O quê os olhos não veêm

Capítulo 04 - "Sou eu..."

Uma onda de raiva e ira se apossaram em mim, eu estava cançada de gente como aquela, gente que tinha tudo e ainda assim insistia em não fazer nada, minha cabeça parecia querer explodir e a adrenalina corria rápida por meu sistema, minha boca ávida por lhe dar uma resposta que pudesse superar tal nível de ignorância - Quer saber... Não sinta - consegui dizer suavemente apesar da minha irritação - Eu sinto... Sinto por você, sinto muito mesmo por você não conseguir enxergar um palmo á frente da sua ignorância, por achar que eu, por ser cega, e apenas por isso ser incapaz de algo... Sinto por você achar isso, então não ouze " sentir " Addam, não por mim. Se quer sentir algo por alguém, pena de alguém, sinta de si mesmo. - Disse por fim, o sinal tocou, peguei minha guia e calmamente me levantei, deixando pra trás o que eu esperava alguém que tivesse entendido o recado:
Eu não era digna da pena de ninguém... E principalmente, nada nem ninguém me impediria de seguir adiante na busca incansável pelos meus sonhos, nem a minha cegueira, nem um garoto estúpido desacreditado.
Mais tarde já no refeitório Amanda me encontrou - Hey sumida, por onde andou?! - Luna perguntou sem conter a curiosidade, eu não precisava enxergar pra notar o quão radiante Amanda estava... - Andei ocupada, desculpe a demora... É que quando saí da aula da senhora Petrova, o Erick quis combinar algumas coisas comigo, ele quer muito o papel então, quer praticar muito comigo - Polly a interrompeu - Espere, de que Erick está falando?! "O" Erick?! Como assim?! O Erick o melhor dançarino da escola? - Foi a vez de Luna interromper - "O" Erick?! O cara mais gato da escola?! - Amanda soltou risinhos - Não... "O" Erick, o cara mais perfeito da escola. - Luna soltou gritinhos... Ou será que foi Amanda?! Não disse nada , apenas continuei revirando minha comida, sem vontade alguma de comer, e esperando que nenhuma delas notasse minha súbita quietude, era algo fácil de se pedir para Polly, ou até mesmo Luna, mas para Amanda não. - E então Emmy... - ela disse assim que os gritinhos cessaram - ... Er, eu sinto muito que não tenha ficado com o Erick, eu estou aqui me gabando mas vocês com certeza formariam um belíssimo casal. E talentoso também - Ela se desculpou como se fosse culpa dela, sorri amarelo - Não se preocupe Amanda, eu sei que você e Erick mereceram ficarem juntos - disse enquanto voltava á revirar a comida - Ah, mas você também tirou a sorte grande - disse tentando me animar - Por quê?! Com quem ela ficou? - perguntou Luna curiosa, suspirei - Addam... - disse simplesmente - "O" Addam?! O filho da diretora?! - espere o quê? Ele é o filho da diretora?! - ótimo! E as coisas só melhoravam - Sim Emmy, ah, ele é um gato também, mas o Addam é tipo o oposto do Erick, o Erick é como um príncipe encatado de olhos azuis e cabelos loiros, enquanto o Addam é aquele vilão que você sabe que não deve seguir mas o faz assim mesmo... Cabelo pretos, alto, forte, olhos verdes. - bufei, na parte do vilão eu concordava totalmente - O que foi Emilly?! Não me diga que vocês não se deram bem. - Bufei mais alto - Não... Não nos demos... Ele disse algo pra mim que realmente me incomodou - era mentira, o que ele dissera não me incomodara, me magoara, esperar demais dos outros... Só servia pra isso, magoar á nos mesmos, Amanda suspirou - Não se preocupe Emy, seja lá o que ele te disse. Tenho certeza que não quis te afetar, o Addam é assim mesmo, se não fosse pela mãe duvido que ainda estivesse aqui - voltei á mastigar silenciosamente, por mim ele podia ir pro inferno... Não faria diferença alguma pra mim.
(...)
A chuva batia violentamente contra minha janela, e mesmo a confortável e quentinha cama parecia ter perdido seu encanto á uma hora, a hora em que eu havia deitado, e depois de me virar em todas as posições possíveis em busca do sono resolvi que era melhor levantar, e ir dar uma volta, é claro, era estritamente proibido perambular por aí no meio da noite, mas ainda assim, a idéia de continuar deitada me fazia ficar tonta, então me levantei, calçei minhas pantufas e vesti um roupão por cima do pijama... Peguei minha guia e vagarosamente abri a porta, com o máximo de cuidado para Amanda não acordar.
Perambulei pelo ambiente tentando fazer o mínimo barulho possível, até chegar no pátio, meu destino final. Mesmo coberto ainda era possível sentir as gotas de chuva atingindo o teto violentamente, tirei minhas pantufas, o sensação dos meus pés contra a madeira fria era maravilhosa, tirei meu roupão e o coloquei junto com as pantufas e a bengala, ficando apenas com um confortável pijama, não fazia mal, ninguém me veria, eu só precisava desse momento, aqui, agora... Comecei avaliando meu espaço, um pé á frente do outro, da forma mais suave possível... Eu só tinha que tomar cuidado com as escadas á frente. A música presente apenas na minha cabeça tocava tão alto como se fosse algo real, deixei assim que meus pés levassem o resto do meu corpo, meus braços suaves em sicronia á eles, voltas e giros, pulos e piruetas, era quase como assumir uma forma espiritual, eu nem mesmo tinha controle voluntário sobre meu corpo mais...

Quinze minutos depois e o suor já escorria por meu rosto, meu peito queimava com o esforço e meu coração batuacava acelerado entre meus pulmões, ainda assim continuei, meu corpo em brasas, algo maravilhoso, de repente algo me iterrompeu... Ouvi um barulho e parei de imediato, meus ouvidos eram aguçados o bastante para ouvir o barulho de passos mesmo com a chuva violenta chocando-se contra o teto... Esperei alguns segundos á espera de quem quer que fosse, mas não ouvia mais nada e certamente não deveria ter ninguém... Joguei meus braços no ar suavemente, e rodopeiei, uma vez, duas vezes... Três vezes, e só me lembrei das escadas tarde demais, apenas quando meus pés se chocaram e tropeçaram contra o primeiro degrau, o chão estava molhado e facilmente eu escorreguei caindo, esperei a dor do choque contra o chão, a dor ao rolar as escadas de concreto mas não veio, tudo que senti foram fortes braços me segurando me impedindo de cair e firmanado meus pés contra o chão molhado...
Meus dentes tremiam assim como meus braços, me agarrei ao meu salvador, sua jaqueta estava molhada e apesar de seus braços continuarem nas minhas costas me matendo firme, continuei agarrada á ele, o choque me consumava, e de repente não só meus braços ou dentes mas todo o meu corpo tremia - Shhh shhh... Está tudo bem - disse ele, sua voz era fria, grossa e dura, como uma rocha - Vamos sair da chuva - disse ele enquanto me puxava pelos ombros suavemente - Aquela escadaria não é brincadeira, se você tivesse rolado, teria se machucado pra valer... Prometa que nunca mais vai dançar por aqui sem a supervisão de ninguém- assenti - Á qua-nto tem-po estava ali? - Indaguei ainda trêmula - ele não respondeu de imediato - Pouco tempo - assenti, de repente sentindo minhas bochechas corarem ao imaginar um estranho me observando dançar - De qualquer maneira o-obrigada... Hã, qual o seu nome mesmo? - Ele respirou fundo afastando-se o suficiente pra mim não conseguir sentir seu cheiro de menta ou ouvir sua respiração acelerada, apesar de estar quase certa de que eu o conhecia de algum lugar aquela voz... - Meu nome é Emmily - disse suavemente - E o seu? - indaguei novamente pacientemente- Addam, sou eu... Addam.

*Nota
Desculpem pela demora das postagens gente... É que eu posta outras duas histórias aqui no wattpad e peço á vocês que leiam e á acompanhem...
*Hope a escolhida ( Que está no meu outro perfil)
*She wolf ( Que está aqui mesmo no meu perfil)
É isso não deixem de comentar e favoritar se estiverem gostando
XoXo ❤