, de cor preta, e abaixo de sua cintura, uma cauda longa e branca surgiu.
O nome daquela estranho ser era Kimi, Okazaki Kimi. Uma raposa em pele de mulher que gosta de varrer o templo onde mora.

Kimi ouviu passos vindo em direção templo, suas partes mágicas sumiram, e parou de varrer. Adotou uma postura rígida e fez uma cara de carranca, e somente esperou o estranho subir até o portão de entrada.

A figura que apareceu logo em seguida, era alguém familiar para Kimi, que suspirou de alívio e voltou a sorrir, sorriu de volta aquele.

- Ah, Ichiro... É você.

Falou entre uma risada, voltando a sua atividade com a vassoura, se virando de costas para o rapaz.

- Quem pensou que seria, mãe?

Respondeu a mulher entre uma risada também. Ele correu até o grande templo em sua frente e se sentou no caminho de madeira em frente a porta.

- Eu não pensei em ninguém, apenas me assustei.

Após sua mãe lhe responder, o rapaz cruzou as suas pernas, encostando seu corpo no pilar vermelho da casa, Ichiro agora observava a sua mãe varrer o local.

- Ei mãe, a velha Sato quer vir ao templo para agradecer por ter substituído a servente doente no restaurante dela aquela vez.

Parece que ao ouvir o nome daquela pessoa, a raposa minimamente se contorceu de desgosto, e se virou para encarar Ichiro.

- Quando descer até a vila novamente fala para aquela meretriz de pó que não precisa sujar esse sagrado lugar com a presença dela, eu vou naquele prostíbulo disfarçado de restaurante para vê-la.

Ouviu Ichiro rir novamente, mas de uma maneira mais alta e estridente, quando ela viu, o rapaz estava estirado no chão com a mão no estômago.

- Ha Ha Ha Ha! Nunca vou esquecer aqueles ronins velhos te devorando com os olhos ao invés da comida que estava servindo a eles!

- Ichiro, cale a boca.

- Sim mãe, me perdoe pela falta de educação.

Kimi largou a vassoura ao lado de Ichiro, o encarando de uma forma que fez aquele arrepiar.

- É a sua vez de varrer o passeio, vou acender as lâmpadas, está quase escurecendo.

- Sim mãe.

Ichiro rapidamente levantou e segurou a vassoura com vigor, começando a varrer até atrás das árvores, onde só tinha grama. Com as mangas de suas roupas levantadas, Kimi viu as linhas avermelhadas em seus pulsos algo que a fez arquear uma de suas sobrancelhas.

- Ei, Ichiro, não está cuidando de sua pele após seus rituais?

O garoto ficou confuso com a pergunta da mais velha, ela apontou para o pulso daquele, que logo, o escondeu abaixando as mangas.

- Estou, mas dessa vez fiz algo fora do templo, foi necessário.

- Você está crescendo e melhorando seus poderes, mas isso pode te matar, isso é óbvio.

- Eu sei.

- Depois de acender as lâmpadas eu vou cozinhar algo e você...

Ouviu um piar alto e algo pulou no ombro de Kimi, era uma coruja, desnecessáriamente grande. Que acabou assustando a mulher, interrompendo a sua fala.

- Vá alimentar a coruja, é claro. Rio, saia do meu ombro.

Kimi balançou seu ombro e a ave de rapina saiu, voando para uma árvore próxima para onde Ichiro estava varrendo.

Então ela adentrou ao templo, fechando a porta.

Em um pequeno intervalo de tempo, poderia ver pequenas luzes dentro do templo, que poderia ser vistas através das janelas.
Enquanto isso o rapaz estava resmungando, mas fazendo exatamente o que sua mãe lhe pediu. Ichiro varreu ali, varreu aqui, varreu nos cantos e logo se sentou no chão de cansaço. Na verdade, ele não varreu nem a metade do que estava sujo do local, o garoto era um pouco preguiçoso.

Entre suspiros, ele ergueu o seu pulso, e assoviou para a coruja que estava no galho de uma árvore. Por incrível que pareça, Rio entendeu o sinal de seu dono, que em um instante avançou em seu pulso com as suas garras, deferindo um enorme arranhão que faria rastros de sangue sair.

Do rapaz só saiu um suspiro, e com o sangue de seu pulso em suas mãos, jogou sobre a vassoura. Ao fazer uma espiral com seu dedo indicador, a vassoura se levantou e começou a varrer todo ambiente escurecido sozinha, bem mais rápida e prática do que quando estava nas mãos de Ichiro.

Ichiro havia usado magia, para fazer a vassoura varrer sozinha.

Ichiro agora um homem, já foi um bebê, abandonado, mas foi encontrado por Kimi, quando ela descobriu o templo afastado de uma vila, há vinte e dois anos. Mas para não o resumir a um filho adotivo, Ichiro é um feiticeiro capaz de controlar seu próprio sangue, e o usar como um parasita para controlar outras coisas.

O rapaz desde que começou a melhorar suas habilidades, seus pulsos pálidos e pescoço agora vivem com marcas de cortes, ou feridas.

É apenas um homem alto, pálido, moreno e coberto de pintas e marcas. Rio, a sua coruja, é autora de várias delas, já que o animal o ajuda em seus feitiços e rituais.

Agora estava sentado próximo ao tronco de uma árvore, cuidando do novo corte recente, a coruja claro, estava em seu lado, bicando a manga de seu robe, pedindo por atenção.

Kimi abriu as portas do templo fechado, e dele, saiu um cheiro bom de galinha cozida. Olhou aos arredores já escuros para encontrar o seu filho, mas só encontrou uma vassoura ensanguentada amontoando folhas em um canto. Já o seu filho, encontrou no lado oposto, lhe encarando com uma cara de assustado. Rapidamente ele escondeu o corte novo com as suas roupas.

Kimi levantou uma de suas sobrancelhas com uma expressão de irritação em seu rosto.

- Desfaz o feitiço na vassoura e entre aqui dentro. Agora.

Pela forma que a raposa falou, Ichiro arrepiou-se, entendeu que estava em uma encrenca.

Encarou a vassoura, que logo caiu no chão, e correu o mais rápido possível para dentro, com a mão tapando seu pulso.

Kimi fechou as portas com tanta força após o seu filho entrar, que várias folhas caíram de seus galhos.

Então finalmente anoiteceu.

Rio foi alimentada minutos depois que seu dono entrou. Ela comeu o frango que Kimi não quis cozinhar.

No outro dia, pela manhã, Ichiro é encontrado limpando o caminho de pedra até a entrada do templo. Já que sem querer acabou sujando o chão com o seu sangue, quando parasitou a vassoura.

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⏰ Last updated: Mar 10, 2023 ⏰

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A monótona vida da raposa sacerdotisaWhere stories live. Discover now