O1. PROVE.

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❤️‍🔥
O1. PROVE.

"Uma pista de dança feito para dois
Uma melodia entoada pela Lua
Oh, somos apenas eu e você
Me deixa cambaleando..."
BTBT – B.I

"Eu sou gay."

A frase ecoou pelo estúdio e silenciou todos os presentes. A plateia pareceu perdida diante da confissão enquanto a produção corria de um lado para o outro, confusas com qual passo deveriam seguir após aquela revelação. O entrevistador, antes tão sorridente, agora possuía um olhar estranho enquanto as bochechas vermelhas brilhavam diante das câmeras apontadas para ele e Jeon Jeongguk.

— Desculpe? — Ele riu, tentando retornar para a entrevista, mas Jeongguk não parecia disposto a colaborar.

— Eu sou gay. Sabe o que é isso? — perguntou. Transparecia tranquilidade, como se não tivesse acabado de assumir-se gay em rede nacional. E por mais que seu coração socasse o peito, sentia vontade de rir da cara de otário que o entrevistador tinha naquele momento.

— É claro que sei — respondeu com desdém, perdendo-se do personagem bonzinho que havia construído durante todos aqueles anos de televisão. Era de se esperar aquela reação.

— Pois bem, então isso serve como resposta para a sua pergunta idiota, não é?

Jeongguk sorriu mais uma vez. Estava pronto para dizer mais absurdos que lhe garantiria algumas inúmeras semanas em destaques por todas as mídias do país, mas Hoseok foi mais rápido em invadir o estúdio e obrigá-lo a se levantar.

Enquanto era arrastado pelo assistente, ouviu o comando para que as câmeras fossem cortadas e o programa encerrado. Olhou ao redor e todos pareciam chocados demais com o que haviam acabado de presenciar. O furo era grande, mas a revelação foi tão inesperada que nenhum dos produtores do programa conseguiam raciocinar corretamente como monetizar aquilo. Jeongguk quis rir da forma que havia calado a boca de todos e feito com que engolissem a força todos aqueles rumores sem fundamentos, mas então deu-se conta do que tinha feito ao receber tantos olhares julgadores em sua direção. Seu sorriso morreu no mesmo instante e a carranca grosseira voltou a sua feição. Revirou os olhos e ergueu o dedo do meio para todos antes de ser arrastado para o camarim.

Hoseok segurava seu pulso com força, Jeongguk conseguia sentir a palma úmida e gelada dele e aquilo deixou-o em alerta. Aos poucos, a ficha do que tinha feito começava a cair e, por mais que soubesse muito bem o que iria acontecer dentro de alguns minutos, não conseguia se arrepender. Era como se finalmente tivesse conseguido abrir a porta da gaiola que o prendia. Podia ser livre. No entanto, lembrou-se que não sabia voar. E agora que toda a adrenalina de se arriscar havia passado, também sentia-se puto com tudo e todos daquele lugar. Não passavam de um bando de conservadores imundos.

Enquanto Hoseok o arrastava pelos
corredores da emissora, esbarrando em olhares cheios de preconceito, sentiu seu coração acelerar. Apertou a mão do amigo com força ao sentir seus dedos formigarem e as pernas pesarem.

Teria uma crise de ansiedade em breve.

— Hobi? Eu não consigo respirar — chamou com a voz fraca. Os olhos do amigo caíram sobre ele e na mesma hora percebeu o que estava acontecendo.

Entrou no primeiro camarim que achou pela frente e obrigou Jeongguk a sentar-se na poltrona ao lado da porta. Com a manga da própria camisa, secou o suor que começava a se acumular nas têmporas do modelo.

— Ei, olha pra mim — pediu. — Respira e conta até três. Vamos, um e solta. Dois e solta... Isso, com calma. Está tudo bem, JK, você está seguro aqui.

ÁCIDO NO CAMARIM [taekook]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora