Capítulo 1; Missão Secundária: danças valsa.

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A betagem desse capítulo foi feita pela DRuh19, super recomendo.


— Ai! — Tewkesbury parou abruptamente. Enola logo se afastou com ambas as mãos sobre a boca e com olhos arregalados.

— Mil perdões! — disse, tirando as ditas sobre os lábios, aproximando-se do jovem visconde. — Você está bem?

— Estou, claro. O meu pé ter sido pisado por uma menina tão leve quanto você não é nada comparado a levar repetidos socos no rosto por um policial.

— Realmente. Comigo do seu lado você se acostumou a sofrer.

— Aprendi outras coisinhas no processo também. — Recuperou-se. — Mas então, continuemos nossa aula particular? — questionou-a enquanto curvava-se, estendendo a mão para a moça.

Enola riu e correspondeu o gesto, puxando o tecido de ambos os lados do vestido, fazendo uma reverência.

Pegou a mão de Tewkesbury, como quem era convidada em um esplendoroso baile.

— Seria uma honra, Lorde.

Eles entraram em posição de dança.

Giravam pelo pequeno espaço improvisado no local de trabalho da jovem menina, imaginando um grande salão e uma orquestra completa, tocando uma música exclusivamente para Enola e Tewkesbury. Um pensamento irrealista, com certeza; mas que mal fazia fantasiar um pouquinho além da conta de vez em quando?

O famoso visconde havia ido visitar sua antiga amiga, amiga essa que ele, volta e meia, dava uns beijinhos rápidos na maioria das vezes.

Seu objetivo ali? De início, admitia: queria apenas visitar a mais nova Holmes. Vê-la. Contudo, a senhorita, subitamente, ao presencia-lo entrando eu seu quarto, ou melhor, escritório, pediu-lhe com todas as letras: Tewkesbury, me ensine mais sobre valsa!

E cá estavam. Seus olhos a admiravam em cada traço, não fazendo questão de ocultar tal coisa.

— Enola, deve manter seus olhos em seu parceiro. Demonstrará confiança — ele disse, em um sussurro.

Tewkesbury, ousadamente, a girou, fazendo com que ele a abraçasse pelas costas.

Ele sentiu o perfume adocicado que era exalado pelo pescoço ao se aproximar dele.

— Mas eu posso acabar pisando no seu pé — argumentou, fingindo que nada demais acontecia naquele momento.

O visconde novamente a girou, só que dessa vez para fora, estando em contato apenas por seus braços.

— Eu não ligo. Meus pés podem sofrer um pouco por você.

Puxando-a com elegância, voltaram ao básico: um, dois, três.

— Isso deveria ser romântico ou idiota?

— Romântico — respondeu. — Mas diga-me, Enola, por que este interesse em dançar?

— Eu venho investigando um caso e...

— Vai a outro baile? Por isso que quer aprender mais sobre dança?

— Sim! Exatamente isso.

Tewkesbury parou, novamente.

— Eu não me sinto muito feliz em saber que vai estar dançando com um desconhecido e não comigo...

Enola parecia brevemente espantada.

— É necessário, Tewkesbury! Talvez essa dança seja a última coisa que eu precise para concluir esse caso! — exaltou-se.

— Não, não! Eu compreendo completamente! Mas é quê...

— Que o quê?

— Pode chamar do que quer que seja; possessivo, meloso, idiota ou irracional, mas eu queria que você dançasse só comigo... — Ele estava um tanto quanto melancólico a julgar pelo tom de voz.

— Isso é possessivo, meloso, idiota, irracional — Enola deu meia volta, encarando sua parede — Mas, talvez, eu também ache meio fofo. Talvez.

— Eu sei que é seu trabalho e tudo mais, mas não quero que outro homem tenha o prazer de dançar com você. — Conhecendo bem o local, ele foi até uma poltrona direcionada aos clientes. O visconde jogou-se nela, com os dedos apertando o cenho. — Eu sou tão idiota. — Parecia cansado.

— Tewkesbury — Enola o chamou a atenção —, você me ama?

— Quê?

— Você me ama, senhor visconde?

— Enola, quando eu disse que te amava naquela noite, eu te juro, foi o dia em que eu mais fui sincero em toda minha vida. Se em algum momento eu dei a entender que não, eu — Ele foi interrompido pela Holmes.

— Eu também te amo. Quando eu te disse isso, não poderia ter sido mais sincera. — A cada palavra que escapava-lhe dos lábios, mais a garota se aproximava. A jovem pegou ambas as mãos do homem, embalando com as próprias. Logo após, ajoelhou-se no chão. — Você não deve se sentir assim. Embora talvez eu dance com 1, 2, 3, 10, 100, ou seja lá quantos forem, você vai ser o único que vai fazer meu coração acelerar, minha respiração aumentar e minha mente esvaziar, focando apenas em uma coisa: você.

Tewkesbury se envergonhou com as palavras ditas pela amante. Por um minuto pensou que os papéis tinham se invertido e que ele tinha se tornado a mulher da relação. Talvez.

— Mas eu também não quero que você dance com outras garotas. — Tewkesbury ficou surpreso com a frase súbita. — Eu tenho motivos para dançar; você não.

— Mas e se eu tiver?

Ela tirou os joelhos do chão, aproximando-se do "seu garoto". Tocou-lhe em ambas as bochechas, encarando-o de cima.

— Mas você não terá. — disse, olhando-o diretamente nos olhos. — Não vou permitir. — sussurrou.

Quando estavam a centímetros, Tewkesbury também sussurrou:

— O-M-A E-T U-E — falou cada letra, formando a frase de trás para frente. Enola sorriu ao traduzir para "eu te amo".

Segunda Aula de Dança de Enola Holmes.Where stories live. Discover now